Dois dias depois do pedido de interdição judicial do Bada Bar, no Jardim dos Estados, em Campo Grande, o estabelecimento abre normalmente nesta sexta-feira (21).
A interdição foi solicitada pela Decat (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Ambientais e de Atendimento ao Turista) e encaminhada para a 2ª Vara Criminal da Comarca de Campo Grande, que deve analisar o pedido.
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No fim da tarde desta sexta (21), o Jornal Midiamax foi até a região e ouviu relatos de vizinhos sobre o funcionamento do bar, que é alvo de diversas reclamações há meses devido ao barulho.
Em contato com o Jornal Midiamax, uma moradora de 38 anos, que reside no condomínio ao lado do bar, disse que o som é tão alto que a guarita chega a tremer.
“Quando a gente desce aqui na guarita, principalmente, porque fica bem do lado do bar, a guarita treme com o barulho. O que incomoda muito é que o som ultrapassa realmente o limite, e o bar acaba não exercendo apenas a função de bar, porque ele promove festas. A gente sabe que o problema está aí, de não se conter à atividade econômica proposta”, relatou.
E não é só a guarita que treme com o barulho do Bada Bar, mas, sim, as janelas dos apartamentos voltados para o lado do estabelecimento, segundo a moradora. “A maioria dos dias, além do horário, quando a gente desce para pegar comida na guarita que fica ali do lado, nos andares mais baixos, voltados para o lado do bar, a janela realmente treme”, revelou a moradora.

Questionada sobre uma possível interdição do bar, a mulher, que mora há pouco mais de um ano no condomínio, disse que o fechamento deixaria os moradores muito aliviados. Além disso, pontuou que a licença do estabelecimento seja respeitada.
“Para quem vive todo dia [com o barulho], precisa acordar cedo para trabalhar, são atividades de negócios que não são compatíveis. Porque, assim, se a gente tem uma licença para trabalhar com o devido negócio naquele horário, que seja respeitada”, pontuou.
Após a chegada da equipe no local, foi percebida uma movimentação considerável de pessoas no bar conceituado.
Pedido de interdição judicial
O pedido, encaminhado para a 2ª Vara Criminal da Comarca de Campo Grande, cita que chegou ao conhecimento da polícia que o Bada Bar “estava operando atividade econômica potencialmente poluidora sem possuir a devida licença ambiental”.
Também é mencionado que o bar extrapola as atividades permitidas no alvará de localização e funcionamento. Assim, têm ocorrido apresentações de DJ em área aberta, com mesas disponíveis para os clientes, inclusive, no passeio público.
Barulho perturba vizinhos
Ao lado do estabelecimento há um condomínio, onde a síndica, ouvida como testemunha, afirma que o bar funciona todos os dias e sempre ultrapassa o horário da meia-noite.
“Costumeiramente há superlotação no bar, e além do volume extremamente alto do som e dos ruídos estridentes, o comércio ocupa quase toda, senão toda a calçada em torno com mesas e cadeiras, impedindo a passagem de pedestres, inclusive dos portadores de deficiência visual”, diz o documento.
Além disso, a síndica relatou que de quinta-feira a sábado, o volume do som é extremamente alto, que chega a invadir o seu apartamento, impedindo até mesmo que ela converse. Além disso, idosos e pessoas com deficiências que residem no apartamento estariam ficando doentes devido ao barulho.
“Disse que o som advém de DJ com mesa de som e que, na qualidade de síndica, já recebeu inúmeras reclamações dos moradores, principalmente dos apartamentos com prumada para o bar, que são os mais prejudicados. Disse que muitos dos moradores são idosos e há moradores com deficiência, e que percebeu que outros estão adoecendo em razão do barulho, visto que chegam a chorar e a se desesperar nas reuniões do Condomínio quando tentam buscar soluções para o caso”, descreve o documento.
Síndica diz que precisou dar calmante aos filhos devido ao barulho
Ainda, é relatado pela síndica que ela tem dois filhos com deficiência, que apresentam dificuldade para dormir até que o bar conceituado seja fechado. Ela afirma que já se viu obrigada a dar calmante para que os filhos consigam dormir, já que o barulho excessivamente alto é emitido pelo estabelecimento.
Aliado à reclamação do barulho, os clientes do bar têm causados problemas, segundo o pedido de interdição judicial. A síndica relata que os frequentadores urinam na calçada, brigam e estacionam em lugar proibido.
Inquérito Civil apura denúncia de baderna
Em janeiro deste ano, foi publicada no Diário do MP que foi aberto um Inquérito Civil para apurar denúncia de baderna no Bada Bar. Consta nos autos que tudo começou com denúncia de um condomínio vizinho, em junho de 2024, que apontou situações como som alto, infrações de trânsito e até brigas entre os frequentadores do bar.
Diante disso, o promotor de Justiça responsável pelo caso, Luiz Antônio Freitas de Almeida, oficiou que a PMA (Polícia Militar Ambiental) realizasse vistoria no local. Laudo sobre possível vistoria ainda não foi anexado nos autos.
‘Insatisfação pontual’
Na época que a reportagem do Jornal Midiamax recebeu diversos relatos, o bar chegou a emitir nota admitindo irregularidades. No entanto, classificou tudo como ‘insatisfação pontual’ dos vizinhos.
Reportagens do Jornal Midiamax mostram que vizinhos relatam perturbação devido ao som alto e a Semadur (Secretaria municipal de Meio Ambiente) já encontrou irregularidades locais.
Em nota, a empresa assumiu “pequenas irregularidades” que já teriam sido solucionadas e que possui todos os alvarás necessários para seu funcionamento. Além disso, afirmou que laudo pericial comprova que o volume do som mecânico é adequado aos níveis exigidos em normas.
O Bada Bar ainda minimizou as denúncias de irregularidades no trânsito, ao considerar que a região nobre da cidade tem grande movimento de clientes no período noturno. Por fim, disse que reclamações realizadas por moradores de condomínio vizinho são isoladas e não refletem opinião unânime, já que “parcela significativa dos mesmos frequenta o bar”.
Como denunciar?
Denúncias de perturbação de sossego em Campo Grande são feitas com frequência ao Jornal Midiamax. A perturbação de sossego é crime, previsto na Lei Complementar n°8, de 28 de março, que considera Zonas Residenciais, Zonas Comerciais, Zonas Industriais, Zonas de Transição e Corredores de Uso Múltiplo.
Porém, você sabe como denunciar esse tipo de crime às autoridades? Para denunciar, é necessário que a reclamação seja formalizada pelo número 156, canal de atendimento de Campo Grande.
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