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Polícia

Após jornalistas serem barrados de entrar na Deam, sindicato faz denúncia ao Governo Federal

Jornalistas foram barrados logo após manifestações pelo feminicídio de Vanessa Ricarte
Lívia Bezerra -
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(Foto: Henrique Arakaki, Midiamax)

Horas depois da imprensa ser barrada de entrar na (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), em , o Sindjor-MS (Sindicato dos Jornalistas Profissionais de ) denunciou o fato ao nesta terça-feira (18).

O impedimento ocorreu em meio à crise que a especializada enfrenta após áudios gravados por Vanessa Ricarte – morta a facadas pelo ex-noivo Caio Cesar do Nascimento Pereira no último dia 12 – apontarem falhas em seu atendimento na unidade.

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Nas primeiras horas da manhã, a equipe do Jornal Midiamax foi até a delegacia junto de equipes de outros jornais, momento em que foram barrados logo na entrada. Contudo, depois a especializada recuou e permitiu a entrada dos profissionais no local.

Por isso, o Sindjor-MS encaminhou uma denúncia ao Ministério das Mulheres nesta terça-feira (18), pedindo explicações sobre o impedimento dos jornalistas. 

“A medida, que impediu o trabalho de profissionais da imprensa, gerou preocupação na categoria e levantou questionamentos sobre a das ações da instituição, que passa por crise desde a trágica morte da jornalista Vanessa Ricarte, vítima de feminicídio”, diz trecho da nota publicada pelo sindicato. 

Além disso, o Sindjor-MS cita o episódio em que Vanessa denunciou as falhas no atendimento e falta de escolta da polícia no seu retorno para a casa. Em um dos áudios, a jornalista disse que uma delegada teria dito para ela mesma ligar para Caio, pedindo que ele deixasse a sua residência. Além disso, ela falou que foi tratada de forma ‘fria e seca’ pela delegada. 

Na denúncia enviada pelo Sindjor-MS ao Ministério das Mulheres, foram pedidos esclarecimentos sobre o que causou a restrição do acesso dos jornalistas na delegacia. “E como a Casa da Mulher Brasileira pretende garantir o direito à informação e a transparência de suas ações”, acrescentou o sindicato.

Ainda, o sindicato informou que encaminhou ofício para a Presidência da República e Prefeitura de Campo Grande, responsável pela coordenação do prédio da Casa da Mulher Brasileira. 

“A imprensa tem um papel fundamental na fiscalização das ações do poder público e na divulgação de informações de interesse público. A liberdade de imprensa é um direito fundamental garantido pela Constituição Federal e é essencial para o funcionamento de uma democracia. Ao restringir o acesso de jornalistas, a Casa da Mulher Brasileira prejudica o debate público sobre um tema de grande importância social”, finaliza a nota.

Delegacia recuou e permitiu a entrada de jornalistas

Informações são de que não havia ‘novo protocolo’ e o que ocorreu foi desencontro de informações. Após pouco mais de 2 horas, a entrada da imprensa foi liberada. No começo da manhã, a equipe do Jornal Midiamax junto de outras equipes de outros jornais foram barradas na entrada da delegacia, sendo informadas que só a delegada iria poder dar a autorização para a entrada dos jornalistas na Deam. 

Nesta segunda-feira (17), o Midiamax publicou matéria sobre a delegada que fez o atendimento a Vanessa horas antes – na madrugada do dia 12 deste mês – da jornalista ser assassinada com três facadas pelo ex-noivo, Caio Nascimento, que teve a prisão preventiva decretada. 

A delegada que atendeu a jornalista Vanessa, e registrou o boletim de ocorrência em que a vítima denuncia o ex-noivo, é Riccelly Maria Albuquerque Donhas, que passou no último concurso da Polícia Civil, em Mato Grosso do Sul, e está em estágio probatório.

A suposta inexperiência da delegada é apontada pelos próprios colegas de profissão como um dos fatores determinantes para que Vanessa classificasse, em áudio enviado para uma amiga, que foi tratada de maneira ‘fria e seca’ na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), horas antes de ser assassinada pelo seu ex-noivo.

Delegadas que atenderam Vanessa pediram para deixar Deam

As delegadas Lucélia Constantino e Riccelly Donha, que atenderam a jornalista Vanessa Ricarte horas antes do seu feminicídio, pediram para deixar a unidade após repercussão do atendimento à jornalista.

Também a titular, Elaine Benicasa, colocou o cargo à disposição até que as investigações sejam concluídas na Casa da Mulher Brasileira. A informação foi dada em reunião sobre o assunto, na Assembleia Legislativa, na manhã desta terça-feira (18).

De acordo com o deputado Coronel David, após reunião com o secretário da Sejusp-MS (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul), Carlos Videira, e a ministra da Mulher, Cida Gonçalves, a delegada Riccelly Maria Albuquerque Donhas, que registrou o boletim de ocorrência feito por Vanessa horas antes da morte, pediu para sair da unidade após a repercussão dos áudios da vítima.

Quem mandou a jornalista ‘conversar’ com assassino horas antes do crime?

O que a Polícia Civil ainda afirma, desde coletiva de imprensa realizada na Deam após a morte de Vanessa, é que a vítima procurou a delegacia mais de uma vez. Ou seja, teria registrado o boletim de ocorrência de madrugada e voltado na delegacia à tarde.

No entanto, não foi apresentado até o momento documento oficial que comprove que Vanessa buscou a delegacia à tarde ou o que ela solicitou. Assim, enquanto as autoridades se calam, o episódio segue nebuloso.

Também não há registro sobre qual delegada teria destratado a jornalista, que em áudio enviado pelo WhatsApp retrata o horror que passou no atendimento momentos antes de ser assassinada.

O Conselho de Ética da Adepol-MS, bem como a diretoria, se mantêm calados sobre a apuração das supostas falhas operacionais e técnicas que podem ter sido cometidas no episódio.

Também não se comentam os questionamentos sobre como delegadas apontadas como inexperientes, que ainda estão no estágio probatório, deixaram o interior e chegaram até a Deam, delegacia especializada que exige experiência e vocação, segundo delegadas mesmo disseram ao Jornal Midiamax.

Reclamação não é isolada

Humilhação, deboche e falta de acolhimento. Essas são algumas das características apontadas em relatos sobre atendimentos na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de MS) realizados há pelo menos quatro anos na Casa da Mulher Brasileira em Campo Grande. Áudios de Vanessa Ricarte sobre atendimento na quarta-feira (12) mostram que o descaso e erros grosseiros seguem presentes na Deam.

Vanessa detalhou o atendimento na Delegacia Especializada: “bem fria e seca”. A jornalista buscou amparo e denunciou o ex-noivo, Caio Nascimento, pouco tempo antes de ser vítima de feminicídio na própria casa. Ela foi morta a facadas.

Neste domingo (16), a jornalista completaria 43 anos ao lado de amigos e familiares. Agora, deixa memória de carreira brilhante e independência, além das denúncias em gravação de voz.

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