Após denúncias feitas pelo Jornal Midiamax sobre diárias pagas a bombeiros que não viajaram e receberam R$ 5 mil para o combate de incêndios florestais no Pantanal, o Governo afirmou que os valores serão devolvidos. Em 30 dias, foram pagos 870 mil para convocados em incêndios florestais.
As verbas seriam estaduais e foram empenhadas em dois ciclos, sendo um deles de 6 de maio a 23 de maio deste ano. Já o outro ciclo, de 20 de maio a 6 de junho deste ano.
Em nota, o Governo disse que a devolução ou cancelamento se dá após alteração de planejamento de trabalho. Em 30 dias foram convocados 174 bombeiros para atuarem em sete cidades do Estado, com diárias pelo ciclo de 15 dias, no valor de R$ 5 mil.
Confira a nota:
“O Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul (CBMMS) esclarece que, em relação às diárias, houve, após alteração no planejamento de trabalho em campo, redução da presença de militares no Pantanal, especialmente quando parte precisou retornar para atuação em operações na Capital. Com ajuste fruto da demanda de trabalho, já foram feitos os trâmites para devolução e/ou cancelamento.
Esclarecemos ainda que nossa atuação se dá de forma proativa na prevenção e no enfrentamento dos incêndios florestais em todo o território estadual. Trata-se de um esforço contínuo, com foco na pronta e proporcional resposta às demandas da população que depende dos serviços da Corporação.
Nesse contexto, a Operação Pantanal representa uma iniciativa permanente, direcionada ao combate a incêndios em áreas urbanas e rurais de todos os municípios do Estado. As equipes especializadas são deslocadas conforme a necessidade de cada região, sendo comum que uma mesma equipe atue em diversas localidades durante o ciclo operacional.”
Ainda segundo o Governo, devido às condições climáticas mais favoráveis do que o inicialmente previsto para o ano de 2025, o Comando-Geral da Corporação tem mantido o emprego racional e eficaz dos recursos disponibilizados pelo Estado, garantindo o atendimento imediato de todas as ocorrências de incêndios florestais em Mato Grosso do Sul.
“Cabe ao CBMMS a responsabilidade pela equipagem e operação dessas estruturas, conforme estabelecido no Plano Estadual. Contudo, devido às cheias registradas recentemente em determinadas regiões, algumas bases não puderam ser ocupadas, o que exigiu a realocação de equipes para áreas com maior demanda de combate. Essas movimentações fazem parte da rotina operacional e são regularizadas conforme prevê a regulamentação vigente, após a conclusão das missões”, disse o Governo.
Ciclos de 15 dias e diárias de R$ 5 mil
Em um dos ciclos, de 6 a 23 de maio deste ano, 74 bombeiros foram convocados, recebendo cada um o valor de R$ 5 mil pelo ciclo de combates a incêndios florestais.
Já o outro ciclo, de 20 de maio a 6 de junho deste ano, convocou 100 militares para o combate. As cidades do ciclo eram Corumbá, Bonito, Costa Rica, Nova Casa Verde, Bela Vista, Cassilândia e Porto Murtinho. Portanto, em 30 dias, foram pagos R$ 870 mil.
Neste último ciclo, ao menos três bombeiras que foram convocadas para o combate, na cidade de Corumbá, não viajaram. Elas foram vistas na Capital, trabalhando no quartel Costa e Silva e apagando incêndio em um terreno, na Avenida Gury Marques, enquanto deveriam estar na Cidade Branca.
Desmobilização de bombeiros
Informações obtidas pelo Midiamax indicam que, após a publicação da matéria, havia sido determinado que cada comandante retirasse da lista de convocação pelo menos dois militares, mas, logo depois, foi determinada a volta dos bombeiros.
Como justificativa, foi dado o quadro climático atual para o deslocamento de volta dos militares. “Todas as GCIFs regionais [CMB e interior] serão desmobilizadas a partir de hoje [dia 28]”. Ainda segundo informações obtidas pelo Midiamax, as diárias recebidas serão canceladas a partir desta quinta-feira (29), sendo feito o processo de estorno.
Bombeiras recebendo diárias sem viajar
A militar Daniela, Sinaya e Samya, que estão na lista de convocados para a temporada de incêndios, deveriam ter saído de Campo Grande no dia 20 de maio, com retorno para o dia 6 de junho, conforme escala dos bombeiros, mas permaneceram na Capital. Pelo período de convocação, as três militares receberiam o valor de R$ 5 mil cada uma.
A bombeira Samya foi flagrada no dia 26 deste mês no quartel da Costa e Silva, andando e conversando pelo local quando deveria estar em Corumbá, pela lista de convocação. Já a bombeira Sinaya estava na tarde de segunda (26) combatendo fogo, em um terreno na região da Avenida Gury Marques, enquanto a militar Daniela estava na base do Parque das Nações Indígenas.
Na lista de convocações, estão 84 militares que saíram de Campo Grande para Corumbá. Já de Corumbá com destino a Bonito, cinco militares foram convocados. De Campo Grande para Cassilândia, três militares foram convocados.
No total, 100 bombeiros foram convocados para atuar nas cidades de Porto Murtinho, Bela Vista, Costa Rica e Nova Casa Verde. Conforme informações obtidas pelo Midiamax, pelos 15 dias de convocação, cada militar receberia o valor de R$ 5 mil cada um, o que seria um valor total de R$ 500 mil.
Denúncia no MPMS
Uma denúncia no MPMS (Ministério Público Estadual) foi feita no dia 25 deste mês sobre o recebimento de diárias pelas militares que continuam em Campo Grande, sem deslocamento. A denúncia:
“Informo que o Corpo de Bombeiros Militar está empenhando ações de prevenção, preparação e resposta aos trabalhos atinentes aos Incêndios Florestais. Devido isso militares são escalados conforme o Ciclo 4 – 20.05.2025 a 06.06.2025, estão destinados 84 (oitenta e quatro) militares para a cidade de Corumbá, mas infelizmente não vão todos sendo distribuídos conforme o Diretor de Proteção Ambiental (DPA), Coronel Rampaso, determina.
Os militares são distribuídos de forma injusta, pois existem militares privilegiados pelo Comandante Geral e o Subcomandante que é Diretor do DPA.
A CB SAMYA permanece na cidade de Campo Grande não deslocando para Corumbá e faz os serviços diários administrativos e o pior de tudo isso, recebendo diária como se tivessem na missão. Estava no quartel da Costa e Silva no dia 22 de maio de 2025, na guarnição de incêndio, comprovando mais uma vez que não se deslocou para Corumbá.
A CB SAMYA trabalha no Gabinete do Comandante Geral, como assessora de redes sociais, devido isso tem todos os privilégios e regalias e um sendo é participar dessa missão e recebendo diárias sem se deslocar.
O próprio SubComandante Geral informou para que os militares pudessem participar dessa missão devem tirar serviço operacional e ter feito o teste de aptidão física, mas a mesma não tira serviço operacional, com isso não cumprem a regra por ser protegida.
Os militares que realmente estão na linha de frente em Corumbá lutando pelo meio ambiente e cumprindo a missão vê essa situação e ficam desmotivados, pois estão longe da suas famílias e da sua casa e quanto essa militar está dorme todo dia na sua casa e recebendo diária. Esse período do ciclo a diária conforme ANEXO I DO DECRETO Nº 16.536, DE 26 DE DEZEMBRO DE 2024, valor de R$ 300 (trezentos reais). Conforme o ciclo, são 17 (dezessete) diárias chegando no valor de R$ 5.100,00 (cinco mil e cem reais).”
💬 Fale com os jornalistas do Midiamax
Tem alguma denúncia, flagrante, reclamação ou sugestão de pauta para o Jornal Midiamax?
🗣️ Envie direto para nossos jornalistas pelo WhatsApp (67) 99207-4330. O sigilo está garantido na lei.
✅ Clique no nome de qualquer uma das plataformas abaixo para nos encontrar nas redes sociais:
Instagram, Facebook, TikTok, YouTube, WhatsApp, Bluesky e Threads.
