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Polícia

Após 19 idas da vítima à Deam, agressor é preso pelo Garras em Campo Grande 

Foram 19 idas à delegacia desde que a mulher foi agredida pela primeira vez pelo ex-companheiro
Lívia Bezerra -
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Imagem Ilustrativa. (Henrique Arakaki, Midiamax)

Após 19 idas à Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), o acusado de agredir a ex-mulher por diversas vezes foi preso em Campo Grande neste domingo (23).

Foram quase vinte idas à delegacia desde que a mulher foi agredida pela primeira vez. Em uma das vezes, a vítima ficou mais de oito horas na delegacia para fazer uma denúncia e pedir medidas protetivas contra o agressor. Contudo, os dois foram liberados juntos e o homem continuou em liberdade.

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E mais de um mês depois da denúncia, a mulher continuou sem medida protetiva porque a Justiça não intimou o agressor. Na última semana, o homem foi duas vezes à casa da ex-companheira, sendo que na última a agrediu com puxões de cabelo e colocou uma faca no pescoço do filho dela, de 10 anos. 

Em seguida, ela foi até a delegacia buscar por socorro, mas foi perseguida pelo agressor. Depois, precisou ser hospitalizada. 

E nesse domingo (23), a vítima recebeu a notícia mais esperada dos últimos meses: a prisão do agressor. “Me sinto segura”, disse ela após a prisão do ex-companheiro. 

Ainda nesse fim de semana, a vítima precisou ir até a Deam novamente, momento em que presenciou uma diferença no tratamento recebido pela equipe policial. “Eu me surpreendi pelo atendimento, educação e o cuidado que a delegada teve comigo, com as mudanças que foram feitas”, comentou a mulher.

Agressão

No dia 13 de janeiro, a mulher buscou a Deam, registrou boletim de ocorrência e pediu por medidas protetivas. Na ocasião, a vítima contou que o ex a agrediu na casa do sogro.

Assim, ela precisou ir até uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), devido à gravidade dos ferimentos. “Ele tentou me matar, pois me enforcou e me desmaiou por mais de 10 vezes”, relatou a vítima.

Na manhã do dia seguinte, policiais prenderam e encaminharam o autor para a Deam, juntamente com a mulher. E já na delegacia pela manhã, a mulher conta que a Polícia Civil registrou o boletim de ocorrência e, somente às 13 horas, liberaram a vítima. Porém, no mesmo horário, liberaram também o autor.

Mesmo assim, ao chegar em casa, o homem a agrediu novamente. Mais uma vez a Polícia Militar prendeu o suspeito e a vítima voltou para a delegacia, conforme o relato dela. Assim que chegou à especializada, foi registrada outra ocorrência, realizado exame de corpo de delito, mas a mulher foi liberada somente por volta das 22 horas.

Outra indignação da campo-grandense é o não recebimento do boletim de ocorrência. Segundo ela, apesar do registro, ela não recebeu nenhum registro sobre os fatos. 

‘Foi preso e liberado junto comigo’

Quando o denunciou em janeiro, a vítima disse que precisou ficar o dia inteiro na Deam. Mesmo assim, o autor – que na época estava com tornozeleira eletrônica em vista de outras agressões –  foi liberado junto com ela pela polícia. 

“Ele foi preso e liberado junto comigo da delegacia, junto mesmo. Todos que estavam lá ficaram revoltados. Fora que no dia do ocorrido ele estava usando tornozeleira eletrônica por outro ‘b.o’ que eu tinha feito. E sabe o que aconteceu? Foi preso, liberado e no outro dia retirou a tornozeleira”, disse a mulher, revoltada. 

A campo-grandense ainda opinou que, para ela, o único serviço que funciona na especializada é o Promuse (Programa Mulher Segura). Ela, inclusive, já recebeu atendimento do programa e agradece a ajuda de uma policial. 

“Ela salvou minha vida, foi através de uma visita dela, pelo Promuse, que eu desisti de tirar minha própria vida”, afirmou sobre uma das policiais que a atendeu pelo programa. 

Como o caso de violência doméstica está em sigilo, o Poder Judiciário não pode detalhar sobre a intimação do autor e da medida protetiva.

Feminicídio de Vanessa

O relato da vítima sobre a demora da intimação do autor das agressões ocorreu em meio a crise institucional que a Deam enfrentou nos últimos dias após o feminicídio da jornalista Vanessa Ricarte.

O feminicídio da jornalista aconteceu no último dia 12 e dias depois foram divulgados áudios gravados por Vanessa e enviados para uma amiga, onde apontam descaso e erros no atendimento recebido por ela na Deam.

Pouco antes da divulgação dos áudios, a delegada titular da Deam, Elaine Benicasa, disse para toda imprensa campo-grandense em entrevista coletiva que teria oferecido escolta, mas a jornalista teria ‘rejeitado’. Entretanto, os áudios gravados pela jornalista apontaram que pouco antes de ser morta pelo ex-noivo, ela esperava ‘chegar com a polícia’ para tirá-lo da casa dela. 

Em seguida da divulgação dos áudios, a reportagem do Jornal Midiamax recebeu inúmeros casos de revitimização enfrentados por mulheres que buscaram ajuda na especializada.

Grupo técnico é nomeado para desafogar 6 mil ocorrências na Deam

Um grupo técnico foi nomeado para analisar cerca de seis mil boletins de ocorrência registrados na Deam e Campo Grande que não resultaram em instauração de procedimento ou que possuem providências pendentes. A decisão ocorreu após o feminicídio da jornalista Vanessa Ricarte, quando foram expostas falhas no atendimento recebido por vítimas de violência doméstica.

O grupo é formado por 20 membros, sendo composto pelos delegados Wellington de Oliveira, Marcelo Alonso, João Reis Belo, Juliano Cortez Penteado, e os escrivães Steven Souza e William Eduardo Rocha, além da investigadora Priscila Rodrigues.

Também integram o grupo outros 13 delegados nomeados como membros. O grupo terá 90 dias para concluir os trabalhos, prazo que pode ser prorrogado pela DGPC (Delegacia Geral de Polícia Civil de Mato Grosso do Sul). 

Conforme informações, o grupo foi criado para aperfeiçoar o atendimento às vítimas de violência doméstica e familiar. A medida seria para maior eficiência e celeridade na apuração dos crimes contra a mulher. O grupo terá os trabalhos concentrados na Academia da Polícia Civil.

Em Campo Grande, o grupo será responsável por analisar boletins de ocorrência de casos represados, aqueles em que as vítimas ou autores não são encontrados no endereço e nem por telefone pela Polícia Civil, bem como desistência de representação por parte das vítimas ou ausência/inexistência de provas ou elementos comprobatórios para a instrução e andamento dos procedimentos.

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