Um é considerado inimputável e dois são condenados a 23 anos por execução de dono de boate

Os três apresentaram depoimentos contraditórios durante julgamento

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Igor Figueiró Rando, 25, foi condenado a 11 anos e Marcelo Augusto da Costa Lima, 25, a 12 anos de prisão pela execução do dono de uma boate, Ronaldo Nepomuceno Neves, de 48 anos, em setembro de 2020, em Campo Grande. O julgamento aconteceu nesta terça-feira (19) no Tribunal do Júri, na Capital.

Já Almiro Cássio Nunes Ortega, 29 anos, foi considerado inimputável e recebeu sentença de medida de internação definitiva por tempo indeterminado. Na decisão consta que a medida perdurará até que nova perícia médica comprove a “cassação de sua periculosidade”.

Julgamento

Os três apresentaram depoimentos contraditórios durante julgamento na manhã desta terça-feira (19). Todos responderam por homicídio qualificado pelo emprego de asfixia e tortura. Almiro e Igor também foram acusados por tráfico de drogas. Kelvin Dinderson dos Santos, conhecido como ‘Diabo Loiro’, foi absolvido.

Almiro e Marcelo negam que participaram da morte. Ambos acusam Kelvin, que seria o pivô do crime e inocentam Igor, dizendo que ele não sabia das agressões nem da morte de Ronaldo.

Almiro disse que ele e Kelvin resolveram matar Ronaldo porque havia os ameaçado. Disse ainda que Kelvin deu pedradas e cortes no pescoço da vítima com vidro de uma garrafa quebrada. “Não teve asfixia, tortura. Foi muito rápido porque a gente tinha medo de represália dos seguranças do Ronaldo”, contou.

Em seguida, colocaram fogo no corpo de Ronaldo, fora da caminhonete, e depois atearam fogo no veículo. Depois, andaram a pé por cerca de três quilômetros e ligaram para que Igor fosse buscá-los. Almiro disse que só segurou Ronaldo e que foi só Kelvin que agrediu e matou a vítima.

Marcelo, durante depoimento, confirmou que Ronaldo ameaçou levar o grupo para a ‘linha’, onde acontece o julgamento do tribunal do crime do PCC (Primeiro Comando da Capital).

Contou aos jurados que não sabia que Ronaldo seria morto e apenas foi junto, que o combinado era deixar Ronaldo desacordado lá no Inferninho, mas Kelvin decidiu matá-lo. Ele afirmou também que não ajudou a bater e torturar a vítima. O relato dos dois acusados contradizem a versão apresentada por eles durante audiência de instrução e na investigação.

Depoimento policial

Um policial do GOI (Grupo de Operações e Investigações) que participou das diligências sobre o crime afirmou durante depoimento no júri que o grupo fez um pacto para matar Ronaldo.

Segundo o policial, o crime aconteceu porque Kelvin furtou a boate da vítima localizada na Avenida Ernesto Geisel. Ronaldo foi tirar satisfação com ele no dia do crime e sequestrou Kelvin, torturando-o. Depois foi até a fazendinha onde estavam os outros três autores para tirar satisfação. Assim, Kelvin conseguiu se soltar e também foi para o local.

Lá todos iniciaram agressões físicas, quando o grupo conseguiu prender e amordaçar Ronaldo. “Os quatro fizeram um pacto e teriam que ceifar a vida dele”, disse o investigador.

Eles passaram a torturá-lo com cinto, espancamentos e atos mais violentos. Depois pegaram a caminhonete da vítima e a levaram até o Inferninho. Lá queimaram a vítima e o veículo. À polícia, os três disseram que mataram Ronaldo para não serem mortos por ele.

Local onde ocorreu o crime (Arquivo Midiamax)

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