Acusado de matar Mikael Douglas Sobrinho, de 25 anos, o rapaz encontrado carbonizado e algemado com as mãos para trás no bairro Nova Lima, em 2022, Victor Hugo de Matos Rech, de 24 anos, confessou ter enforcado, algemado e carbonizado o desafeto. Em depoimento ao Plenário do Tribunal do , o réu afirmou, ainda, ter assassinado Mikael porque a vítima estuprou a sobrinha, de três anos, de um colega dele. O fato ocorreu em 2015.

Segundo Victor Hugo, a motivação do crime foi justamente vingança por causa desse estupro. “Eu tinha uma filha de 11 meses na época, tinha acabado de perder minha esposa e estava criando ela sozinha. Fiquei muito revoltado, porque pensei que poderia ter sido com a minha filha. Então, decidi matar ele”, diz.

O réu contou que, no dia do de Mikael, em 5 de outubro de 2022, estava no prédio onde mora, no Canguru, quando a vítima chegou ao local, depois de ter ficado cerca de sete anos sumida após deixar a cadeia, em 2015. Victor Hugo é amigo do tio da criança que foi estuprada, e relata que a família ficou anos sem saber o que fazer, principalmente porque Mikael cometeu o crime quando ainda tinha 17 anos, ficou sete meses detido e, ao completar 18 anos, foi solto.

Foi, então, que decidiu matar o desafeto. Conta que, primeiro, deu um mata-leão em Mikael e, depois, enforcou a vítima com uma manta que tinha no local. O réu afirma que Mikael “colocou a língua para fora e arroxeou” após o enforcamento. “Notei também que ele tinha parado de respirar”.

O corpo de Mikael foi encontrado com as mãos algemadas, e Victor Hugo garante que o prendeu após a morte dele. “Fiquei com medo dele voltar e reagir”, conta.

Com ajuda de outro envolvido, que foi identificado apenas como ‘Nando', colocou o corpo da vítima em um veículo Volkswagen Gol, e levou até a Avenida Marquês de Herval, região conhecida como ‘corredor do Nova Lima'.

Corpo foi encontrado na região conhecida como ‘corredor do Nova Lima' (Foto: Danielle Errobidarte)

No meio da rua, tirou o cadáver do carro e ateou fogo. A ação foi filmada pelo autor. Depois, conta que arrastou o corpo para o meio-fio e que Nando teria efetuado seis disparos na região dele, dos quais três o atingiram.

Revolta

O promotor de Justiça, José Arturo Iunes Bobadilla Garcia, que representa a do Ministério Público, disse que caso parece se tratar de um Tribunal do Crime. Porém, ele nega pertencer a qualquer facção criminosa. A hipótese também foi levantada durante a investigação, sendo uma das suspeitas da Polícia Civil. “Não sou faccionado”, o réu nega.

Durante o depoimento ao Plenário, Victor Hugo não conseguiu esconder o sentimento de revolta com o caso. Segundo ele, queria impedir outros possíveis estupros que Mikael poderia cometer. “Se eu sou um monstro por ter matado ele, ele é o que por ter estuprado? Ainda ter dado um tapa na boca dela para ela ficar quieta. Pelo amor de Deus”, disse.

O réu finalizou o depoimento pedindo aos jurados do Tribunal do Júri para que “analisem o caso com carinho”, porque “o que ele fez foi errado, o que eu fiz foi errado e estou aqui para assumir minha parcela de culpa”.