‘Queriam levar meus filhos’: Eliane chora durante depoimento de caso Playboy da Mansão

Defesa de Marcelo Rios nega que o ex-guarda municipal tenha envolvimento na morte de Marcel Colombo

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(Henrique Arakaki, Midiamax)

No segundo dia de depoimentos do júri do caso ‘Playboy da Mansão’, nesta terça-feira (17), em Campo Grande, Eliane Benitez chora ao relembrar os dias em que passou no Garras, durante a 1ª fase da Operação Omertà, em 2019. 

Eliane é ex-mulher do guarda municipal, falou que ficou cinco dias na delegacia junto dos filhos. “Queriam me levar, tudo bem, mas meus filhos?”, disse Eliane aos prantos no plenário do júri. Eliane falou sobre a tortura psicológica feita contra ela e os filhos para que ‘ajudasse’ a polícia depois da prisão de Marcelo Rios.

“Durante cinco anos eu falei a mesma coisa e nunca ninguém fez nada. Só eu sei o que eu e meus filhos passamos na delegacia.”, disse Eliane para os jurados. Ela ainda falou que por muito tempo, os filhos não podiam ouvir sirenes de carro de polícia, que tremiam de medo.

Sobre o caso de Marcel Colombo, a ex-mulher de Rios disse que não conhecia o ‘Playboy da Mansão’. “Eu não conhecia o Marcel, escutei ele (Rios) falando no telefone sobre Marcel e comecei a pesquisar e vi que o Marcel estava preso”, disse Eliane.

“Escutei que ele estava na Máxima e um servidor lá dentro faria o serviço (matar). Antes dele sair a pessoa desistiu a mando do Jamil. O Jamil Name Filho mandou e o motivo foi porque Marcel deu soco no Jamil”, falou Eliane.

Eliane ainda falou que para proteger os filhos faria qualquer coisa, diria o que quisessem.

Primeiro dia de julgamento

No plenário, prestaram depoimento, na segunda-feira (16), os delegados Tiago Macedo e João Paulo Natali Sartori, bem como o investigador de polícia, Giancarlos de Araújo e Silva, testemunhas de acusação. Das testemunhas de Jamil Name Filho arroladas pela defesa, apenas Marcelo Oliveira compareceu e respondeu às perguntas dos jurados. 

Rios teria recebido R$ 50 mil para matar ‘Playboy da Mansão’ dentro de cadeia

Macedo disse que Marcelo Rios, o ex-guarda municipal, recebeu R$ 50 mil para matar Marcel Colombo dentro da cadeia, depois da prisão de ‘Playboy da Mansão’ por descaminho. Mas como não conseguiu matar dentro da cadeia, teve de fazer o ‘serviço’ quando Marcel foi solto.

“A organização mata os pistoleiros que fazem cagada”, disse o delegado. Ainda segundo o delegado, o contador Elton Pedro, que também fazia levantamento de informações para a família Name, teria pesquisado sobre a vida de Playboy da Mansão.

Defesa de Everaldo pediu desmembramento

Jail Azambuja, advogado de Everaldo, falou sobre a perícia não feita em áudios juntados no inquérito, pedindo pelo desmembramento e adiamento do julgamento.

“Relativo à perícia insisto que não foi realizada. Existe a necessidade da perícia desse material integralidade, e ainda necessário talvez desmembramento do júri”, disse a defesa.

A defesa ainda falou que é necessário que Everaldo seja julgado em outro momento. “No sentido de que quando deferiu o alargamento do prazo, o inquérito era de 6 mil páginas e hoje tem mais de 10 mil páginas. O réu tem direito à defesa efetiva e plena e o tempo é essencial”, disse.

‘Volume de provas absurdo’

O promotor Douglas Oldegardo, que atua na acusação do júri do caso de Marcel Costa Colombo, disse ao Midiamax que o ‘volume de provas contra os réus é absurdo’.

“Não há dúvida nenhuma, o volume de provas técnicas é verdadeiramente absurdo, felizmente nós vamos ter um bom número de dias para exibir isso para o Conselho de Sentença através da inquirição de testemunhas e nós teremos, inclusive, o tempo dilatado”, disse Oldegardo. 

O promotor ainda falou que “muito da prova vai ser produzida antes dos debates, através dos depoimentos, de forma que por ocasião do processo dialético que vai se desenvolver entre acusação e defesa nós poderemos discutir esta prova, que já vai ter sido produzida, fornecendo ao Conselho de Sentença já uma percepção mais apurada a respeito daquilo que o processo contém, proporcionando à sociedade uma decisão mais sólida e mais consciente”.

Jamil Name Filho vai ser ouvido por videoconferência. Já os outros réus estarão presentes no plenário do júri. Como no primeiro julgamento no ano passado, este júri também terá esquema de segurança montado. Ao todo, 19 testemunhas serão ouvidas.

O juiz proibiu manifestações no plenário, e camisetas ou cartazes com fotos ou frases sugestivas. “Não é custa relembrar que, dentro do Plenário na área interna do Fórum, não será permitida a manifestação, ainda que de forma subliminar, como uso de vestimentas, cartazes, incluindo fixação em grades, fotos ou frases sugestivas de condenação ou absolvição, assegurando-se, com isto a total isenção dos jurados e, sobretudo, a ordem do julgamento”.