Quadrilha aproveitava descuido das vítimas e decorava senhas para realizar transferência de valores altos

Pelo menos duas vítimas perderam mais de R$ 30 mil com o golpe

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(Reprodução: Dracco)

A quadrilha presa na quarta-feira (23) em Campo Grande, por aplicar golpes, a maioria em idosos, aproveitava o descuido das vítimas e memorizavam as senhas para então realizar transferências de alto valor. A polícia estima que as vítimas, juntas, perderam cerca de meio milhão de reais.

Duas pessoas perderam R$ 10 mil cada e outra cerca de R$ 35 mil.

Em um dos 41 casos registrados na polícia, um idoso, de 64 anos, perdeu cerca de R$ 30 mil no golpe. O caso aconteceu em setembro. Ele disse que era seu aniversário e recebeu uma ligação de um número com o DDD 11 afirmando que ele havia ganhado flores de presente e que para entregar seria cobrado um valor simbólico da taxa de entrega, que então confirmou o endereço e horário para a entrega.

No local, chegou um motociclista em uma moto preta para cobrar o valor na máquina de cartão. Em certo momento, o golpista alegou falta de comunicação na máquina e solicitou outros cartões. 

Segundo a vítima, esse processo durou cerca de 30 minutos. Só depois, ao analisar o extrato bancário percebeu que havia perdido um total de R$ 30 mil.

Prisão

Quatro homens com idades entre 24 e 27 anos foram presos. Todos vieram de São Paulo para cometer os crimes na Capital sul-mato-grossense. 

Na delegacia dois não quiseram falar e outros dois confessaram o crime. 

Eles afirmaram que todas as ordens vieram dos integrantes que ficaram em São Paulo. Normalmente ficam uma semana, quando cometem vários estelionatos e vão embora. Um deles afirmou ser a 6ª vez que vem a Campo Grande enquanto o outro veio pela terceira vez.

Todos têm passagens pela polícia pelo mesmo crime. Um dos autores contou que ficou sabendo que em São Paulo havia um grupo especializado em conseguir dados de pessoas para serem vítimas. Ele contou que começou atuando sozinho, ,mas quando passou a viajar começou a atuar em grupo. Seguiam em três ou quatro pessoas para cometer os crimes em outras cidades.

Pelo crime, disse que na última semana recebeu R$ 6 mil. Já sobre o modus operandi, afirmou que antes era piloto da motocicleta, mas agora atua na direção do carro de apoio e auxilia os motoqueiros nas entregas.

Já o comparsa que também confessou disse que foi convidado a participar de um esquema. Que ele aceitou mas na posição de apoio, ou seja, é ele quem leva os integrantes para o estacionamento e para as casas, mercados, farmácias, fazer compras. É a 3ª vez que vem para Campo Grande e sempre costuma ficar uma semana, recebendo R$ 1,7 semanalmente.

Ele explicou que não sabe muito bem como funciona o esquema, mas que a máquina de cartão não fica com wifi ligado, por isso quando o cliente vai fazer pagamento da taxa de entrega, dá erro,  até que o motociclista memorize a senha digitada pelo cliente e depois faz as transferências em valores saltos.

Estrutura organizada

Segundo a polícia, a quadrilha era estruturada e organizada. Há divisão de tarefas específicas como contato com as vítimas, apoio logístico, levantamento  de informações pessoais das vítimas, cadastramento de maquininhas de cartão, locação de imóveis e veículos, entre outras funções. 

Os integrantes atuavam de maneira coordenada entre São Paulo e Campo Grande e sempre no mesmo modus operandi de abordagens telefônicas a idosos em datas de aniversário, oferta de presentes falsos, e a exigência de pagamento via cartão de crédito para o recebimento do suposto presente.

A organização alugava imóveis por meio de algumas plataformas, como o Airbnb, onde guardavam seus equipamentos e se escondiam. Ainda foram localizados vários veículos e motos usados para dificultar a identificação rastreamento das ações criminosas. 

Com isso, foi concluído que a quadrilha era altamente estruturada, pois tinha divisão de tarefas, operações logísticas e obtinha informações pessoais das vítimas para praticar a série de golpes sempre em datas de aniversários. 

Agora, o grupo foi autuado por integrar organização criminosa, estelionato contra idoso, desobediência, direção perigosa e resistência à prisão. A polícia pediu a prisão preventiva dos quatro presos. 

As investigações seguem em andamento com o intuito de identificar e prender outros integrantes da organização e recuperar o prejuízo causado às vítimas. 

Operação Presente de Grego

O nome da operação faz alusão à famosa expressão que remete ao “presente” que trouxe prejuízo ao destinatário, assim como os estelionatários fazem com as vítimas, oferecendo algo aparentemente positivo, mas que resulta em dano financeiro.

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