A Polícia Federal deflagrou na terça-feira (2) a Operação Terra Fértil contra o traficante Ronald Roland, que mantém conexões com assaltantes de banco e integrantes da facção PCC (Primeiro Comando da Capital).

Ronald é suspeito de abastecer os cartéis mexicanos de Sinaloa e Los Zetas. Estima-se que ao longo de cinco anos o grupo liderado pelo criminoso tenha movimentado mais de R$ 5 bilhões.

(Divulgação, Polícia Federal)

A Operação foi deflagrada em sete estados brasileiros com o objetivo de desarticular um braço de lavagem de dinheiro ligado a Ronald. Durante a ação, foram apreendidos aviões, relógios de luxo, veículos, dólares, euros e reais, além de charutos cubanos, armas e drogas.

Foram cumpridos nove mandados de prisão preventiva e 80 de busca e apreensão, além de outras medidas cautelares, como sequestro de bens e bloqueio de contas, expedidos pela 3ª Vara Federal Criminal da Comarca de Belo Horizonte, em Minas Gerais. 

Em 2015, o traficante já havia sido alvo da operação Dona Bárbara, que desmantelou atividades de narcotraficantes brasileiros vinculados às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). 

Originários da Colômbia e da Venezuela, os criminosos brasileiros utilizavam jatinhos e até submarinos para fornecer drogas aos cartéis de Sinaloa e Los Zetas.

Dissimulação de patrimônio

Entre os alvos da operação, há pessoas físicas e jurídicas associadas ao narcotraficante, que faziam parte de uma rede autora de diversos crimes, cometidos para ocultar e dissimular o patrimônio oriundo da prática de inúmeros outros delitos, entre eles o tráfico internacional de drogas.

Cerca de 280 policiais participaram da operação, iniciada para descapitalizar o patrimônio do grupo e desarticular a organização criminosa. As buscas e prisões ocorreram em Minas Gerais, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Bahia e Goiás.

As investigações revelaram uma complexa engrenagem montada pelo grupo criminoso e uma grande quantidade de pessoas interconectadas – algumas delas envolvidas com o PCC.

Durante as investigações, constatou-se que os envolvidos criavam empresas de fachada, sem vínculo de funcionários no sistema de Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), e compravam imóveis e veículos de luxo para terceiros, assim como movimentavam grande quantia de valores, incompatíveis com o capital social das firmas.

Os sócios das empresas geralmente não tinham vínculos empregatícios há anos. Alguns, inclusive, receberam auxílio emergencial.

A PF também descobriu que algumas das pessoas jurídicas investigadas efetuavam transações com companhias do ramo de criptomoedas e de atividades que não tinham relação com o ramo de negócios original das firmas de fachada, o que dá indícios de que os investimentos eram usados para mascarar a origem ilícita dos valores.