MPMS pede indenização de R$ 500 mil a empresário que dirigia Porsche e matou motoentregador

O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) pediu uma indenização no valor de R$ 500 mil ao empresário Arthur Torres Navarro pelo acidente que matou o motoentregador Hudson de Oliveira Ferreira, no dia 22 de março deste ano. O empresário – que dirigia um Porsche Cayenne a 89 km/h – foi denunciado no último dia 26 de setembro. 

Arthur foi filmado por câmeras de segurança dirigindo o carro de luxo, avaliado em aproximadamente R$ 1,2 milhão, em alta velocidade após o acidente. Hudson morreu dois dias depois na Santa Casa da Capital e o empresário se apresentou na delegacia somente duas semanas após o crime. Porém, durante depoimento na delegacia, ele teria mentido sobre a velocidade no momento em que atropelou o motociclista.

O empresário disse que não estava em alta velocidade e que não havia ingerido bebidas alcoólicas. “Não imaginei que poderia ser algo grave”, contou ao final de seu depoimento. Ele ficou com o Porsche parado de sexta a domingo, quando levou o carro para a casa do irmão e a peça danificada para um martelinho. Para tentar justificar isso – enquanto a polícia o procurava – o empresário alegou que seu pai e seu irmão também fazem uso do veículo e que o deixou em sua garagem no fim de semana.

No entanto, no último dia 26 de setembro, ele foi denunciado por homicídio culposo na direção de veículo automotor e afastar-se do local sem prestar socorro. Junto a denúncia, a Promotora de Justiça, Suzi D’Angelo, pediu que após a instrução criminal e a comprovação dos fatos, com julgamento e condenação do acusado, seja aplicada uma indenização de R$ 500 mil. 

“Após a devida instrução criminal, comprovando-se os fatos e sendo o (a/s) réu (ré/s) julgado (a/s) e condenado (a/s) nas penas previstas no (s) dispositivo (s) legal (s) apontado (s) na acusatória, requer-se a fixação de valor mínimo para a reparação dos danos materiais e/ou morais causados pela (s) infração (s), considerando-se os prejuízos sofridos pelo(a/s) ofendido (a/s), nos termos do artigo 387, IV do CPP, sugerindo-se o importe d R$500.000,00 a título de danos morais e materiais”, requereu o MPMS.

Os advogados do empresário, André Borges e Lucas Rosa, disseram ao Midiamax que oportunamente será apresentada a defesa de Arthur. “Cliente ainda não está ciente, mas oportunamente apresentará defesa; Judiciário saberá lidar com o assunto, com moderação e Justiça”.

Família pede indenização

Em abril deste ano, a advogada da família do motoentregador, Janice Andrade, disse ao Jornal Midiamax que pedirá à Justiça R$ 1 milhão de indenização por danos morais e pensão para os filhos. 

O valor foi calculado a expectativa de vida de Hudson, que seria de aproximadamente 75 anos, sendo calculado R$ 3 mil por mês multiplicado pelos anos de vida do motoentregador. Com isso, o valor da indenização deve ser entre R$ 670 mil a R$ 1 milhão.

Porsche a 89 km/h

De acordo com a delegada Priscilla Anuda, da 3ª Delegacia de Polícia Civil, foi feita uma análise das imagens e a perícia através da fotogrametria detectou que o Porsche estava com velocidade duas vezes maior que a permitida para a via, que é de 40 km/h.

A delegada afirmou que o Porsche estava a 89 km/h e agora a polícia espera outros dois laudos, sendo um deles do local do acidente de forma indireta para análise das imagens.

O acidente

Conforme as imagens, primeiramente, passa uma caminhonete, de cor branca, e um Gol, de cor preta, por um quebra-molas com faixa de pedestres. Segundos depois, o Porsche Cayenne passa em alta velocidade pelo mesmo local, diferente dos outros dois veículos que transitaram em velocidade aparentemente permitida na via.

A câmera também captou Arthur dirigindo o Porsche em alta velocidade de outro ângulo.

Em áudio desesperador enviado a esposa na noite do dia 22, Hudson pede que ela vá até o local do acidente o mais rápido possível. Ele teve a lateral direita da moto atingida pelo carro, que lhe causou fratura exposta na perna. 

“Vem aqui, cara. Vem ligeiro, vida. Acabou com a minha perna, acabou”, diz o motoentregador. Logo, a esposa responde: “Estou indo aí, espera aí” e finaliza dizendo que outra pessoa também está a caminho para ajudar a socorrê-lo.

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