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Polícia

Morte de Sophia fica em 2º plano e defesa tenta justificar omissão de mãe citando violência doméstica

Desde o início do júri popular, a defesa de Stephanie usa o ciclo da violência doméstica como uma estratégia para convencer aos jurados
Layane Costa, Lívia Bezerra -
Stephanie de Jesus da Silva – mãe e uma das acusadas pela morte de Sophia Ocampo. (Foto: Madu Livramento, Midiamax)

A morte da pequena Sophia Ocampo, de 2 anos, ficou em segundo plano durante os debates na tarde desta quinta-feira (5) no julgamento de Stephanie de Jesus da Silva e Christian Campoçano Leitheim que ocorre no Fórum de . Isso porque a defesa da mãe da menina tentou justificar a omissão da ré citando a praticada por Christian. 

A mãe e o padrasto de Sophia estão sendo julgados desde quarta (4) e o júri popular deve terminar somente na noite desta quinta (5) com o veredito do Conselho de Sentença. 

Desde o início do júri popular, a defesa de Stephanie usa o ciclo da violência doméstica como uma estratégia para convencer aos jurados. Inclusive, durante os debates, uma das advogados afirmou que “existia uma Stephanie antes e existe uma depois (de Christian)”. 

Já o Alex Viana disse em plenário que não houve omissão por parte de Stephanie, justificando que ela não poderia fazer nada por estar em vulnerabilidade devido a violência doméstica. “Se ele tivesse te matado, se você tivesse morrido, você seria heroína”, falou em defesa da cliente. 

Outra questão abordada pelo advogado foi o abandono de Jean Ocampo, pai de Sophia. “Porque estão julgando essa mulher: ‘ah porque você não fez nada’. Foram cinco meses, não foram um ano e nem dois anos. Ela devia, ela tinha o poder de proteção, ela era garante da Sophia, mas o Jean também era, o Estado também era, Conselho Tutelar, Defensoria…”, pontuou Alex Viana. 

‘Stephanie está vestindo minha roupa’

Ainda nos debates da defesa de Stephanie, a advogada Herika Ratto chorou ao dizer que foi vítima de violência doméstica, assim como a cliente. Com isso, mais uma vez a morte de Sophia ficou em segundo plano.

Em sua tese de defesa, a advogada comentou que foi vítima de violência doméstica por nove anos. “Ao ponto de atingir o meu próprio filho, sabe oq eu fiz?! Nada. A Stephanie hoje está vestindo a minha roupa e eu poderia estar sentada ali no lugar dela”, relatou. 

Ainda, Herika Ratto lembrou o caso da cantora Tina Turner, pioneira na luta contra a violência doméstica, que foi vítima de um relacionamento abusivo que virou filme biográfico no ano de 1993. Rainha do rock n’ roll, Tina morreu aos 83 anos na Suíça em maio de 2023.

“Ela viveu por violência doméstica por 14 anos, mas conseguiu ser empoderada, mesmo depois de 14 anos. Ela também sofria violência sexual”, falou a advogada de Stephanie.

Segundo e último dia de júri ‘polêmico’ deve ter 12 horas de duração

Na manhã desta quinta (5), Christian foi interrogado durante 1h30, negou as acusações de agressões e contra a menina e encerrou seu depoimento chorando. “Não tive tempo de me despedir da Sophia”, disse em plenário. 

Logo, iniciaram os debates com a promotora Lívia Carla Guadanhim, do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) e ao fim da sessão o Juiz Aluizio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, conversou com a imprensa. 

Na ocasião, o magistrado disse que a expectativa é que o julgamento se encerre até às 20 horas da noite desta quinta (5). “Hoje os trabalhos estão fluindo bem e eu acredito que até às 20 horas se encerra o julgamento”, disse Aluizio.

Promotora mostrou conversas em que Stephanie ria ao mandar Christian agredir Sophia 

Durante o debate iniciado pela promotora Lívia, ela mostrou conversas e áudios afirmando que, tanto Stephanie, quanto Christian batiam na menina. Em uma das mensagens apresentadas pela promotora, a mãe de Sophia diz que deu diversas chineladas na menina. “Dei um monte de chinelada nela, um monte mesmo, ela ficou chorando lá um tempão”, diz a ré em um dos áudios.

Já em outro momento Christian disse que iria bater na pequena e a mãe diz ‘pode bater’. Já em outra conversa, Christian afirma que bateu em Sophia e a ré responde com risos: “kkk”.

Omissão

“Foi omissa. A atitude dela é até mais grave do que a dele. A mãe, que tem o dever de cuidar. Ela fala de boa mãe que sofria violência, mas as mensagens ela nem sequer pede para ele não bater na menina”, disse a promotora Lívia Carla Guadanhim.

Além disso, a promotora também citou que Christian orienta Stephanie a dar tapas na orelha de Sophia e ameaçou quebrar o pescoço da menina caso ela desobedeça. “Uai, é só você falar para a Sophia que não. Põe ela sentada e acabou, fala que se ela levantar, eu vou quebrar o pescoço dela. Pronto, resolvido o negócio”, diz o padrasto em áudio mostrado pela promotora durante o debate.

Assassinato de Sophia

Sophia morreu em janeiro de 2023, após passar por várias internações. Assim, as investigações mostraram que a mãe levou a menina até uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), já sem vida. A mulher chegou ao local sozinha e informou o marido sobre o óbito.

Além disso, a polícia identificou indícios de estupro na vítima. Ainda durante as investigações, uma testemunha contou que após receber a informação sobre a morte de Sophia, o padrasto teria dito a frase: “minha culpa”.

Também uma das contradições apontadas na investigação é o fato da mãe dizer que antes de levar a filha para atendimento médico, a menina teria tomado iogurte e ido ao banheiro.

Essa versão é contestada pelo médico legista, que garantiu que com o trauma apresentado nos exames, a criança não teria condições de ir ao banheiro ou se alimentar sozinha.

Por fim, a autópsia apontou que Sophia pode ter agonizando por até seis horas antes de morrer. Após o início das investigações, a polícia prendeu o padrasto e a mãe da menina. Eles seguem presos.

Sophia foi torturada e morta aos 2 anos. (Reprodução, Redes Sociais)

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