Mecânico réu por matar jovem a 100 metros da UPA Moreninhas diz que ‘brincadeira’ irritou vítima

‘Filho do Brandão’ nega que crime tenha ocorrido em decorrência da disputa pelo tráfico de drogas

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'Filho do Brandão' presta depoimento por videoconferência – (Foto: Victória Bissaco)

Quatro anos após matar com um tiro na cabeça Jefferson Aparecido Gonçalves, de 22 anos, o auxiliar mecânico Victor Hugor Lima Brandão, de 27 anos, negou que o crime tenha sido motivado por desentendimento pela venda de drogas. O réu passa por júri popular nesta sexta-feira (8) e alega que uma brincadeira com um terceiro teria irritado a vítima, que ‘partiu para cima’ dele com capacetadas.

Conforme relato do réu, ele costumava tomar café cedo pela manhã com o avô. No dia do crime, foi até a casa do idoso, de carro, e encontrou um conhecido na rua. Ele afirma ter ‘brincado’ que iria atropelá-lo, depois, seguiu o trajeto.

Após a visita, trocou o carro Celta por uma motocicleta e seguiria para a oficina do primo, onde trabalha até os dias atuais. Contudo, passou novamente pelo conhecido, que fez sinal para que o auxiliar de mecânico fosse até ele.

Victor Hugo conta que, assim que foi falar com o colega, Jefferson ‘partiu para cima’ dele, atacando-o com um capacete e chutes. “Não sei por que, acho que ele achou que eu iria atropelar ele ou algo assim”.

Os dois entraram em luta corporal e o mecânico relata que pegou a arma para assustar a vítima. No entanto, Jefferson teria ‘agarrado’ a arma e foi nesse momento que Victor Hugo atirou. “Quando esse tiro saiu, eu queria que ele fosse para longe. Era só para ele escutar o barulho e correr. Eu não queria acertar esse menino, não queria matar ele”, afirma.

Arma e drogas

Questionado pelo juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, a respeito da arma usada, o réu alegou ter comprado em 2019, após uma tentativa de roubo na oficina em que trabalha. “Se pudesse não ter comprado isso, Deus me livre”. Ainda, disse que costumava andar armado.

Ele se entregou à polícia em 14 de agosto de 2020, quatro dias após o crime, e apresentou a arma na delegacia.

Na época dos fatos, as investigações apontaram que o crime ocorreu motivado por uma briga pela venda de drogas, quando o autor, conhecido por filho do ‘Brandão’, começou a brigar com Jefferson, e entraram em luta. Quanto a isso, nega. “Eles são tudo usuário de droga, estavam tudo doido. Para eles tudo é droga. Não sei de onde saiu isso [comando das drogas] na cabeça dele”, alega.

Videoconferência

O réu prestou depoimento por videoconferência, mesmo residindo em Campo Grande. Isso porque, conforme relato dele, teria sido ameaçado na última terça-feira (5) pela irmã da vítima.

(Foto: Victória Bissaco)

Na ocasião, diz que estava em um posto de saúde fumando. A irmã da vítima teria pedido um cigarro, momento em que ele escutou a mulher perguntar “como vamos matar ele aqui? Vai dar problema para o Dun”. O homem foi para a casa da mãe. Ele disse que se apresentará caso seja condenado.

Crime

Informações são de que o crime aconteceu por volta das 5 horas do dia 13 de agosto de 2020, quando Jefferson foi ferido com um tiro na cabeça a 80 metros da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do bairro. Ele chegou a ser socorrido e levado para a unidade de saúde. Mas, acabou não resistindo e morrendo.

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