Marcada audiência de tesoureiro de igreja acusado de desviar R$ 467 mil para jogar em loterias
Tesoureiro alegou ‘descontrole financeiro e descuido’
Thatiana Melo –
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Foi marcada audiência do caso do tesoureiro de uma igreja adventista, de Campo Grande, acusado de desviar as doações e dízimos dos fiéis, cerca de R$ 467 mil. Ele alegou ter usado o dinheiro para jogar em loterias e pagar dívidas pessoais.
A audiência foi marcada para o dia 22 de maio de 2025 às 14h30. No dia da audiência, o tesoureiro será ouvido, assim como, uma testemunha. O esquema do tesoureiro foi classificado como ‘elaborado’ pelo MPMS (Ministério Público Estadual). Sobre os desvios, o tesoureiro disse que, “tive um descontrole financeiro, acabei me descuidando, e a tentação apertou forte”.
Quando denunciado, o tesoureiro falou sobre o descontrole. “No início tive um descontrole financeiro lá, acabei me descuidando e acabei, assim, tentação apertou forte num dia que acabou tendo que levar o envelope para casa, porque os irmãos começaram a entregar os envelopes no final do culto para mim, acabei levando e acabei pegando de um envelope para outro(…) chegou um momento que, sabe aquele negócio que você acha que vai ter o controle do negócio, me perdi, começou a aparecer outras coisas e comecei a fazer outras coisas, sem perceber, coisas erradas, assim. Eu queria muito resolver, aí comecei a pegar muitos valores”, falou o tesoureiro.
Desvio de R$ 467 mil
O tesoureiro ainda falou que tentava a todo custo ganhar na loteria para repor o dinheiro que estava desviando da igreja. Ele ainda foi questionado sobre o que teria feito com os R$ 14 mil recebidos em um sábado durante o culto. O dinheiro, segundo o tesoureiro, teria sido usado para pagar uma dívida pessoal de R$ 6 mil, que tinha com um agiota e o restante foi usado para jogar em loterias.
Crime elaborado
No processo que tramita no Judiciário contra o tesoureiro, o crime foi considerado elaborado porque o tesoureiro emitia recibos falsos para simular doações aos doadores da igreja. O suspeito não lançava dados de receitas no caixa da igreja. Os desvios foram descobertos depois que um dos fiéis foi questionar o assistente administrativo sobre o motivo de não ter sido enviado a ele o seu recibo de doação.
E a partir desta desconfiança foram buscar pelos recebidos, descobrindo os desvios dos dízimos e ofertas. A defesa do tesoureiro em sua alegação afirmou que “a destinação incorreta dos valores arrecadados com o dízimo pode ter gerado desajuste contábil”.
Ainda segundo a defesa do tesoureiro, os valores supostamente desviados teriam sido empregados na obra do prédio da igreja, que passava por reforma, já que os recursos destinados à obra eram insuficientes, e por isso, ele fazia liberação de pagamentos sem autorização.
Os desvios ocorreram de setembro de 2018 a abril de 2019, e na época da descoberta do crime, o tesoureiro chegou a dizer que “achou facilidades no sistema” para cometer os desvios que chegaram a R$ 467 mil.
Dízimo e oferta de fiéis desviados
Os desvios de dízimos e ofertas feitas pelos fiéis foi descoberto após um dos frequentadores da igreja desconfiar por não receber os recibos das ofertas feitas por ele. Com isso, ele procurou o assistente financeiro em abril de 2019 para relatar sobre as desconfianças.
Assim, foi feita uma averiguação nos dados contábeis da igreja e não foram encontrados documentos dos dízimos e ofertas feitas pelos fiéis. O pastor da igreja foi procurado e então foi relatada toda a situação. Ainda foi descoberto que o tesoureiro emitia recibos falsificados de fiéis que não estavam na planilha.
Também foram encontrados envelopes não devolvidos e cheques desviados. Uma reunião foi feita e o tesoureiro indagado sobre as descobertas. Ele acabou confessando ter desviado o dinheiro da igreja em um montante de R$ 80 mil, mas depois descobriu-se que o rombo era de mais de R$ 467 mil.
Segundo o tesoureiro, parte do dinheiro desviado ele teria usado na igreja, mesmo sem aprovação. O tesoureiro chegou a falar que cometeu o crime após ver facilidades para burlar o sistema. Os desvios ocorreram de setembro de 2018 a abril de 2019.
O tesoureiro ainda foi procurado pela administração da igreja para saber sobre a devolução do dinheiro desviado, sendo que ele afirmou que poderia devolver o valor de pouco mais de R$ 241 mil em 285 parcelas, ou seja, pouco mais de 23 anos para quitar parcialmente o dinheiro, já que na época afirmou que não devolveria a totalidade por ter usado boa parte do dinheiro na igreja.
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