Justiça decreta prisão preventiva de empresário que seria comparsa de dono da conveniência do Alemão

Homem passou por audiência de custódia após ser preso com caminhão usado para carregar mercadorias furtadas pelo grupo de estelionatários

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Após prisão de Alemão, comércio abriu normalmente no dia seguinte. (Foto: Nathalia Alcântara, Midiamax)

O empresário, de 44 anos, preso com um caminhão usado para carregar as mercadorias furtadas pelo grupo de estelionatários que vendeu féculas de mandioca – também furtadas – para o dono da Conveniência Alemão há uma semana, teve a preventiva decretada nesta quinta-feira (14). 

Ele passou por audiência de custódia pela manhã, onde o Juiz de Direito, Vinicius Pedrosa Santos, considerou que o empresário é responsável pela confecção de documentos usados nos estelionatos praticados pelo grupo criminoso. Isso porque a polícia encontrou uma nota fiscal editável e diversas conversas no aparelho celular do empresário.

Com isso, o homem teve a prisão preventiva decretada e foi encaminhado ao presídio.

Entenda o caso

No último dia 6 deste mês, o dono da conveniência e um empresário de chipas foram presos após a polícia encontrar as mercadorias furtadas nos estabelecimentos. Contudo, eles pagaram R$ 28 mil de fiança e foram liberados no dia seguinte, 7 de novembro.

E quase duas semanas antes da prisão dos comerciantes, um golpista, de 43 anos, envolvido na venda das féculas de mandioca furtadas, foi preso pela Polícia Civil em Campo Grande.

Após a prisão desse golpista – responsável por enviar o Pix para pagar as despesas operacionais da atividade criminosa – a equipe da 3ª DP (Delegacia de Polícia Civil) continuou em diligências para identificar e localizar mais envolvidos no esquema.

Prisão do empresário

Com as investigações, foi descoberto pela polícia que uma empresa de fabricação e venda de telhas metálicas foi alvo dos estelionatários em outubro. Na ocasião, foi feita uma venda de três mil peças de tubos de aço aos golpistas, totalizando R$ 86.209,25.

Logo, no início deste mês de novembro, os policiais localizaram o caminhão usado para transportar os tubos de aço. O veículo foi encontrado em um pesqueiro no Jardim Centenário. 

No momento da apreensão, os policiais notaram que havia objetos usados em uma construção existente no local, semelhantes aos obtidos por meio dos estelionatários. Com isso, o dono do caminhão foi identificado e a polícia constatou que ele era integrante da organização criminosa. 

Em seguida, equipes do SIG (Setor de Investigações Gerais) passaram a investigar e apuraram que o dono do pesqueiro possui uma extensa ficha criminal com passagens por estelionato, falsificação de documentos e receptação. 

Logo, os policiais realizaram diligências em busca do empresário, mas não encontraram. Depois, homem foi até a 3ª DP, acompanhado de um advogado, e apresentou uma nota fiscal emitida por outra empresa metalúrgica. Porém, a polícia constatou que o documento não era verdadeiro. 

Empresário disse que conheceu comparsa há 2 anos

Questionado sobre o proprietário do veículo usado na empreitada criminosa, ele apenas disse que conheceu o homem há aproximadamente 2 anos, porque os dois cumpriram pena juntos no regime semiaberto. 

Interrogado na delegacia, o empresário alegou que o dono do caminhão teria pedido para deixar o veículo no pesqueiro, alegando problemas mecânicos. Contudo, ele teria dito ao homem que teria que retirar o caminhão logo para não atrapalhar os trabalhos do pesqueiro.

Aos policiais, o empresário explicou que durante o período em que o veículo ficou no pesqueiro ele estava de viagem em Ponta Porã e, depois, soube que a polícia apreendeu o caminhão em seu estabelecimento.

Neste momento, ele avisou o dono do veículo pelo WhatsApp sobre a apreensão e, então, a polícia pediu que o empresário mostrasse as ligações e mensagens, mas elas foram apagadas. Ele ainda acrescentou que teria comprado os tubos e telhas do próprio dono do caminhão. 

Ao ser questionado sobre a nota fiscal apresentada na delegacia, o empresário alegou que adquiriu vigas de ferro do dono do caminhão, que entregou a nota a ele. Já sobre uma segunda nota emitida por outra empresa, desta vez, no ramo de construções, que tinha como destinatário um comércio de alimentos, ele disse desconhecer o documento. 

Na delegacia, o empresário apenas afirmou que prestava serviços para uma empresa de construção por aproximadamente 1 ano, onde realizava balanços e faturamento. Interrogado sobre o dono da conveniência Alemão, o empresário alegou que não conhece o mesmo.

Diante dos fatos, o homem foi preso e a polícia retornou ao pesqueiro, onde apreendeu os tubos e as telhas, bem como, computadores e eletrônicos que pudessem ser usados para falsificar documentos e notas fiscais.

Prisão de Alemão por venda de produtos furtados

(Reprodução, PCMS)

Uma empresa de amidos de Ponta Porã foi vítima de um golpe no último dia 11 de setembro, envolvendo a venda de féculas de mandioca para uma empresa de estelionatários. Os golpistas usavam os dados de um supermercado, a princípio situado em outro município no interior de Mato Grosso do Sul.

Os golpistas teriam comprado 24.000 quilos de fécula, no valor de R$ 73.920, usando um site e e-mail falsos. Além disso, o grupo teria contratado um freteiro que transportou a mercadoria em um caminhão. 

Logo, o sócio proprietário da empresa de amidos começou a realizar diligências por conta própria na Capital, indo até a conveniência do Alemão. Lá, ele comprou um saco de fécula de mandioca e identificou que era a mercadoria furtada de sua empresa. 

Depois, o sócio proprietário foi na outra conveniência, também de propriedade do Alemão, e encontrou o mesmo produto. Com isso a polícia foi acionada e se deslocou até os estabelecimentos na manhã dessa quarta-feira (6).

Durante as investigações, os policiais encontraram a fécula de mandioca em duas conveniências na Avenida Calógeras e em uma chiparia, no bairro Guanandi, em Campo Grande. A mercadoria estava pronta para comercialização, abaixo do preço de mercado. 

Ainda conforme a Polícia Civil apurou, outra empresa de fecularia, localizada em Ivinhema, também foi vítima de um golpe semelhante. Por isso, há suspeita de que os golpistas distribuíram os produtos para os mesmos revendedores.

As equipes da 3ª Delegacia de Polícia Civil realizaram diligências nas conveniências e na chiparia. Com isso, encontraram os sacos de fécula roubados e prenderam dois proprietários dos estabelecimentos em flagrante. 

Depois, eles foram encaminhados para a delegacia e apresentaram os documentos das transações fraudulentas.

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