A semana encerra com o julgamento popular de Tiago Mendes de Souza, de 36 anos, nesta sexta-feira (16), acusado de tentar matar a namorada, com 19 anos na época, a facadas em junho de 2023. O réu assumiu a autoria, mas disse que não matou a vítima por sentir pena após a primeira facada.

O homem relata que o casal vivia em situação de rua na época do crime e estava na região do Núcleo Industrial, em Campo Grande. Ele foi preso uma semana depois, no dia 18 do mesmo mês. Sentado ao banco de réus, responde por homicídio qualificado por feminicídio, motivo torpe e violência doméstica.

No depoimento desta manhã, disse que a motivação foi uma suposta traição da vítima. “Ela mesmo falou que tinha ficado com um tal de ‘da ré’, eu disse para ela não falar assim porque poderia arrumar um grande problema. Foi quando ela disse que quem passa vontade é mulher barriguda ou homem sem coragem”, afirma.

O réu relatou que acertou a costela da vítima com uma faca dela mesma. “No primeiro golpe sim [tinha intenção de matar], mas aí eu vi o vestido branco dela todo vermelho parecendo esse pano branco”.

Réu durante depoimento – (Foto: Nathalia Alcântara, Midiamax)

Tiago, ainda, disse que tirou a vítima do estádio onde estavam e levou a vítima para a rua. Os policiais civis chegaram e o autor fugiu de lá. “Quando eu voltei ela ainda estava lá, porque as policiais estavam atrás de mim”, relata.

A vítima foi socorrida e voltou para as ruas. “Vi ela várias vezes na Orla, que ela ficava lá. Mas eu não fiquei escondido em mata nada, fiquei no semáforo pedindo dinheiro e até passei em frente a delegacia antes de ser preso”, afirma.

Contudo, nega que manteve contato com a vítima. “Pedi para o ‘Paraguaizinho’ comprar os anti-inflamatórios dela, porque estava muito feio, minando água, as costura dela”. O homem também alega arrependimento. “Se nós não tivéssemos chegado a esse ponto, estaríamos juntos até hoje”.

Gravidez

Conforme o boletim de ocorrência registrado na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) na madrugada posterior ao crime, isto é, em 12 de junho de 2023, a vítima relatou que estava grávida do autor.

A primeiro momento, o rapaz foi indiciado por tentativa de feminicídio qualificado por violência doméstica e, após constatada a gravidez, também passou a responder por aborto sem consentimento da gestante.

Em depoimento ao Tribunal do Júri nesta sexta-feira, o réu negou que a então namorada estivesse gestante. “Enquanto esteve comigo não estava grávida em nenhum momento”.