Garras apreende bolsa e dois compradores de joias furtadas da casa de Reinaldo são presos em SP

Criminosos invadiram o apartamento do ex-governador e levaram joias, relógios e R$ 30 mil em espécie no dia 9 de junho

Lívia Bezerra – 12/07/2024 – 18:47

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(Reprodução, Polícia Civil)

Policiais do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros) apreenderam uma bolsa e dois homens, de 61 e 66 anos, suspeitos de serem compradores das joias furtadas do apartamento do ex-governador Reinaldo Azambuja foram presos em São Paulo nessa quinta-feira (11). 

A dupla foi presa durante a Operação Gold Digger, que significa “garimpeiro” e faz referência à especificidade da modalidade criminosa investigada. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão em dois endereços residenciais e três comerciais na Capital paulista. 

Logo após o furto, Antônio Matheus de Souza Silva, de 23 anos, Italo Alexandre Franca Silvestre, de 22 e Davi Morais Saldana, de 24 anos, foram presos pelo Garras em São Paulo. 

As equipes iniciaram as investigações e apuraram que havia uma associação criminosa sediada em São Paulo, especializada em mandar seus integrantes para outros estados, inclusive Mato Grosso do Sul, para furtarem apartamentos e furtar joias e metais preciosos.

A associação já contava com integrantes determinados, pois logo que os autores do furto retornavam para SP, ela seria responsável por adquirir as joias e os itens preciosos, para que fossem derretidos e pulverizados. 

Assim, os criminosos tinham uma rápida obtenção do lucro pelo crime e dificultavam a recuperação dos pertences da vítima, quanto as investigações policiais. 

Com as informações da associação criminosa, os policiais conseguiram identificar dois integrantes que tinham um comércio de compra e venda de ouro, joias e semijoias. Além disso, eles eram responsáveis pela aquisição dos itens furtados em apartamentos de outros estados, incluindo de MS. 

Foram expedidos mandados de busca e apreensão, que resultaram na Operação Gold Digger e os policiais foram até a Capital paulista na quinta-feira (11). 

Durante as buscas, as equipes encontraram diversas joias, semijoias e itens preciosos, sem qualquer comprovação de idoneidade a respeito da procedência, o que indica a suspeita de origem ilícita, considerando a necessária documentação para vendê-las regularmente. 

Além dos itens, o Garras encontrou em uma das casas uma bolsa furtada do apartamento do ex-governador em 9 de junho, sendo constatada que ela foi usada pelos criminosos para transportar as joias e os objetos de valor, conforme imagens de câmeras de segurança do local. A bolsa estava vazia, segundo o registro policial. 

Os policiais ainda encontraram um colete de motociclista, com a identificação do grupo Gaviões da Fiel, que foi um dos elementos que permitiram a identificação de um dos integrantes da organização responsável pela receptação dos objetos furtados na Capital sul-mato-grossense, já que era um ex-vice-presidente do grupo.

(Reprodução, Polícia Civil)

As investigações também apontam que um dos endereços alvos da operação era um apartamento usado única e exclusivamente para o rápido derretimento do ouro de origem ilícita. O local era vazio e possuia apenas materiais para fundição clandestina. 

Diante dos fatos, os dois receptadores foram indiciados pelos crimes de receptação qualificada e associação criminosa.

Planejamento do furto

Davi relatou em depoimento que já foi preso por dois anos e oito meses em São Paulo e quando saiu, em agosto de 2023, tentou encontrar trabalho, mas devido a sua ficha criminal, não conseguiu. Por isso, usou todas as reservas financeiras e passou a ter dificuldades. Durante o tempo em que ficou solto, reencontrou alguns amigos e recebeu ligações de outros conhecidos.

Há aproximadamente 20 dias, ele recebeu uma ligação de um antigo conhecido do mundo do crime, identificado como Bully e Juan, também especialista em invasão de apartamentos de luxo, preso no Rio de Janeiro pelo mesmo crime. Conforme ele, Bully está preso há muito tempo e já o conhecia de vista, pois morava em um apartamento na periferia. 

Davi ainda disse que as ações dos criminosos sempre buscam vítimas orientais, especialmente chineses, pois sempre guardam dinheiro em casa e não comunicam os fatos à polícia. 

Em relação a Bully, Davi contou que ele usa um aparelho celular na cadeia e passa o tempo planejando crimes de furto qualificado, pois possui acesso a um sistema chamado “Live Busca App”, o qual faz buscas por dados pessoais e consulta onde a pessoa possui conta em bancos e valores pagos em impostos. A partir disso, eles escolhem os alvos e os apartamentos de luxo, mas Bully seria apenas o responsável pelas informações repassadas e receberia parte dos itens furtados.

Durante conversa, Bully fez um convite para Davi dizendo que havia identificado um alvo em Campo Grande, mas Davi contou que sequer sabia onde ficava e que nunca havia ido para a Capital. Então o comparsa disse que a vítima morava na cobertura de um apartamento próximo de um shopping e que era muito rica, pois conforme o sistema Live possuía mais de 30 empresas. 

Logo, Davi se interessou pelo alvo, mas disse que seria necessário alguns valores para financiar a viagem. Como Bully não tinha dinheiro, Davi acionou os comparsas Italo e Bigode, que aceitaram. Assim, Italo ficou responsável por alugar o carro e Bigode pela condução do veículo durante a ação criminosa.

Davi ainda contou que ele e os comparsas viajaram na noite do dia 7 de junho de São Paulo para Campo Grande e conseguiram chegar até Ribas do Rio Pardo, onde decidiram passar a madrugada em um hotel usando nomes falsos. 

No dia seguinte viajaram até Campo Grande para cometer o furto no apartamento, mas ao chegar no local, se depararam com uma câmera de reconhecimento facial na portaria. Com isso, imaginaram que não daria certo pelo fato de ser conhecido em São Paulo. 

Como não tinham um segundo alvo, passaram a transitar pelas proximidades e viram alguns prédios. Em determinado momento, os dois viram um prédio com sacada e uma funcionária mulher na portaria. Logo, pensaram que por ser mulher seria mais fácil de enganá-la, então decidiram invadir o prédio e efetuaram o furto, que durou em torno de 20 minutos.

Antônio saía com amigos para comer quando acabou preso por engano por furto na casa de Reinaldo Azambuja

Antônio Matheus de Souza Silva, de 23 anos, preso com álibi em São Paulo, acusado de participar do furto do apartamento do ex-governador Reinaldo Azambuja, no mês passado, saía com amigos para comer quando acabou sendo preso. Antônio está encarcerado na supermáxima da Gameleira, em Campo Grande e teve a liberdade concedida na última segunda-feira (8). 

A concessão da liberdade de Antônio foi no dia 8 deste mês e assinada pelo magistrado Robson Celeste Candeloro. Na decisão, o juiz disse: “O acusado apresentou documento que comprova residência fixa, além de bons antecedentes, conforme certidão juntada aos autos. Vislumbra-se que a ordem pública não se encontra violada ou que, de modo concreto, o indiciado apresente real situação de perigo”.

A família de Antônio alega que ele é inocente e que nunca veio para Mato Grosso do Sul. Ele teria um álibi para o dia em que o furto foi cometido. Kelly Souza, de 30 anos, microempresária em São Paulo, conversou com o Jornal Midiamax onde relatou que Antônio era amigo de infância de Ítalo e Davi e que não sabia do crime.

No dia do furto, o irmão estava no condomínio onde mora, na Rua Vitória, no bairro Santa Efigênia. “Eu vi meu irmão antes da meia-noite neste dia quando ele estava indo para uma balada e antes de sair me entregou R$ 40, na portaria do prédio”, disse Kelly.

Itens apreendidos durante a Operação Gold Digger. (Reprodução, Polícia Civil)