Família de deputado morto em confronto com a polícia na fronteira com o MS contesta laudo

Relatório pericial particular mostra divergências e será apresentado na segunda feira (21), em entrevista coletiva

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Parlamentar paraguaio também era pecuarista (Foto: reprodução, ABC Color)

Familiares do deputado colorado Eulálio Gomes, o ‘Lalo’, morto em Pedro Juan Caballero, na fronteira com Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, durante suposto confronto ocorrido na madrugada do dia 19 de agosto contestam a versão das autoridades paraguaias. Ele era um dos alvos de investigação da Operação Pavo Real II.

‘Lalo’, como era conhecido, teria reagido durante cumprimento de mandados de buscas por agentes do Serviço Único de Inteligência e Ministério Público.

Eulálio também era pecuarista. Contra ele existiam diversas denúncias de ligação com o narcotráfico e com o crime organizado na fronteira com o Mato Grosso do Sul, segundo a polícia paraguaia.

Ainda segundo informações das autoridades, o parlamentar tinha trânsito livre entre os chefões do tráfico na região, entre eles Jarvis Pavão e também com os brasileiros Motinha e os irmãos investigados pela Polícia Federal em Dourados.

A viúva do deputado colorado do Paraguai, Eulálio Gomes, Johana Rodrigues, garantiu que o marido não disparou contra os agentes que invadiram a sua casa na madrugada desta segunda-feira. A ação policial aconteceu durante investigações da Operação Pavo Real II.

“Não houve tempo”, disse a viúva aos jornais paraguaios. Ela garantiu que o parlamentar estava dormindo quando os policiais invadiram seu quarto. A autópsia revelou que o legislador foi baleado duas vezes.

“Estamos arrasados, não sei se há palavras para dizer sobre o que aconteceu”, disse ela. “Ele não merecia o que aconteceu com ele, não porque seja meu marido, mas porque é o que realmente era”, explicou.

Johana relatou ainda, durante a invasão da polícia estava rezando na “quarentena de São Miguel” e ouviu um barulho, depois outro mais alto, até que decidiu ir acordá-lo. Segundo sua versão, Gomes se levantou, pegou a arma e foi abrir a sala. Mas, a mulher pediu para ele fechar.

Laudo particular

Por meio de advogados, os familiares do deputado apresentam dados que aacrestam novos aspectos sobre a operação que causou sua morte.

Para contrapor à versão oficial, a defesa destaca alguns pontos, que a reportagem do Jornal Midiamax teve acesso e que serão mostrados em coletiva à imprensa paraguaia na próxima segunda-feira (21):

              1.            Trajetória dos disparos e posição do atirador:

                •             O relatório pericial sugere fortes indícios de que os disparos atribuídos a Eulalio Gómez não poderiam ter sido realizados por ele durante o confronto. Isso levanta a possibilidade de que os disparos tenham sido efetuados após sua morte ou por um terceiro.

                2.            Contaminação e manipulação da cena do crime:

                •             Foram identificados sinais de manipulação do corpo da vítima e readequação de cápsulas deflagradas.

                •             Cápsulas de calibre 9 mm foram encontradas em locais inconsistentes, sugerindo uma possível contaminação deliberada ou acidental da cena.

                3.            Padrões hemáticos tipo spray:

                •             As manchas de sangue projetadas (spray) revelam que os disparos foram feitos a curta distância.

                •             Os padrões hemáticos coincidem com ferimentos no antebraço e queixo da vítima, indicando uma tentativa defensiva de se proteger do ataque.

                4.            Deficiências no procedimento policial:

                •             O relatório destaca a falta de equipamento adequado por parte do pessoal policial, o que compromete a cadeia de custódia e a integridade das provas.

                •             Foi comprovado o uso de um martelo tático para forçar portas, com danos visíveis em fechaduras e batentes, os quais não foram corretamente documentados nos relatórios preliminares.

                5.            Incongruências na declaração policial:

                •             Existem discrepâncias entre as declarações do comissário responsável e as evidências físicas coletadas, o que põe em dúvida a precisão da versão oficial apresentada pelas autoridades.

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