Ex-guarda diz que Gaeco e polícia usam processo da Omertà para ‘tentar impressionar’

Declaração foi feita durante o segundo dia de julgamento pela morte de Marcel Costa Hernandes Colombo, o ‘Playboy da Mansão’

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Ex-guarda municipal, Rafael Antunes. (Foto: Ana Laura Menegat, Jornal Midiamax)

Réu pela morte de Marcel Costa Hernandes Colombo, o ‘Playboy da Mansão’, o ex-guarda municipal, Rafael Antunes, disse que o Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado) do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) e a polícia usam o processo da Omertà para ‘tentar impressionar’. A declaração foi feita durante o julgamento que ocorre na tarde desta terça-feira (17). 

O bilhete, escrito em um pedaço de papel higiênico, cita dois advogados e um suposto plano de ataque, além de notas informando sobre as mortes de ‘Playboy’ e de Matheus Coutinho Xavier. A apreensão do pedaço de papel motivou na abertura da segunda fase da Operação Omertà.

Agentes federais apreenderam o papel higiênico em março de 2020, em uma cela do Presídio Federal de Mossoró (RN), onde estavam Jamil Name e Jamil Name Filho.

Rafael, por sua vez, alega que nunca ocorreu um processo disciplinar em relação ao bilhete e nega a existência do mesmo. “Em qualquer eventualidade abre-se um processo e esse caso gera tanta estranheza porque nunca ouve processo disciplinar. Então nenhum bilhete saiu de lá, porque senão teriam aberto processo”, disse. 

O ex-guarda municipal também defende que nem o suposto autor do bilhete sabe onde o mesmo foi escrito e acusa as autoridades. “Nem ele sabe onde foi feito esse bilhete, ele não consegue dizer nem onde foi feito. Aqui o Gaeco e o Garras tenta trazer processo da Omertà para tentar impressionar”, declarou.

Por fim, Rafael diz que será provado em plenário que o referido bilhete nunca foi localizado. “Ele [detento] foi apenas um caneta do Garras e do Gaeco. Nunca se encontrou o bilhete. Vai ser confirmado aqui nesse juízo”, finalizou.

Mais cedo, o também réu Jamil Name Filho alegou que o bilhete é uma farsa. “E essa questão do bilhete eu considero uma farsa grande”, alegou ao ser interrogado por videoconferência.

Jamil Name – que morreu na Penitenciária Federal de Mossoró -, Jamil Name Filho, Marcelo Rios, Rafael Antunes, José Moreira – que morreu em troca de tiros no Rio Grande do Norte -, Juanil Miranda e Everaldo Monteiro de Assis são réus pela morte de Marcel Colombo.

Bilhete apreendido. (Foto: Reprodução)

‘Você matou meu filho’: Mulher interrompe depoimento e acusa Marcelo Rios

Terezinha Brandão dos Reis interrompeu e acusou Rios de ter matado seu filho, Fred Brandão dos Reis, em abril de 2019, onze dias após a morte de Matheus Coutinho Xavier. No plenário, enquanto o réu respondia às perguntas da defesa, os jurados e o público foram surpreendidos pela mulher que gritou: “Você matou meu filho, você deu um tiro na boca do meu filho”.

Logo, a defesa de Marcelo Rios pediu que a situação seja registrada em ata e pediu que o júri popular, seja anulado. Contudo, o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) se opôs ao pedido e o Juiz de Direito, Aluizio Pereira decidiu manter o julgamento.

‘Queriam levar meus filhos’

Eliane Benitez, ex-mulher de Rios, prestou depoimento nesta terça (17) e chorou ao relatar os dias que passou na delegacia do Garras, quando da deflagração da Operação Omertà, em 2019. “Queriam me levar, tudo bem, mas meus filhos?”, disse Eliane aos prantos no plenário do júri. 

Primeiro dia de julgamento

No plenário, prestaram depoimento, na segunda-feira (16), os delegados Tiago Macedo e João Paulo Natali Sartori, bem como o investigador de polícia, Giancarlos de Araújo e Silva, testemunhas de acusação. Das testemunhas de Jamil Name Filho arroladas pela defesa, apenas Marcelo Oliveira compareceu e respondeu às perguntas dos jurados. 

Rios teria recebido R$ 50 mil para matar ‘Playboy da Mansão’ dentro de cadeia

Macedo disse que Marcelo Rios, o ex-guarda municipal, recebeu R$ 50 mil para matar Marcel Colombo dentro da cadeia, depois da prisão de ‘Playboy da Mansão’ por descaminho. Mas como não conseguiu matar dentro da cadeia, teve de fazer o ‘serviço’ quando Marcel foi solto.

“A organização mata os pistoleiros que fazem cagada”, disse o delegado. Ainda segundo o delegado, o contador Elton Pedro, que também fazia levantamento de informações para a família Name, teria pesquisado sobre a vida de ‘Playboy da Mansão’.

Público que acompanha o julgamento na tarde desta terça-feira no Fórum de Campo Grande. (Foto: Ana Laura Menegat, Jornal Midiamax)

‘Playboy de Mansão’

A denúncia apresentada pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) relata como foi planejado e executado o crime. Naquela ocasião, Marcel estava em uma cachaçaria, na Avenida Fernando Corrêa da Costa, quando foi atingido pelos disparos.

Ainda segundo o MPMS, o crime foi executado por Juanil, com auxílio de Marcelo Rios, José Moreira e Everaldo Martins. Isso tudo a mando de Jamil Name e Jamil Name Filho. Além disso, em um erro na execução do crime, um outro homem que estava no local também foi atingido por um disparo.

Por fim, foi apurado que Rafael Antunes foi o responsável por ocultar a arma do crime, com participação indireta. Também foi relembrado na denúncia que a motivação do crime foi por um desentendimento entre Marcel e Jamil Name Filho em uma boate de Campo Grande. Naquele dia, Marcel teria agredido Name com um soco no nariz.

Marcel foi assassinado em 2018, mas a rixa entre o ‘Playboy da Mansão’ e Name começou em 2016, quando os dois se desentenderam por causa de balde de gelo. Em 2021, Jamil Name Filho negou ser o mandante da morte, mas confirmou o atrito e deu detalhes.

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