Raphael dos Santos Motta foi a julgamento na manhã desta quarta-feira (14), em Campo Grande, pelo assassinato de Christian Leonir da Silva Santos, de 38 anos. A vítima morreu após ser atingido por vários tiros nas costas e na cabeça, no bairro Jardim Centenário, em Campo Grande, em setembro de 2022. Raphael disse que atirou para se defender e nega que o crime tenha sido motivado por algum tipo de traição.

Para os jurados, Raphael disse que o crime aconteceu em defesa, após a vítima invadir a casa em que estava com a mulher. Em seguida, ele contou que estava no quintal da residência por volta das 23 horas, quando Christian o surpreendeu.

“Estava escuro, percebi um homem entrando e eu perguntei quem ele era. Ele me perguntou o que eu estava fazendo na casa. Em seguida eu perguntei o que ele estava fazendo lá, foi quando ele me empurrou e fez um gesto como se fosse sacar uma arma. Nisso eu me levantei rapidamente e fui até o banheiro, onde eu sabia que tinha uma arma para eu me defender”, disse.

Ainda segundo sua declaração, Raphael explicou que após entrar no banheiro e pegar a arma de fogo, ele abriu a porta. Na sequência, saiu e fez os disparos. De acordo com ele, não existem evidências de que ele sofreu traição por parte da vítima, e que efetuou os tiros em razão da invasão inesperada: “nunca vi o celular dela, não foi por traição, tanto que estamos juntos até hoje”.

‘Medo de morrer’

Quando questionado por que não se apresentou à polícia de imediato, Raphael falou que ficou com muito medo de morrer. Nesse sentido, o acusado abriu uma live na rede social para tentar conseguir provas em caso de um possível abuso de autoridade.

“Eu fiquei com medo. Como tinha um corpo na casa, por ter uma arma e eu ter passagem [criminal], achei que a polícia entraria para me matar. Quando eles chegaram eu já gritei ‘não quero morrer, não quero morrer, estou online no Facebook e já tem 100 pessoas assistindo’ para tentar sobreviver”, disse.

Contudo, ainda em seu depoimento, Raphael enfatizou que a equipe policial acionada teve um trabalho bastante profissional e garantiu todos os seus direitos.

O crime

Foram duas horas de negociação durante a madrugada em 8 de setembro de 2022, no Jardim Centenário, em Campo Grande, até que policiais militares conseguiram invadir uma residência e prender Raphael dos Santos Motta, de 29 anos, pelo assassinato do ex de sua mulher. 

Christian Leonir da Silva Santos, de 38 anos, morreu após ser atingido por vários tiros nas costas e na cabeça. Equipes do 10º Batalhão de Polícia Militar foram acionadas por volta da 1 hora da madrugada, quando a madrasta da mulher recebeu uma ligação dela contando que seu marido havia matado Christian e se trancado com ela dentro de casa. 

Ela contou que estava sendo impedida de sair e que estava com medo do marido, que estava armado. Os policiais chegaram ao local e tentaram por 2 horas fazer com que o autor se entregasse, mas ele se escondeu em uma casa vizinha onde tinha cerca elétrica, na tentativa de dificultar a entrada dos policiais.

Após chamado de reforço, os policiais com coletes balísticos invadiram a casa e encontraram o autor em um dos cômodos. Os agentes prenderam o suspeito em flagrante. A arma usada no crime estava em uma máquina de lavar roupas. 

Para os policiais, Raphael contou que estava preso e, quando encarcerado, a sua mulher se envolveu com Cristhian. Naquela madrugada, a vítima foi até a residência e eles entraram em luta corporal. O autor ainda contou que Cristhian estava armado e conseguiu tomar a arma da vítima.

Ele fez vários disparos que atingiram Cristhian nas costas e na cabeça. A vítima morreu em frente à residência. Raphael, que estava em condicional, foi preso em flagrante e levado para a delegacia.