Dois são condenados e um é absolvido em assassinato de dono de boate

Os três já tinham sido condenados com penas que somam 23 anos de prisão

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
Réus encaram novamente júri popular – (Foto: Victória Bissaco)

Tribunal do Júri condenou dois e absolveu um do homicídio contra o dono de uma boate, Ronaldo Nepomuceno Neves, ocorrido em setembro de 2020. Marcelo Augusto da Costa Lima, 26, foi condenado a quatro anos em regime semiaberto, Igor Figueiró Rando, 26, foi inocentado e Almiro Cássio Nunes Ortega, 30 anos, recebeu sentença de quatro anos em regime fechado.

Os três já tinham sido condenados com penas que somam 23 anos de prisão, pois o julgamento de março foi anulado. O juiz titular da 1ª Vara, Carlos Alberto Garcete, explicou aos presentes no Plenário que os advogados dos réus recorreram ao resultado do primeiro júri popular realizado no terceiro mês do ano. Isso porque a defesa alegou que o juiz só teria permitido a recusa de três jurados no total, enquanto teriam direito de dispensaram três jurados por réu, isto é, nove no total, durante o sorteio.

O tribunal acolheu o recurso da defesa. Agora, é como se aquele primeiro julgamento que condenou Igor a 11 anos de prisão; Marcelo, a 12 anos; e considerou Almiro inimputável, não existisse, e os réus serão julgados novamente nesta quinta-feira.

Nesta manhã, Almiro descreveu Ronaldo ‘Brasília’ como “bem perigoso”. Ainda, alegou que mataram o dono da boate em decorrência de ameaças. “Nos sentimos ameaçados, porque ele disse que iria pegar a mulher do Kelvin, os filhos, o Igor, a esposa dele. Não é satisfatório falar, mas tive que matar para sobreviver”.

Foi dele que teria surgido a ideia de matar Brasília. “Igor e Marcelo praticamente nem tocaram no Ronaldo. Quem agiu sob impulso de fúria e revolta foi o Kelvin mesmo e eu”. Isso porque Ronaldo teria torturado Kelvin ‘Diabo Loiro’ em decorrência do furto de uma furadeira momentos antes do homicídio. Almiro relatou ser usuário de drogas, inclusive, estava sob efeito de entorpecentes.

No primeiro júri, Almiro foi considerado inimputável e recebeu sentença de medida de internação definitiva por tempo indeterminado. A decisão considerou que o réu possui dependência química e não tinha condições de entender o que estava fazendo.

Pacto para matar

Assim como o júri de março, um policial do GOI (Grupo de Operações e Investigações) foi o primeiro a ser ouvido. Ele relatou que o homicídio foi motivado por vingança.

Isso porque a vítima, conhecida como ‘Brasília’, teria torturado Kelvin – um quarto indiciado pelo homicídio, mas que foi absolvido – após o furto na boate da vítima, localizada na Avenida Ernesto Geisel.

Kelvin conseguiu se soltar das amarras e foi atrás de Ronaldo, que, por sua vez, foi até um local em frente à boate, conhecido como ‘chacrinha’, tirar satisfação com Almiro, Igor e Marcelo sobre o furto.

Reunidos na chacrinha, o quarteto passou a espancar Brasília e fazer uma sessão de estrangulamento com um cinto. O grupo ‘dava susto’ em Ronaldo com o enforcamento, que desmaiava e acordava diversas vezes.

Com medo de represália, Almiro, Igor, Marcelo e Kelvin fizeram um pacto para matar Ronaldo. O quarteto levou Brasília até o Inferninho e continuou as agressões.

No local, Marcelo deu uma garrafa quebrada a Kelvin, que passou a batê-la no pescoço da vítima com o gargalo quebrado. Depois, com uma pedra, bateu no crânio da vítima.

Com Ronaldo quase morto, o quarteto optou por queimar o corpo e a caminhonete da vítima. Igor ficou responsável por conseguir combustível. Ele retornou ao local em um veículo Gol e, junto a Almiro e Marcelo, ateou fogo na vítima e no veículo dela.

O laudo necroscópico, que investigou a causa exata da morte do empresário, aponta que Ronaldo estava com queimadura e fuligem no pulmão, o que indica a morte provocada por asfixia de monóxido de carbono.

Relembre o crime

O homicídio ocorreu em 12 de setembro de 2020. Na época dos fatos, o delegado da 2º Delegacia de Polícia Civil, Camilo Kettenhuber Cavalheiro revelou que, quando foi tirar ‘onda’, Ronaldo teria dito ao restante que era para todos irem para a boate e resolverem que estava furtando a boate.

Marcelo teria saído do local e resgatado Kelvin. Antes de ser enforcado com um cinto, Ronaldo ainda bebeu junto dos quatro e só depois começou a sessão de tortura que terminou em assassinato.

A vítima foi espancada com golpes de pedras e pauladas na cabeça antes de ser assassinada com golpes de garrafas quebradas no pescoço.