Defesa diz que mãe de Sophia levou menina ao posto 30 vezes por não ter condições de pagar plano de saúde

Foram 30 vezes que Sophia foi levada a uma unidade de saúde, sempre com algum machucado ou passando mal

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Advogada Katiussa do Prado Jara. (Foto: Madu Livramento, Midiamax)

A defesa de Stephanie de Jesus da Silva – mãe e uma das acusadas pela morte de Sophia Ocampo, de 2 anos – falou durante o debate no julgamento desta quinta-feira (5) que a mulher levou a filha ao posto de saúde por 30 vezes por não ter condições de pagar um plano de saúde. 

Stephanie e Christian Campoçano Leitheim – padrasto de Sophia – estão sendo julgados desde quarta (4) e o júri popular deve terminar somente na noite desta quinta (5) com o veredito do Conselho de Sentença. 

Conforme as investigações, foram 30 vezes que Sophia foi levada a uma unidade de saúde, sempre com algum machucado, passando mal. Contudo, a advogada Katiussa do Prado Jara, disse em defesa da cliente que Stephanie não tinha condições de pagar plano de saúde, sendo que esse seria o motivo para as diversas idas ao posto com a pequena Sophia. 

“Vocês acham que se a Stephanie tivesse condições de pagar um plano de saúde, ela teria ido 30 vezes ao posto de saúde?”, perguntou em plenário. 

‘Stephanie antes e depois de Christian’

Ainda durante os debates, a defesa da mãe de Sophia contou toda a vida da mulher e disse que Stephanie foi vítima do ciclo da violência. Inclusive, em seu interrogatório, a ré citou o ciclo de violência por parte de Christian. 

“Existia uma Stephanie antes e existe uma depois”, falou Katiussa do Prado aos jurados nesta quarta-feira (5). 

Já a advogada Elen Cristina Magro disse que existem mais de 90 registros de atendimentos no prontuário médico da cliente, justificando que as idas as unidades de saúde ocorreram devido às agressões sofridas por parte do companheiro. 

“Ela ia pegar atestado porque ela tinha vergonha de ir trabalhar com os roxos (na boca, olhos, costela). Todas essas vezes ela ia na UPA, foi um pedido de socorro, foi um grito de socorro”, defendeu a advogada.

“A Stephanie tentou buscar ajudar, vocês podem ver o relatório do celular dela. Ela tentou mas não houve tempo, foram apenas cinco meses de convivência”, disse Elen durante o debate que acontece na tarde desta quinta-feira (5).

Levada 30 vezes para unidades de saúde

Foram 30 vezes que Sophia foi levada a uma unidade de saúde, sempre com algum machucado, passando mal, mas também sempre havia uma desculpa para a criança estar com aqueles roxos pelo corpo como: ter sido agredida pelo ‘irmão’ – filho de Christian – ou ter se machucado brincando.

Mas, o que foi descoberto depois deixou uma sociedade inteira horrorizada: Torturas, beliscões, xingamentos, gritos e até estupro. Nos dois anos em que Sophia viveu, ela foi agredida pelo padrasto. A mãe nega que sabia das agressões à filha, mas conversas recuperadas  pelo Gaeco demonstram o contrário.

Nas conversas entre Stephanie e Christian, a mãe de Sophia combina com o companheiro a melhor forma de relatar os motivos para os machucados na menina. “Vamos dizer que caiu no parquinho.”, dizia uma das mensagens trocadas. 

Em agosto de 2022, a mãe de Sophia questiona o marido sobre uma marca de mordida no braço da menina, e ele responde: “sabe que não controlo a mordida, ela é macia demais”.

No dia 16 de novembro, em mais uma mensagem enviada do padrasto da menina para a mãe de Sophia, ele fala que deu uma surra na criança, e que percebeu que ela ficou com um galo na cabeça e estava com a boca sangrando. 

A perita Rosângela Monteiro, que atuou no caso Nardoni, em 2008, teria apontado que a menina foi abusada várias vezes. “A violência sexual foi claramente identificada pelo rompimento de hímen, a heperemia em partes da vagina e esquimoses na face interna das coxas, e o rompimento do hímen já estava cicatrizado, portanto, fora realizado em data anterior da morte da vítima”, diz parte da análise.

Os dois ainda teriam sido denunciados por tortura contra Sophia quando ela teve a perna quebrada a chutes por Christian. A cena foi presenciada pelo filho do autor que prestou depoimento falando sobre o episódio. “Foi meu pai, meu pai que chutou ela pra rua, chutou ela duas vezes, aí deixou ela machucada.

A menina tinha um trauma na coluna vertebral, o que na época foi dito pelo médico legista, que uma força muito grande pode ter feito com que o pescoço tenha girado em 360º e poderia ter causado a morte instantânea de Sophia.

Assassinato de Sophia

Sophia morreu em janeiro de 2023, após passar por várias internações. Assim, as investigações mostraram que a mãe levou a menina até uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), já sem vida. A mulher chegou ao local sozinha e informou o marido sobre o óbito.

Além disso, a polícia identificou indícios de estupro na vítima. Ainda durante as investigações, uma testemunha contou que após receber a informação sobre a morte de Sophia, o padrasto teria dito a frase: “minha culpa”.

Também uma das contradições apontadas na investigação é o fato da mãe dizer que antes de levar a filha para atendimento médico, a menina teria tomado iogurte e ido ao banheiro.

Essa versão é contestada pelo médico legista, que garantiu que com o trauma apresentado nos exames, a criança não teria condições de ir ao banheiro ou se alimentar sozinha.

Por fim, a autópsia apontou que Sophia pode ter agonizando por até seis horas antes de morrer. Após o início das investigações, a polícia prendeu o padrasto e a mãe da menina. Eles seguem presos.

Sophia foi torturada e morta aos 2 anos. (Reprodução, Redes Sociais)

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