Defesa de padrasto de Sophia mostra áudio em que Christian admite culpa ao receber notícia da morte

“Eu sou um pai lixo, é tudo culpa minha”, disse o padrasto de Sophia, aos prantos

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
Christian Campoçano Leitheim. (Foto: Madu Livramento, Midiamax)

Os advogados de defesa de Christian Campoçano Leitheim mostraram um áudio em que o padrasto de Sophia admite culpa ao receber a notícia da morte da menina naquele 26 de janeiro de 2023. O padrasto e Stephanie de Jesus da Silva – mãe de Sophia – estão sendo julgados desde quarta-feira (4) e o júri popular deve terminar somente na noite desta quinta (5) com o veredito do Conselho de Sentença. 

Durante o debate da defesa de Christian, os advogados Renato Cavalcante e Willer Souza mostraram um áudio enviado pelo padrasto de Sophia em que ele admite ser culpado da morte da menina. 

“Eu sou um pai lixo, é tudo culpa minha. Eu só tinha um papel: cuidar das crianças”, disse o padrasto de Sophia, aos prantos, no áudio logo que foi informado da morte dela. 

Advogados Willer Souza e Renato Cavalcante. (Foto: Madu Livramento, Midiamax)

Ao ouvir a mensagem de voz apresentada pelos seus advogados em plenário, Christian também chorou. 

Ainda, o ciclo de violência usado como estratégia pela defesa de Stephanie também foi citado pelos advogados de Christian durante o debate na tarde desta quinta-feira (5). “O fato aqui é que se julga homicídio, mas até que ponto vamos voltar no tempo para tentar justificar uma condenação tão grave”, disseram aos jurados.

Defesa diz que material genético encontrado em Sophia não condiz com o do padrasto 

Durante os debates, os advogados também afirmaram que o material genético encontrado em Sophia durante a análise pericial não condiz com o de Christian e que o réu foi o primeiro a se colocar à disposição para fazer exames.

“Na parte íntima da criança foi encontrado um líquido branco, que imaginava, num primeiro momento, se tratar de esperma e ele (Christian) foi o primeiro a dizer que queria fazer, alegando que não fez nada com a criança. Foi colhido um material genético da criança, dele e do que estava no cobertor e esse material de Christian não bateu com nenhum”, afirmou Willer.

Morte de Sophia fica em 2º plano e defesa tenta justificar omissão de mãe citando violência doméstica

Desde o início do júri popular, a defesa de Stephanie usa o ciclo da violência doméstica como uma estratégia para convencer aos jurados. Inclusive, durante os debates, uma das advogados afirmou que “existia uma Stephanie antes e existe uma depois (de Christian)”. 

Já o advogado Alex Viana disse em plenário que não houve omissão por parte de Stephanie, justificando que ela não poderia fazer nada por estar em vulnerabilidade devido a violência doméstica. “Se ele tivesse te matado, se você tivesse morrido, você seria heroína”, falou em defesa da cliente.

Ainda nos debates da defesa de Stephanie, a advogada Herika Ratto chorou ao dizer que foi vítima de violência doméstica, assim como a cliente. Com isso, mais uma vez a morte de Sophia ficou em segundo plano.

Em sua tese de defesa, a advogada comentou que foi vítima de violência doméstica por nove anos. “Ao ponto de atingir o meu próprio filho, sabe oq eu fiz?! Nada. A Stephanie hoje está vestindo a minha roupa e eu poderia estar sentada ali no lugar dela”, relatou.

Segundo e último dia de júri ‘polêmico’ deve ter 12 horas de duração

Na manhã desta quinta (5), Christian foi interrogado durante 1h30, negou as acusações de agressões e estupro contra a menina e encerrou seu depoimento chorando. “Não tive tempo de me despedir da Sophia”, disse em plenário. 

Logo, iniciaram os debates com a promotora Lívia Carla Guadanhim, do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) e ao fim da sessão o Juiz Aluizio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, conversou com a imprensa. 

Na ocasião, o magistrado disse que a expectativa é que o julgamento se encerre até às 20 horas da noite desta quinta (5). “Hoje os trabalhos estão fluindo bem e eu acredito que até às 20 horas se encerra o julgamento”, disse Aluizio.

Assassinato de Sophia

Sophia morreu em janeiro de 2023, após passar por várias internações. Assim, as investigações mostraram que a mãe levou a menina até uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), já sem vida. A mulher chegou ao local sozinha e informou o marido sobre o óbito.

Além disso, a polícia identificou indícios de estupro na vítima. Ainda durante as investigações, uma testemunha contou que após receber a informação sobre a morte de Sophia, o padrasto teria dito a frase: “minha culpa”.

Também uma das contradições apontadas na investigação é o fato da mãe dizer que antes de levar a filha para atendimento médico, a menina teria tomado iogurte e ido ao banheiro.

Essa versão é contestada pelo médico legista, que garantiu que com o trauma apresentado nos exames, a criança não teria condições de ir ao banheiro ou se alimentar sozinha.

Por fim, a autópsia apontou que Sophia pode ter agonizando por até seis horas antes de morrer. Após o início das investigações, a polícia prendeu o padrasto e a mãe da menina. Eles seguem presos.

Sophia foi torturada e morta aos 2 anos. (Reprodução, Redes Sociais)

Conteúdos relacionados