‘Cuidado com o carro’: Marido relembra últimas palavras de Belquis, morta ao ser atingida por jornalista

O Jornalista e ex-servidor do Governo do Estado usava um carro oficial quando atingiu Belquis Maidana, que morreu no local do acidente

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Belquis seguia para o trabalho, momento em que ocorreu o acidente (arquivo pessoal)

O marido de Belquis Maidana, morta em acidente no trânsito ao ser atingida pelo jornalista e ex-servidor do Governo do Estado, Guilherme Pimentel, relembrou as últimas palavras da esposa naquele 9 de dezembro. O fato aconteceu na Rua Antônio Maria Coelho, região central de Campo Grande. 

Na tarde desta quarta-feira (11) acontece a primeira audiência de instrução e julgamento, onde estão sendo ouvidas o marido de Belquis (também vítima do caso), testemunhas e defesas no Fórum da Capital. O jornalista alegou estresse pós-traumático e pediu dispensa da audiência um dia antes. Portanto, apenas o advogado de defesa, Fábio Andreasi, marcou presença.

Ao ser ouvido sobre os fatos, o marido de Belquis – que pilotava a motocicleta naquele dia – contou que estava indo trabalhar e ela iria descer do veículo há umas três quadras. “Minha finada esposa gritou ‘cuidado com o carro’, aí senti um impacto e a partir disso eu não lembro de mais nada, só acordei três dias depois na Santa Casa”, revelou. 

O homem ainda contou que desde que aconteceu o acidente, recebeu somente uma ajuda de R$ 3 mil, em virtude de um acordo feito com as defesas. “Foi só essa ajuda”, lamentou. 

Do acidente, além da perda da esposa, a vítima ficou com sequela permanente no membro inferior esquerdo. Ele passou por cirurgias e precisou pagar por conta própria dez sessões de fisioterapia. 

Agora, o homem recebe auxílio do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) devido ao acidente e está na luta para conseguir a pensão pela morte da esposa.

O advogado Fábio Andreasi, que representa a defesa do jornalista, limitou-se a dizer que o fato foi um acidente e que o cliente irá se pronunciar apenas nos autos e em juízo.“O que posso dizer é que foi um acidente, lamentável para a família da vítima e para o Guilherme também”, disse ao Jornal Midiamax, minutos antes do início da audiência.

Em junho deste ano, o juiz determinou que o jornalista vai a júri popular. A decisão ainda traz que: “Requer-se ainda a fixação na sentença do valor mínimo para reparação de danos causados pela infração, consistente no valor da fiança de cinquenta salários-mínimos – sessenta e seis mil reais – à época, nos termos do Artigo 387, Inciso IV do Código de Processo Pena”.

Na época do acidente, a Justiça determinou a liberdade de Guilherme após o pagamento de fiança de R$ 66 mil. Ele se recusou a fazer o teste do bafômetro, mas policiais de trânsito constataram embriaguez. 

Ainda naquele dia, o jornalista usava um carro oficial do Governo do Estado. Após o ocorrido, o juiz determinou suspensão da CNH (Carteira Nacional de Habilitação) por seis meses.

Também consta na decisão que Guilherme não pode praticar nova infração penal dolosa e não pode se ausentar por mais de 8 dias de sua casa ou mudar de endereço sem comunicar nos autos. 

O acidente

Policiais militares prenderam Guilherme em flagrante após o acidente que terminou na morte de Belquis Maidana, de 51 anos. A Polícia Civil indicou que o carro que o jornalista dirigia estava a 100 km/h.

Ainda conforme a polícia, Guilherme estava na casa de seu companheiro às 5h30 da manhã de um sábado, 9 de dezembro de 2023, onde os dois beberam vinho. Logo depois, o assessor saiu dirigindo o Toyota Etios, carro oficial do Governo, quando ocorreu o acidente na Rua Antônio Maria Coelho.

Então, Guilherme colidiu o carro contra a Honda Biz azul, no cruzamento com a Rua Bahia. Também segundo a polícia, o motorista furou o sinal vermelho, atingindo a moto e a arrastando por 25 metros.

Apesar do flagrante, o jornalista se recusou a fazer o teste de bafômetro. No entanto, os policiais identificaram sinais de embriaguez, sendo constatada em termo.

Assim, Guilherme foi ouvido na delegacia e contou que esteve com o namorado. Também relatou que seguia para o trabalho, pois estava de plantão na Segov. Depois, o jornalista permaneceu detido na delegacia, até a audiência de custódia.

O caso é tratado como homicídio simples, por considerar que o jornalista assumiu o risco de provocar o acidente. Isso, porque ingeriu bebida alcoólica, estava acima da velocidade permitida e também por furar o sinal vermelho.

Ele ainda responde por lesão corporal de natureza grave e por conduzir veículo automotor com a capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool.

Acidente ocorreu no centro de Campo Grande. (Alicce Rodrigues, Midiamax)

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