‘Crime nosso foi a foto’: Pai e filho réus por matarem Matheus após furto no Caiobá negam homicídio
Pai e filho alegaram que não reconhecem Matheus Henrique como autor do furto
Victória Bissaco –
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Pai e filho, Antônio Sérgio de Souza e Jackson Vieira de Souza, encaram júri popular nesta quarta-feira (23) pelo homicídio de Matheus Henrique Ponce Fagundes, de 22 anos, que desapareceu em 2022 depois de ser visto pela última vez na boca de fumo do ‘Pequeno Zaroio’, região do Portal do Caiobá. A denúncia é de que os réus tenham matado a vítima após furto a um macaco hidráulico, contudo, os dois negam o homicídio.
O pai, Antônio Sérgio, teve um macaco hidráulico de 25 toneladas, avaliado em R$ 750, furtado do caminhão dele, em uma oficina na região. Conforme a denúncia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), Matheus foi apontado como o autor do furto, sendo sequestrado, torturado e morto pelos autores. Depois, teve o corpo descartado em um rio na região.
O delegado da DHPP (Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa), José Roberto de Oliveira Júnior relatou aos jurados que os policiais encontraram três fotografias de Matheus Henrique amarrado na oficina de Antônio. “O Matheus Henrique estava amarrado estilo ‘pacotinho’, com pés e mãos para trás. Em duas dessas fotos, ele estava com expressão de extremo terror, e numa terceira com a expressão corporal relaxada, o que pode indicar que já estivesse morto”.
O delegado explicou que as imagens foram resgatadas da conta Google de Jackson, uma vez que pai e filho trocaram os celulares dias após o desaparecimento da vítima. Segundo José Roberto de Oliveira Júnior, as imagens seriam uma forma de os autores “se vangloriarem” após o crime.
Antônio, por sua vez, afirma que as fotografias foram tiradas para “se resguardar”. O pai relatou aos jurados que não identificou Matheus como autor do furto, mas três traficantes o levaram amarrado até a oficina. “Eu disse que não era o Matheus, porque minhas câmeras mostraram que o autor era mais alto, mas eles teimaram”, afirma.
Ainda, complementou ter tirado a fotografia porque Matheus Henrique estava com uniforme da empresa que Jackson trabalhava, então, mandou a imagem para o filho reconhecê-lo. “Mas ele disse: ‘nunca vi esse maluco na vida’”, afirma.
Testemunhas identificaram a caminhonete
O delegado José Roberto de Oliveira Júnior explicou que fez duas oitivas com Antônio antes de ele relatar o furto do macaco hidráulico. Em primeiro depoimento à Polícia, o pai afirmou ter sido furtado apenas 25 anos atrás. No segundo, há meses. Nesse segundo caso, o suposto ladrão, identificado como Moisés Rosa Melo, de 21 anos, foi encontrado morto em uma área de mata perto do lixão de Campo Grande, no dia 15 de agosto de 2022.
Entre a segunda e a terceira oitiva, duas testemunhas — Loira e Fabio — relataram à Polícia Civil terem visto Antônio e Jackson abordando Matheus em uma empresa de recicláveis sob justificativa de que queriam comprar os materiais coletados pela vítima. Depois disso, nunca mais o jovem foi visto.
Após o depoimento dessas duas testemunhas na Delegacia, pai e filho passaram a ser tratados como autores, não mais suspeitos, e foram novamente ouvidos pela Polícia. Somente então Antônio revelou o furto do macaco hidráulico.
Outros populares na região comentaram terem escutado que Antônio e Jackson estavam atrás de Matheus, justamente por levar o macaco hidráulico que Antônio adquiriu havia 10 dias. Mesmo assim, o pai negou.
“Eu tinha ido umas três, quatro, até mais vezes na casa do ‘Pequeno Zaroio’. Já tive outros problemas com roubo e lá é aonde vou e encontro as coisas. Eu falei ‘só quero o macaco’, tinha dois meses de uso e pensei ‘valor aqui vai ser menor do que comprar um novo’”, afirma.
Corpo nunca foi encontrado
Juntos, pai e filho respondem por homicídio qualificado por motivo torpe, tortura, recurso que dificultou a defesa da vítima e ocultação de cadáver. Contudo, o crime guarda uma característica incomum: um assassinato sem corpo, já que os restos mortais de Matheus nunca foram encontrados.
O advogado dos réus, Amilton Ferreira explicou que a tese da defesa é negar o homicídio. “Vamos argumentar a negativa de autoria. Eles negam a prática do crime. Nós vamos explicar que eles estavam falando a verdade quando aquele menino amarrado esteve na casa de Antônio. Nós vamos comprovar que eles não mataram ninguém. Através das provas documentais, testemunhais, nós vamos deixar bem claro que ele não matou aquele menino”, disse.
Relembre o caso
Matheus desapareceu no dia 15 de abril de 2022 e foi visto por moradores da região na boca de fumo. Segundo consta, muitos moradores já estariam incomodados com a presença do rapaz, que teria passado a furtar casas para trocar os objetos por drogas. Até de uma amiga, com quem estava morando, já teria furtado um botijão de gás. Por isso, ela acabou colocando ele para fora, sendo visto pela última vez pela amiga no dia 11 de abril.
Já no dia 15 de abril, ficou sabendo que o dono de uma oficina no bairro estava atrás de Matheus em uma camionete Ford F1000, de cor vermelha e, depois disso, nunca mais viu o rapaz que, segundo moradores, estaria morto.
O dono da oficina estava a caça de Matheus após ele ser apontado por furtar uma bateria de um de seus caminhões. A polícia passou a fazer ‘campana’ para fazer a prisão do suspeito que teria cometido o assassinato por retaliação ao suposto furto da bateria.
Uma foto no celular de um dos filhos do suspeito foi encontrada pelos policiais. Na foto estava Matheus amarrado pelos pés e mãos no chão. Acredita-se que sofreu tortura antes de ser assassinado e ter seu corpo jogado no córrego que fica atrás do bairro.
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