Trancada em casa, com medo até de trabalhar: assim estava Karolina Silva Pereira, assassinada a tiros pelo ex-namorado, Messias Cordeiro, em frente de casa, em abril de 2023. A amiga de Karolina disse que a jovem era muito meiga e querida por todos.

Juliana Ferreira Rocha, que também era colega de trabalho de Luan Roberto, falou no julgamento desta quarta-feira (24) que Karolina teria sido proibida de ir à própria formatura por Messias, que era muito ciumento. Ela disse que a jovem tinha contado sobre o relacionamento tóxico e o término que não era aceito por Messias.

“Estava perseguindo ela, não aceitava o fim do relacionamento. Ela estava há meses sem sair de casa com medo de Messias”, disse Juliana. Inclusive, Karolina havia parado de trabalhar voltando pouco antes de sua morte por causa da perseguição de Messias.

Ainda segundo Juliana, os funcionários se revezavam para levar Karolina para casa porque ela estava com medo. No dia do crime, o outro motoentregador que levaria a jovem estava dormindo, então, Luan a levou. “Tinha a ver com proteção”, disse a amiga.

Maísa Loren de Campos Santos conhecia Karolina há 10 anos, já que eram amigas de escola. “Antes do relacionamento a gente saía mais, se via mais. Éramos amigas, conversamos e saímos juntas. Depois que ela começou a namorar ela sumiu”, disse Maísa.

No dia 19 para o dia 20 de fevereiro, cerca de 40 dias antes do crime, Karolina e as amigas passaram por uma situação de perseguição de Messias. Segundo a amiga, a mãe do Messias mandou uma mensagem para Karolina perguntando se o Messias estava com ela. Ela negou, mas ficou com medo do Messias porque eles tinham acabado de terminar.

Quando chegou em casa com a amiga, uma motocicleta veio na direção delas e o motociclista estava com capa de chuva, mas Karolina tinha certeza de que era o Messias.

O feminicídio

O crime aconteceu em abril do ano passado, no Jardim Monumento, em Campo Grande. Messias foi indiciado por feminicídio e homicídio doloso que dificultou a defesa da vítima e porte ilegal de arma de fogo.

Na época do crime, as investigações que apontaram Messias como autor dos disparos confirmaram premeditação do feminicídio. Ele teria planejado o crime quatro dias antes, após ver a ex-namorada trocando beijos com Luan.

O pai de Messias também foi preso depois que a Polícia encontrou uma arma modificada. Ele passou por audiência de custódia e foi solto. Em audiência, Messias disse que se ‘descontrolou’ na noite em que cometeu o crime.

“Vi toda aquela situação e não sei por qual razão, me descontrolei. Se eu tivesse consciência ali, eu não teria feito isso”, declarou.