‘Afogamento não é acidente’: Bombeiros fazem alerta para escolher locais seguros para diversão nas férias

No Brasil, a cada 90 minutos uma pessoa morre afogada, segundo a Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático

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(Divulgação CBMMS)

Dezembro é o mês oficial das férias, muita gente sai de férias profissionais no fim do ano, assim como as escolas, então é o mês da diversão. Dito isto, é fundamental saber escolher lugares para que a diversão seja também segura.

Só em 2024, o Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul registrou 60 casos de afogamentos no Estado e por isso alerta sobre a importância de saber escolher esses lugares, principalmente quando envolve água, piscinas, lagos e rios para se refrescarem, e assim evitar tragédias.

Uma das dicas é escolher locais controlados e bem sinalizados, como balneários que ofereçam a presença de salva-vidas e estruturas adequadas de segurança. A Sobrasa (Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático) aponta que o risco de morte por afogamento em áreas de banho sem guarda-vidas é 60 vezes maior, reforçando a necessidade de sempre procurar locais supervisionados.

Em locais naturais, como rios, córregos e lagos, é importante evitar nadar ou mergulhar, especialmente em rios com baixa visibilidade do fundo.

Os dados de afogamento a nível nacional são ainda mais alarmantes, a cada 90 minutos uma pessoa morre afogada. Diariamente, são registrados em média 15 afogamentos com óbito, sendo que 70% desses incidentes acontecem em águas naturais, como rios, lagos e represas. Além disso, a Sobrasa destaca que o afogamento tem 200 vezes mais risco de levar à morte do que os incidentes de transporte, por exemplo.

Segundo o CBMMS, a água, muitas vezes tranquila à primeira vista, pode esconder pedras e correntes traiçoeiras. Esses ‘perigos invisíveis’ são enganosos e podem surpreender os banhistas, como ocorre no Rio Aquidauana, por exemplo, onde a aparência calma da água esconde a força da correnteza. 

Nesse caso, Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Mato Grosso do Sul não recomenda o uso do rio Aquidauana para lazer, devido aos riscos envolvidos, pois a falta de atenção e de orientação pode resultar em tragédias, com o custo sendo, muitas vezes, a própria vida.

No Estado, os rios, principalmente, tem sido palco de tragédias. Na última quinta-feira (5), Kennedy, de 19 anos, perdeu a vida durante mergulho no Rio Aquidauana. O jovem, que se divertia com um amigo próximo à Ponte do Grego, foi arrastado pela forte correnteza do rio. O desaparecimento foi percebido por um colega da vítima. O Corpo de Bombeiros Militar foi acionado e imediatamente iniciou os trabalhos de resgate e buscas. 

Após intensas buscas, a vítima foi encontrada dois dias depois do afogamento, a cerca de 5 quilômetros do local onde foi vista pela última vez.

No mesmo rio, Marcos Rosa Tolentino, de 56 anos, também morreu afogado. Ele estava em uma embarcação que virou no rio no sábado (7). O corpo dele só foi localizado nessa segunda-feira (9) a um quilômetro de onde desapareceu.

Marcos era morador de São Paulo, e estava em um passeio de barco com o seu filho e o piloto quando a embarcação virou próximo a uma cachoeira.

Se engana quem acredita que essas tragédias só acontecem em rios. Há ainda mortes por afogamento em piscinas e balneários, como aconteceu no último fim de semana. 

Carlos Henrique dos Santos Saravy morreu no sábado após se acidentar em um balneário em Campo Grande, depois de tentar descer o tobogã em pé. Ele caiu, bateu cabeça no equipamento de parou dentro d’água. Ele foi retirado pelo salva-vidas, socorrido pelo Samu, mas não resistiu.

O balneário explicou que tem placa com orientações no local e que sempre toma todos os cuidados necessários para nenhum acidente acontecer. “Sentimos muito pelo ocorrido”. No local havia placa com orientações, inclusive afirmando para não descer em pé.

Mês passado, um homem desapareceu nas águas do Rio Dourados. Ele estava tentando resgatar uma criança que se afogava. A criança foi salva, mas ele acabou sendo arrastado pela correnteza.

Mas e como evitar?

Banhos e mergulhos em rios, por exemplo, têm como características correntezas fortes, pedras submersas e trechos de difícil visibilidade, tornando-se altamente perigosos, mesmo para quem tem experiência em atividades aquáticas.

“Por isso, prefira sempre áreas certificadas pelo Corpo de Bombeiros Militar, que são devidamente sinalizadas, possuem salva-vidas e locais reservados para banho” orienta o especialista em mergulho do CBMMS, Sargento Franklin.

Segundo ele, essas áreas garantem maior segurança aos banhistas, evitando os riscos de afogamento, os quais são muito mais altos em áreas sem supervisão adequada.

Ainda é importante evitar saltos e mergulhos em águas turvas e correntosas. “Nadar ou mergulhar em águas naturais, onde a visibilidade do fundo é limitada, pode ser extremamente perigoso. Mesmo em águas que parecem tranquilas, podem existir correntes fortes ou obstáculos submersos, colocando a vida do banhista em risco”, alerta o mergulhador do CBMMS, Sargento Michel.

Ao perceber um deslocamento da água diferente do fluxo natural do rio, o banhista deve se abster de adentrar a área, pois isso pode indicar a presença de uma correnteza.

Há ainda riscos que o próprio banhista comete como ingerir bebida alcoólica, não saber nadar (Imperícia), entrar em lugares desconhecidos, subestimar a correnteza, não observar as crianças na água, navegar em embarcações sem coletes salva-vidas.

Corpo de Bombeiros Militar orienta:

  • Para banhistas: evite entrar na água pulando de cabeça. Entre primeiro com os pés e não pule em águas desconhecidas. Se ingerir bebida alcóolica evite entrar na água. Para evitar o afogamento de crianças, elas devem sempre entrar na água acompanhadas ou sob observação dos pais ou responsáveis. Na água, mantenha a criança a no máximo um braço de distância, garantindo suporte caso necessário.
  • Para a vítima de afogamento: lembre-se sempre de manter a calma. A maioria das pessoas morre por conta do desgaste físico na luta pela sobrevivência. Flutue e acene por socorro. Só grite se realmente alguém puder lhe ouvir, caso contrário, isso vai acelerar o cansaço e o afogamento. Caso esteja no mar, deixe ser levado para o alto mar e acene por socorro ou tente alcançar um banco de areia. Em rios, procure manter os pés à frente da cabeça, usando as mãos e braços para dar flutuação e utilize a correnteza ao seu favor em busca da margem.
  • Reconhecendo uma situação de afogamento: a primeira coisa a se fazer em caso de afogamento é reconhecer um afogamento. Ao contrário do que se vê nos filmes, o banhista em apuros não acena com a mão e nem grita por ajuda. O banhista encontra-se tipicamente em posição vertical, com os braços estendidos lateralmente, batendo na água. Ocorre também a submersão e emersão da cabeça diversas vezes, na luta para manter as vias aéreas acima da superfície da água. Na busca pela respiração, dificilmente as vítimas conseguem fôlego para gritar por socorro. Então, ao reconhecer um afogamento ligue imediatamente ou peça para alguém ligar 193 e avise o que está acontecendo, indicando local, quantidade de pessoas envolvidas e o que está sendo feito.
  • Ao presenciar uma situação de afogamento: Após ligar 193, forneça flutuação para a vítima. Caso não haja boia salva-vidas no local, improvise com objetos flutuantes, tais como: garrafas de plástico vazias, pranchas de surf, materiais de isopor ou espuma, corda, galho resistente ou qualquer outro material que garanta suporte à vítima. O maior objetivo deve ser manter a vítima com as vias aéreas fora da água e parar o processo de afogamento, para assim ganhar tempo até a chegada do socorro profissional. Só entre na água para ajudar se tiver treinamento e preparo físico e, sempre, com um material de flutuação para oferecer ao afogado. Jamais busque o contato direto. Lembre-se: a prioridade é ajudar jogando o material de flutuação, sem entrar na água, se possível for. Caso você necessite fazer isso, tenham cuidado ao tentar retirar a vítima da água, pois você pode se tornar uma segunda vítima.

Corpo de Bombeiros disponibiliza a Norma Técnica nº 44 (NT-44), que contém orientações detalhadas sobre segurança e prevenção. 

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