Acusado de tentar matar genro é condenado a 5 anos no semiaberto e R$ 10 mil de indenização
José Dalberto dos Santos Arcanjo disse em plenário que o caso não passa de um acidente
Lívia Bezerra –
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José Dalberto dos Santos Arcanjo, acusado de tentar matar o genro em julho de 2011, no bairro Dom Antônio, em Campo Grande, foi condenado a 5 anos de reclusão no regime semiaberto e ao pagamento de R$ 10 mil de indenização. Ele foi julgado nesta sexta-feira (4) no Fórum da Capital.
No dia do crime, a vítima foi alvejada na altura do pescoço após uma discussão na padaria da família e socorrida para a Santa Casa. Já o acusado foi embora do local e se apresentou cerca de 48 horas depois na delegacia, com a arma.
Durante o julgamento, que ocorreu 13 anos após o crime, José disse que o caso não passa de um acidente, pois o genro maltratava a filha dele. A esposa do acusado também foi ouvida e relatou que o casal vivia um relacionamento conturbado.
Já no início da tarde desta sexta (4), o Conselho de Sentença acolheu uma das teses da defesa e desclassificou o crime de tentativa de homicídio, condenando José por lesão corporal grave e posse irregular de arma de fogo.
Somadas, as penas totalizam 5 anos e dez meses de reclusão e deverão ser cumpridas no presídio de regime semiaberto.
Além dos crimes, José foi condenado a indenizar o genro em R$ 10 mil por danos morais, a serem corrigidos monetariamente desde a data da decisão, e com juros de mora de 1% ao mês, contados da data dos fatos.
Julgamento
O réu explicou que a filha morava em Ponta Porã, mas veio a Campo Grande para administrar outra padaria que o pai montou para ela. O esposo ficou na cidade da fronteira, pois servia o Exército, e visitava aos finais de semana.
Contudo, cerca de 5 meses antes do crime, o homem passou a morar junto à família. Desde então, os lucros na padaria abaixaram. Dois meses após a chegada do homem, ele informou a José que a padaria teria sido supostamente assaltada, mas ninguém na região chegou a ver o assalto. Então, o pai da família comprou uma arma e deixou no estabelecimento.
A esposa de José, Francisca também foi ouvida e relatou que o casal vivia um relacionamento conturbado. “Eles estavam sempre brigando, discutindo, às vezes eles estavam no quarto e ela saia de lá chorando, nervosa. Dizia que ‘aquele guri não a deixava em paz. Para mim não era nenhum um pouco [um relacionamento] saudável”.
“Queria só ameaçar”
José Dalberto disse em depoimento que comprou uma passagem de volta para Ponta Porã e mandou o genro embora. “Porque ele judiava da minha filha e eu estava cansado disso”, disse. No dia do crime, o acusado iria fazer uma entrega de pães e, ao passar na padaria, encontrou a vítima atendendo os clientes. Quando foi questioná-lo, obteve como resposta: “pergunta para sua filha porque eu voltei”.
O réu afirma que deu meia hora para que o genro fosse embora, mas a ordem não foi obedecida. Então, pegou a arma e os dois foram conversar nos fundos do comércio. José segurou a vítima pelo colarinho e o disparo foi feito.
“Eu não sei se ele foi reagir, mas o disparo foi feito. […] Foi sem querer, de onde que eu ia matar? Tinham 5 munições no revólver, se eu quisesse matar ele eu teria disparo mais, mas eu jamais faria isso”, disse.
“Não estava foragido”
O homem foi embora do local depois do tiro e se apresentou cerca de 48 horas depois na delegacia, com a arma. Ele não foi preso em flagrante pelo tempo decorrido após a tentativa de homicídio. Ainda, negou que ficou foragido.
O processo foi recebido pela Justiça em 2013, cerca de 2 anos após a tentativa de homicídio, mas foi suspenso tempo depois, pois o réu não foi encontrado. Em 2022, contudo, Jósé Dalberto foi preso em Coxim, envolvido em outra tentativa de homicídio ocorrida em 2003.
“Em nenhum momento eu fugi da justiça. Trabalhava aqui em Campo Grande, inclusive, de cobrador. Cheguei até a usar tornozeleira eletrônica por outro crime que eu já paguei. Como que eu estava foragido? Colaborei a todo momento com a Justiça”.
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