Abalados, a família de Michelli Alves Custódio, de 36 anos, morta no dia 13 de outubro de 2022, em frente a sua casa, na Avenida Fábio Zahran, em Campo Grande, resolveu não participar do julgamento de Charles de Góes Júnior, preso pelo crime, nesta sexta-feira (21). Os filhos de Michelli viram a mãe ser atropelada. 

O advogado de acusação, Carlos Alberto Correa Dantas, disse ao Jornal Midiamax que Charles assumiu o risco de matar Michelli quando dirigiu embriagado e em alta velocidade. “Ao dirigir o embriagado, inicialmente apontado na denúncia como ele estava em alta velocidade, então ele assume o risco do resultado final, que seria a morte, o atropelamento, a lesão, qualquer outro meio que poderia acontecer”, disse o advogado.

Ainda de acordo com o advogado, a família está bem abalada e preferiu não participar do julgamento. “A família não busca aqui um justiçamento, a família busca que a justiça seja feita, as crianças que eram filhos da Michelle foram separadas, porque eram filhos de pais diferentes, então um pai ficou com a guarda da criança”, revelou

Carlos Alberto ainda falou que um dos filhos de Michelli, que está com a avó, enfrenta problemas de saúde atualmente, então a família para se resguardar mentalmente, psicologicamente, preferiu não participar do julgamento hoje. A mãe da vítima entrou na Justiça com pedido de indenização e pensão vitalícia contra Charles de Góes Júnior.

A defesa de Charles apresentou argumentação durante júri. “Esses tipos de crimes que a gente vai tratar hoje, ela está prevista no Código de Trânsito Brasileiro. Então, ela deve ser tratada com essa lei, como dolo por culpa consciente. Diferente de outros casos, hoje a gente não vai pedir absolvição, mas pelo contrário, vamos pedir a condenação, mas que seja pelo Código de Trânsito Brasileiro”, falou a advogada Talita Dourado Aquino.

Ainda de acordo com Talita, Charles estaria arrependido do que ocorreu. “Ele está ciente do ato dele, ele está ciente que ele vai ser condenado e ele se mostra bastante arrependido”, finalizou a advogada. 

(Victória Bissaco, Jornal Midiamax)

Atropelamento e morte de Michelli

O atropelamento ocorreu por volta de 1h40 do dia 13 de outubro de 2022, na Avenida Fábio Zahran, em Campo Grande. Michelli estava na calçada quando o carro a atropelou. Uma testemunha, de 32 anos, que presenciou o acidente, acabou arrastado pelo carro até a outra esquina da vida, por tentar conter o motorista.

Michelli havia acabado de chegar de viagem a Corumbá, e tinha guardado o carro na garagem, saindo de sua casa para atender uma mulher. As duas conversavam quando o carro surgiu desgovernado, invadindo a calçada e atropelando a vítima.

O corpo de Michelli foi arrastado por alguns metros e rastros de sangue foram encontrados pela perícia no local, além dos chinelos. Um morador, Celeido Duceu, de 62 anos, contou à época ao Jornal Midiamax que os filhos de Michelli correram até sua casa dizendo que a mãe havia sofrido um acidente.

O motorista só parou após bater no meio-fio e um dos pneus estourar. O Corpo de Bombeiros foi acionado, mas Michelli morreu no local. A testemunha, que estava com a vítima e também foi atingida, chegou a ser socorrida inconsciente, mas conseguiu prestar depoimento ainda na Santa Casa à Polícia Civil.

O motorista disse, em depoimento, que havia bebido por mais de nove horas seguidas, mas que não lembrava de ter atingido alguém no momento do acidente.