Os acusados do assassinato do casal Pedro Vilha Alta Torres e Priscila Gonçalves Alves negaram, na manhã desta terça-feira (19) durante julgamento no Tribunal do Júri, que participaram do crime. Os corpos esquartejados e carbonizados foram encontrados entre os dias 15 e 16 de agosto de 2021, na saída do Jardim Noroeste, em Campo Grande.

Estão sendo julgados Alexandre de Oliveira Gimenes, vulgo “acreano”, Ana Carla Pereira de Oliveira e Grasieli Félix Ferreira pelo crime de homicídio qualificado por motivo fútil, uso de fogo, tortura e por ocultação de cadáver. Alexandre, durante depoimento, negou qualquer participação no crime. Disse que nem estava no local, na época morava com a mãe e estava em casa. Contou ainda que não conhecia Ana Carla e o namorado dela, um adolescente. Só os conheceu depois que foi morar em Ribas do Rio Pardo.

Apesar de contradições em relação aos depoimentos prestados anteriormente, tanto na polícia, como em juízo, Grasieli disse que não matou Priscila. Ela contou que comprou das vítimas alguns itens da casa de Ana Carla e que depois a avisou sobre do furto na residência e sobre os objetos comprados.

No dia do crime, disse que quando chegou à casa de Alexandre, com quem tinha relacionamento há três meses, lá já estavam as vítimas, o adolescente, Ana Carla e Alexandre.

Ana Carla teria agredido Priscila e, em seguida, pediu ajuda de Grasieli para segurar a vítima, dizendo que só daria um ‘susto’. A mulher estava sentada e foi segurada por Grasieli enquanto Ana Carla a enforcava com um fio. 

Grasieli ainda contou que logo em seguida foi embora e que não soube o que aconteceu. Negou que foi lhe prometido dinheiro para cometer o crime, negou que esquartejou ou ateou fogo nos corpos e negou que tenha presenciado. Depois do crime, os quatro foram embora para Ribas do Rio Pardo.

Ana Carla exerceu o direito de ficar em silêncio e não quis responder nenhuma pergunta durante julgamento. Ela segue em prisão domiciliar por ter ganhado bebê. Ela inclusive assistiu aos debates da defesa e acusação em outra sala, por conta da amamentação.

Já Alexandre nega que esteve no local do crime. Ele disse que conhecia Pedro de vista, mas que não tinha nenhum motivo para cometer crimes contra o casal. Questionado sobre o porquê o acusaram, incluindo a ex-namorada, Alexandre dizia a todo momento que o trio havia se juntado para colocar a culpa nele e se livrar das acusações. 

O adolescente foi condenado pelo crime à internação indeterminada e terá a decisão revista a cada seis meses.

Corpos foram esquartejados e queimados (Henrique Arakaki/Arquivo Midiamax)

Motivo

A motivação para o crime é que o casal morto seria responsável por uma onda de furtos em residências na região, e havia furtado, inclusive, a casa de Ana Carla, onde morava com o namorado menor de idade. 

Pedro e Priscila haviam vendido uma geladeira e uma televisão para Grasieli e Alexandre. Grasieli foi quem avisou da situação para Ana Carla.

Três acusados foram presos

Na época, Grasieli foi presa em Ribas do Rio Pardo e chegou a negar participação. No entanto, disse que o namorado estaria envolvido e que foi embora de Campo Grande após ser ameaçada por Alexandre.

Depois, em outro depoimento na DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídios), confessou o crime. Ela contou que ajudou Ana Carla na morte de Priscila e que Alexandre matou Pedro.

Além disso, revelou que ela e o namorado foram contratados por Ana e o marido, um adolescente de 17 anos, para cometerem o assassinato. Eles receberiam R$ 5 mil pelo ‘serviço’.

Também consta na denúncia que a motivação do crime seria uma série de furtos cometidos por Priscila e Pedro.

Crime foi premeditado

Assim, após os criminosos combinarem o crime, o casal foi atraído até a casa de Alexandre. Lá, Priscila foi agredida por Ana e depois asfixiada com um fio. Já morta, ela ainda foi agredida mais vezes.

“Isso é para você aprender a não roubar”, dizia Ana durante a sessão de espancamento. Enquanto isso, Pedro foi levado para fora da casa por Alexandre, que momentos depois voltou com o rosto sujo de sangue.

Vizinhos ainda relataram que ouviram barulhos de fogos durante o assassinato e também gritaria na madrugada. Após as mortes, os corpos foram levados do local em uma motocicleta.

Eles já estavam com partes dos corpos esquartejados colocadas em sacos pretos e que depois foram desovadas às margens da BR-163.

Desaparecimento e ‘micro-ondas’

Para a polícia, foi relatado o desaparecimento do casal, na madrugada de 15 de agosto de 2021. No dia seguinte, as partes dos corpos foram encontradas carbonizadas em um terreno.

Um motociclista que passava pela região percebeu o corpo na área queimada. Ele pensou que se tratasse de um animal, mas depois viu os cabelos e acionou a polícia ao entender que era uma pessoa.