A mulher de 31 anos, presa na terça-feira (23), pela 2ª Delegacia de Polícia de Dourados, em decorrência de investigação para apurar tráfico de drogas é a mesma que denunciou um agente da Polícia Civil. Acusado de pedir favores sexuais e também dinheiro, ele acabou demitido.

A ação da polícia aconteceu no Bairro João Paulo II. Ela é apontada como uma das mais antigas traficantes de drogas da região, já que a sua primeira prisão pelo mesmo crime ocorreu em 2012.

Desde então, segundo informações policiais, ela já foi autuada outras duas vezes pelo mesmo crime, mas continuava com a prática criminosa.

As investigações apontaram que ela utilizava sua residência como ponto de venda de drogas, inclusive, com a participação de familiares seus no tráfico. Uma sobrinha, de 13 anos, e sua a mãe foram citadas por testemunhas como auxiliares na parte de entrega dos entorpecentes.

Uma testemunha ainda afirmou que, inicialmente, sua mãe era a responsável pelo ponto de venda de drogas e que a suspeita teria “herdado” a gerência há cerca de 10 anos.

Na residência da investigada, foram localizados crack, maconha, aparelhos celulares e mais de R$ 2 mil em espécie.

A ação que culminou com a nova prisão da traficante teve apoio do Canil do 3º BPM de Dourados. Um cão farejador conseguiu localizar a porção de maconha escondida em um vaso de plantas.

Ela foi conduzida à 2ª Delegacia de Polícia de Dourados para os procedimentos criminais cabíveis e está à disposição do Poder Judiciário para audiência de custódia.


Favores sexuais e dinheiro

No dia 14 de fevereiro de 2019, a polícia militar cumpriu mandado na casa da mulher, que seria suspeita do crime de tráfico de drogas, levando-a até a delegacia. No dia, foram apreendidos dinheiro, um total de R$ 7 mil, além celulares, 20 pacotes de cigarro de origem estrangeira e um caderno com anotações de movimentação de dinheiro que demonstravam ser do tráfico de drogas.

A mulher e seu marido ainda tinham cinco imóveis, mas sem fonte de renda que pudesse justificar a quantidade de casas dos dois. O marido da mulher estava preso pelo crime de tráfico. Já na delegacia, o investigador ficou responsável pela lavratura do TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência) para que ela fosse liberada com a entrega de seus pertences.

Mas antes que ela fosse liberada, o investigador aproveitou o horário do almoço e estando sozinho com ela na delegacia, a levou até uma sala e ficou a sós com a mulher por cerca de uma hora, das 11h45 até às 12h41.

Na sala, ele pediu por favores sexuais para a mulher para ‘aliviar’ a barra dela a enquadrando em um crime menos grave, mas a mulher se negou momento em que o investigador, então, exigiu metade do que teria sido apreendido na casa dela.

Após três anos da denúncia contra o investigador da Polícia Civil, Vilson Lopes Luzi, por exigir vantagem pecuniária e favores sexuais de uma mulher detida e levada para a delegacia de Dourados, a 225 quilômetros de Campo Grande, ele foi demitido do quadro de servidores estaduais.

Segundo informações do advogado de defesa do policial civil, o caso ainda tramita na Justiça. “As provas nos autos são frágeis para subsidiar ao pedido de condenação pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul”, disse o advogado, ressaltando que também já recorreu no âmbito administrativo contra a demissão do agente.