Torturada, queimada e cortada: adolescente era mantida sob cárcere em Campo Grande

Jovem era dopada com remédios controlados por autor

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Deam, na Casa da Mulher Brasileira. (Danielle Errobidarte, Midiamax)

Uma adolescente de 17 anos foi mantida em cárcere privado pelo companheiro de 27 anos e submetida a vários tipos de violências físicas e psicológicas na casa onde moravam nas Moreninhas, em Campo Grande. Ela foi resgatada nesta terça-feira (17) após denúncia de moradores da região. O autor ainda não foi localizado.

Entre as agressões, a jovem sofreu espancamentos até ficar desmaiada, teve o corpo queimado com água fervente, ferro de passar roupa, sofreu choques elétricos, teve parte íntima e cabelos cortados com faca, foi obrigada a introduzir objeto também em parte íntima e a tomar remédios controlados até ficar dopada.

À polícia, ela relatou que namorou o autor há um ano e a aproximadamente dois meses moravam juntos. Desde o último dia 10, segundo a jovem, era mantida em cárcere dentro da casa. Ambos não possuem filhos. O motivo de todas as agressões sofridas, segundo a vítima, era por causa de ciúmes do autor, que é dependente químico.

Ela contou à polícia que ele chegou alterado nesta segunda-feira (16) em casa devido ao uso de entorpecentes, a trancou na residência quando começou a agredi-la. Ele esquentou água no fogão e jogou contra a jovem, causando lesão e no braço esquerdo e pescoço.

Em seguida, esquentou o ferro de passar roupa e a queimou nas costas da vítima. A adolescente também relatou agressões sofridas como choque elétrico, introdução de objeto em parte íntima além dos cabelos e da parte íntima cortada com uma faca. Além disso, as agressões físicas terminavam somente quando ela estava desfalecida.

A cada dois dias era obrigada a tomar medicamentos que a deixavam dopada. Nesta terça-feira (17), moradores da região conseguiram contato com um tio do autor que foi à casa, levou a menina para a UPA Moreninhas e acionou a Polícia Militar.

Antes da polícia ser acionada, o autor fugiu de casa levando o celular da jovem. Até o momento, ele ainda não foi localizado. Exames na unidade de saúde confirmaram as agressões sofridas.

Após atendimento, ela foi encaminhada à Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), onde prestou depoimento e foi feito pedido de medida protetiva, além do encaminhamento para atendimento psicossocial. A faca utilizada nos crimes e o cabelo cortado foram levados à delegacia. A polícia realiza diligências atrás do autor.

O caso foi registrado como crime de tortura, constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental. Sequestro e cárcere privado, se o crime é praticado contra menor de 18 anos, além de feminicídio na forma tentada.

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