“Só que meu pai não deixou ela viva”. Em depoimento especial, feito pelo meio-irmão de Sophia, de 4 anos, a criança utilizou essa e outras frases para relatar o que via o pai fazendo contra a menina. Alternando entre consciência de que a irmã havia morrido ou achar que Sophia estava com o pai biológico, o menino relatou o que acontecia na residência da família.

O Jornal Midiamax teve acesso ao depoimento, feito pelo menino quatro dias após a morte de Sophia, com assistência social e psicólogos da Depca (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente). Questionado se já tinha visto Sophia machucada alguma vez, o garoto afirma que sim. “Ela vomitou muito, ela tomou remédio, tomou paracetamol”, disse.

O menino ainda lembra que Sophia “colocou gesso”, quando ficou com a perna machucada, e quando perguntado se ele se recordava o motivo, disse “foi meu pai, meu pai que chutou ela pra rua, chutou ela duas vezes, aí deixou ela machucada”.

Quando questionado ao menino se ele sabia aonde estava Sophia, ele disse que ela estaria com o pai biológico. Contudo, instantes depois, ainda durante o depoimento, o menino diz estar com saudade da meia-irmã, mostrando consciência de que ela havia morrido. “Tô sentindo muita falta dela”, diz o garoto de 4 anos.

Os psicólogos ainda perguntaram sobre a situação da família e onde ele e Sophia dormia e ele respondeu “no chão. São bravos pra caramba”. Em relação ao pai biológico de Sophia, o menino afirmou que seu pai não deixava.

“Sophia não ia nem com a denúncia nem com a guarda porque meu pai ia bater nela pra sempre, se ela fosse pra denúncia com o [nome do pai biológico de Sophia]. Senão meu pai ia pegar, esfregar a cara dele no chão, ia falar, e ia pegar a faca, cortar o pescoço dele”, afirmou, em referência à guarda de menina.

MPMS pediu perícia em celular

A última audiência do Caso Sophia, ocorrida na sexta-feira (26), terminou sem o depoimento dos réus – a mãe e o padrasto da menina – já que o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) pediu pela perícia nos celulares dos dois. O juiz Carlos Alberto Garcete solicitou urgência na realização.

Ao todo oito testemunhas já foram ouvidas. O laudo pericial não tem data para ficar pronto e o interrogatório dos réus só deve acontecer após ser remarcada a perícia. Contudo, a audiência foi remarcada pela segunda vez, já que anteriormente, no dia 19, o juiz suspendeu a sessão após um bate-boca com outros dois advogados da defesa do padrasto, que foram retirados do Plenário, onde ocorrida a audiência de instrução e julgamento.