Um tapa na cara seria o motivo para o marido de Claudineia Brito da Silva, de 49 anos, a matar com facadas no pescoço e nuca, em Campo Grande, na última sexta-feira (13), no Bairro São Francisco. Ela chegou a ser socorrida, mas morreu na Santa Casa horas depois. O autor teve sua prisão preventiva decretada no domingo (14), em audiência de custódia.

Segundo a delegada Elaine Benicasa, da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), o autor se mostrou arrependido e contou que na hora dos fatos, os dois estavam bebendo quando Claudineia deu um tapa no seu rosto.

Em seguida, ele pegou uma faca e desferiu os golpes no pescoço e nuca da vítima. Ainda segundo a delegada, ele chegou a ir até a casa de parentes, que moram no mesmo terreno em outra residência, pedindo por socorro. “Fiz uma besteira”, teria dito o homem.

Ainda segundo informações, o autor ligou para o Corpo de Bombeiros e para a Polícia Militar e ficou esperando a chegada dos militares. Uma outra familiar do autor revelou à polícia que o casal vivia brigando e discutiam sempre por causa da bebida.

Contra ele havia dois boletins de ocorrência registrados por vias de fato, violência doméstica, sendo um deles em 2018 registrado pela Claudineia e outro por uma ex-mulher do autor.

A delegada alertou para a importância do registro de medidas protetivas contra companheiros agressores. Só em 2022, segundo Benicasa, foram cerca de 5 mil medidas protetivas concedidas. Ao todo, foram 12 feminicídios registrados no ano passado. 

Delegada Elaine Benicasa em coletiva de imprensa sobre o caso (Danielle Errobidarte, Midiamax)

Ciclo da violência

A mulher sofreu cortes no pescoço, na região da nuca e devido à gravidade foi atendida pela Ursa (Unidade de Resgate e Suporte Avançado), sendo encaminhada para o hospital. Mas acabou não resistindo e morrendo no mesmo dia à noite.

Durante o registro policial da tentativa de feminicídio, a polícia descobriu que havia um mandado de prisão aberto para o homem, mas não há detalhes sobre o crime pelo qual ele estava foragido.

Em 2010, ele já havia sido preso por violência doméstica em Campo Grande, o processo na justiça começou a correr em 2011, mas teve o prazo alterado duas vezes por conta de feriados e atualmente está suspenso.

De acordo com a família do homem, ele tem histórico frequente de brigas com a companheira, mas nunca a ponto de um deles precisar de atendimento médico. Alcoólatras, os dois viviam juntos há pelo menos 7 anos.