Com as torres desativadas em vários presídios do Estado, policiais penais temem por uma onda de fugas, já que em agosto e setembro deste ano ocorreram duas tentativas de da Gameleira I, em Campo Grande, de acordo com informação passada ao Jornal Midiamax por um servidor.

Em agosto, um dos presos da Gameleira saiu pela tela de contenção e voltou pela mesma tela, fugindo para o pátio da penitenciária, onde ficou 20 minutos ‘passeando' sem que ninguém notasse. Ele até tentou pular os muros da Gameleira com uma ‘teresa' – corda feita de lençóis para a fuga -, mas não conseguiu e voltou para a cela.

Informações obtidas pelo Jornal Midiamax são de que o preso chegou a conversar com outros detentos quando fazia o seu ‘passeio'. Mas, em setembro, ocorreu nova tentativa de fuga, em que detentos serraram as grades de outra cela. 

Torres desativadas e falta de efetivo são problemas que não ocorrem só em Campo Grande, mas também no interior. Corumbá, Ponta Porã, e até a PED (Penitenciária Estadual de Dourados) têm torres abandonadas. Em Mato Grosso do Sul, são 1.933 policiais penais para atuação nas penitenciárias do Estado. Em Três Lagoas, até a casa de armas ficou sem segurança.

Também há informações de que no Presídio Jair Ferreira Carvalho, a Máxima, os policiais militares deixarão as torres, que ficarão a cargo dos policiais penais. Assim, deve ficar apenas com uma torre ativada, segundo a denúncia de um servidor.

Medo de onda de fugas

Com as torres desativadas, o medo dos servidores é que ocorram fugas e arremessos de drogas para dentro dos presídios. A Gameleira I também está com torres desativadas e na penitenciária estão detentos de extrema periculosidade como: Marcelo Lima Gomes, conhecido como ‘Maré Alta'; Diego Freitas Leite, conhecido como ‘Lendário'; Jesus Einar, o Herdeiro do Escobar; e Jorge Adalid, conhecido como ‘Fantasma' do PCC (Primeiro Comando da Capital).

Segundo o relato de um servidor, os presos já teriam descoberto que as torres estão desativadas. Na Gameleira I, o mês de setembro ficou por nove dias com as torres abandonadas. “O sistema está em colapso e isso se deve à tomada de decisão, da gestão da Agepen, de assumir cada vez mais funções sem ao menos fazer reposição funcional. Sem planejamento e sobrecarregando o servidor cada vez mais. Aproximadamente metade dos servidores não possuem curso de capacitação, não têm EPIs. Coletes e armamento, por exemplo, são compartilhados. O servidor faz o enfrentamento do crime organizado, mas não pode levar a arma com ele para garantir a própria segurança”, denuncia André Luiz Santiago, presidente do (Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária de MS).

Ainda de acordo com Santiago, o número de servidores que atuam internamente foi reduzido, em razão da gestão da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) ter assumido novas funções. “Os postos que já foram assumidos pela Agepen desde a criação da Polícia Penal não estão sendo supridos. Ou seja, não tem servidor suficiente. Este se agrava porque a gestão insiste em assumir novas atribuições a cada dia. O número reduzido de servidores internos coloca toda a unidade prisional em risco”, afirma Santiago.

Em resposta, a Agepen disse que: “A Agepen, por meio de sua Diretoria de Operações e Diretoria-Geral da Polícia Penal, tem buscado otimizar os serviços de vigilância, com melhor aproveitamento do efetivo, de forma a não prejudicar os trabalhos e segurança nas ações desenvolvidas. Além disso, tem promovido aprimoramento do sistema videomonitoramento. A segurança nas penitenciárias da Gameleira I e II também é reforçada com rígida rotina de disciplina e de procedimentos de segurança interna”.