Sem vagas pela prefeitura, pais pagavam R$ 200 em creche onde bebês eram torturados em MS

Afirmação foi feita após dona de uma creche irregular da cidade ser presa por torturar e dopar bebês

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Naviraí
Naviraí vista de cima (Divulgação, Prefeitura de Naviraí)

Pais pagavam R$ 200 para deixar crianças em creche onde dona foi presa por torturar e dopar os bebês por falta de opção. Isso porque a cidade com pouco mais de 50 mil habitantes possui lista de espera de 400 crianças para uma vaga na rede pública.

A prefeita de Naviraí, Rhaiza Matos (PSDB), disse à reportagem do Jornal Midiamax que não há previsão para abertura de novas creches públicas na cidade. Ela conta que tentou sanar o problema no ano passado ao construir três unidades, porém, não foram suficientes para suprir a demanda.

A situação faz com que os pais recorram a berçários e creches de baixo custo e de procedência duvidosa – como o local que funcionava de forma irregular e teve de ser lacrado depois dos casos de maus-tratos.

“Chegamos a alugar três prédios, mas não foi suficiente. Atualmente, a prefeitura não [tem] orçamento para abrir novas creches. Ficamos horrorizados com essa situação, não esperávamos e nem conhecíamos essa creche, mas não há nada que possamos fazer agora”, declarou Rahiza ao Midiamax.

Bebês eram torturados e dopados em creche

A dona de uma creche em Naviraí, a 359 quilômetros de Campo Grande, foi presa na última terça-feira (11), por torturar e dopar bebês. Em 2019, ela já teria sido detida por torturar a própria avó cadeirante.

Desta vez, ela foi encaminhada para um presídio em Mato Grosso do Sul, e a funcionária presa junto dela foi liberada com o pagamento de fiança de R$ 1.320. A prisão aconteceu após o Departamento de Inteligência da Polícia Civil instalar câmeras no local.

Segundo a delegada Sayara Baetz, responsável pelo caso, foi apreendido um medicamento indicado para náusea e vômito, proibido para menores de dois anos.

O medicamento seria utilizado para ‘dopar’ as crianças da creche e fazer com que elas passassem a maior parte do tempo dormindo, pois esse é um dos efeitos colaterais da medicação.

No momento da prisão, a dona da creche afirmou que o medicamento apreendido era de uso pessoal, mas ela tinha autorização dos pais para ministrar remédios. Uma funcionária, de 26 anos, também foi presa por dar o remédio para as crianças.

“No local não havia brinquedos, até porque as crianças passavam a maior parte do tempo dormindo. Alguns pais relataram que as crianças ficavam sonolentas o dia todo e tinham dificuldade de acordar até mesmo no outro dia”, explicou a delegada. A dona da creche irá responder por tortura e a funcionária por omissão

Uma das mães de um dos bebês agredidos relatou que a filha chegava em casa muito sonolenta e a comida que mandava sempre voltava. Quando questionava a cuidadora, ela dizia que a bebê não estava gostando da comida, o que causou estranheza na mãe, já que a filha sempre gostou das frutas que mandava para a creche.

A mãe ainda relatou na delegacia que em uma das vezes que buscou a filha percebeu que a bebê estava com machucados na lateral do corpo, arranhões, e a cuidadora teria dito que poderia ter se machucado já que engatinhava muito pelo local. Em outra ocasião, a bebê apareceu com bolhas de sangue na sola dos pés. A bebê estava na creche há 4 meses, e segundo a mãe a mensalidade era de R$ 200.

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