O professor de inglês preso na terça-feira (10), em Campo Grande, acusado de estuprar alunos de 4 a 11 anos, cometia os abusos na frente de outras crianças, em escola municipal da Capital. Ele foi preso em casa e os estupros começaram o ano passado. Ao todo, 14 inquéritos foram instaurados.

De acordo com a delegada Anne Karine, da DEPCA (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente), foram três horas de depoimento e o professor negou os crimes dizendo que era amoroso com as crianças que precisavam de atenção.

O professor tinha como preferência os meninos e as vítimas eram abusadas quando levavam a tarefa para ele corrigir na frente das outras crianças que estavam na sala de aula. Neste momento, o professor colocava as vítimas no colo e aproveitava para passar as mãos em suas partes íntimas. 

Ainda segundo a delegada, o professor atrasava a saída das vítimas da sala de aula para cometer os crimes.

Balas, doces e presentes

O professor, para ganhar a confiança das crianças, dava balas, doces e chegou a dar, para uma das vítimas, um carrinho de presente. Segundo a delegada, o professor de inglês não acreditava que as vítimas contariam sobre os abusos.

As 14 crianças abusadas confirmaram os abusos cometidos pelo professor durante depoimento especial. Anne Karine ainda disse que outras duas crianças devem ser ouvidas, o que pode aumentar o número de vítimas. Foram registrados, ao total, 16 boletins de ocorrência e 14 inquéritos instaurados. 

O professor ministrava aulas na escola desde o ano passado quando foi contratado. 

Mensagens de WhatsApp

As mães das crianças começaram a desconfiar e trocar mensagens em um grupo do WhatsApp, quando em uma das mensagens foi dito que viram o professor beijando uma criança. 

Ainda segundo a delegada, o professor nunca havia feito ameaças às crianças, já que acreditava que nunca seria descoberto. Quando preso em sua casa, ele entregou o notebook que passará por perícia. Sobre o celular, o professor afirmou que vendeu ano passado comprando outro aparelho que também passará por perícia. 

Mãe denunciou professor

No dia 28 de outubro de 2022, a mãe de uma das vítimas procurou a delegacia após os relatos de abuso. Depois de chegar em casa triste, a criança contou que o professor de inglês teria segurado pelo braço e tentado puxá-la para dentro de uma sala vazia.

Além disso, a criança disse que o professor passava a mão em suas partes íntimas depois das aulas e o presenteava com frequência. O menino, de 9 anos, também contou para a mãe que o mesmo acontecia com outros colegas.

Já em 11 de novembro, a mãe de outro aluno esteve na DEPCA para fazer o mesmo relato. Segundo ela, após ser alertada pela mãe da outra criança, questionou seu filho que disse que o professor passava a mão pelo corpo dele, sempre após as aulas de inglês.

As duas vítimas citadas têm a mesma idade. Os casos foram registrados como estupro de vulnerável.

Professor afastado

Na época da descoberta do crime, a Semed (Secretaria Municipal de Educação) afastou o professor da Rede Municipal de Ensino após ter conhecimento do caso. E emitiu nota sobre o caso.

“Cumpre esclarecer que o caso já é de conhecimento da escola e da Semed e todas as medidas foram tomadas para o atendimento socioemocional e psicológico dos alunos e das famílias. A unidade escolar e a Semed estão dando o suporte necessário para garantir o bem estar dos alunos e seus familiares. A Semed não tolera qualquer tipo de violência dentro e fora do ambiente escolar”.