A Polícia Civil investiga um suposto caso de extorsão envolvendo crianças, facção criminosa e sequestro, após denúncia feita por um homem, de 46 anos, na manhã desta terça-feira (4). A história, digna de cinema, fez a vítima procurar a delegacia após ter pago R$ 15 mil, e teve início em 2019, quando ele teria se relacionado com uma mulher em Campo Grande. O suposto filho da vítima com esta mulher teria sido sequestrado na cidade de Amambai, a 351 quilômetros da Capital.

Conforme informações do boletim de ocorrência, registrado em Dourados, a 225 quilômetros da Capital, a vítima seria proprietário de imóveis em Campo Grande e teria alugado um deles para duas mulheres, no ano de 2019. Entretanto, as locatárias rescindiram o aluguel no ano seguinte, em 2020.

Após alguns meses, a vítima recebeu uma das antigas locatárias em sua residência, pois ela teria pedido dinheiro emprestado para iniciar um negócio. Posteriormente, os dois teriam mantido relações sexuais e, três meses depois, ele teria recebido uma ligação da mulher dizendo que estava grávida.

Os dois abriram um restaurante localizado no Bairro Paulo Coelho Machado, sendo que a vítima investiu R$ 50 mil no empreendimento, mas relatou que nunca chegou a ir até o local, já que a companheira dizia que sua mãe não aceitava a gestação e não queria ele no restaurante.

Com o início da pandemia de Covid-19, o restaurante fechou o atendimento presencial e os dois contrataram um moto entregador para atender aos pedidos por delivery. A mulher teria dito que suspeitava que o funcionário estaria desviando dinheiro do restaurante, que teve o movimento diminuído até fechar.

Segundo relatado pela vítima na Polícia Civil, a companheira teria dito que o entregador teria entrado para uma facção criminosa, matado o próprio pai, comprado um veículo para a facção e morto com mais de 20 tiros de pistola. Ainda segundo a mulher, a mãe do moto entregador também teria sido assassinado tempos depois.

Após a suposta morte do funcionário, a mulher alegou a vítima que mudaria para Barretos, em São Paulo, mas no caminho teriam sido sequestrados por dois bandidos que teriam pedido R$ 15 mil pelo resgate. Posteriormente, o filho dos dois teria ficado doente e passou a morar em Minas Gerias com a avó.

A mulher afirmou que faria um curso de corretora e retornou à Campo Grande. Segundo a vítima, ela teria dito que o filho teria ficado internado e o hospital estaria cobrando a dívida de R$ 300 mil. A vítima afirmou que não possuía o valor, mas que poderia vender dois terrenos, tendo assinado a escritura de venda no cartório de um no valor de R$ 300 mil e outro no valor de R$ 250 mil.

A vítima alegou que foi até um dos terrenos e notou uma placa de vende-se de um corretor que tinha o mesmo nome do corretor conhecido da companheira.  Esta, por sua vez, afirmou que teria sido ameaçada novamente e que “bandidos estariam tentando extorqui-la, mesmo após a morte do moto entregador”. A vítima pediu para que a sogra e o filho se mudassem para Dourados, para segurança.

Posteriormente, o corretor teria entrado em contato com a vítima dizendo que os filhos dos dois e a sogra da vítima teriam sido sequestrados, levados inicialmente para o Paraguai e, após o corretor conseguir negociar, levados para Amambai.

O corretor teria dito que a sogra e o filho da vítima teriam sido pegos em Dourados e a filha dele em Campo Grande, mas que o resgate seria de R$ 100 mil mas que para os supostos sequestradores não mais o incomodarem, o valor seria de R$ 400 mil.

O corretor ainda teria pedido para que a vítima pagasse valor menores, para pagamento de comida e aluguel do local do sequestro. A vítima relatou já ter feito transferência de R$ 15 mil, mas que o corretor não revelou onde seria o cativeiro.

Equipe do Garras (Delegacia Especializada em Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros) foi acionada para as investigações. O caso foi registrado como extorsão mediante sequestro na delegacia de Dourados.