Academia de ginástica e sala de informática: Major Carvalho está em prisão ‘resort’ na Bélgica
Ex-oficial da PMMS, ‘Escobar Brasileiro’ está preso desde 2022 em penitenciária com instalações modernas
Mirian Machado –
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Preso na Bélgica desde junho deste ano, Sérgio Roberto de Carvalho, 64, o Major Carvalho, ex-major da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, está custodiado na prisão de Haren, localizada em Bruxelas, na Bélgica. Conhecido como ‘Escobar Brasileiro’, Carvalho é considerado um dos maiores narcotraficantes do mundo.
Segundo a coluna de Josmar Jozino, do Uol, o lugar é chamado de ‘resort’ por oferecer instalações modernas e tecnológicas, salas de informática, academia de ginástica, áreas de caminhada, bibliotecas, departamentos médicos e tratamento humano aos presos da unidade.
A penitenciária foi inaugurada em setembro de 2022. Haren é a maior da Bélgica, tem 19 edifícios e capacidade para 1.190 detentos. Os prédios foram construídos em torno de uma praça central. Parte deles é destinada aos reclusos. Os pavilhões habitacionais recebem grupos de 10 a 35 presos.
O recém-chegado é mantido em observação por um período, posteriormente, é colocado em uma ala apropriada ao seu perfil. As celas têm espaço em que é possível ver a sala de monitoramento, onde ficam os agentes penitenciários. A prisão dispõe também de lavanderia e salas de aula.
A prisão foi concebida como uma aldeia e tem:
- Uma “prefeitura” com localização central que inclui a área de recepção e visitantes, um pavilhão desportivo, a recepção e o tribunal de execução de sentenças.
- Um centro de detenção provisória para homens.
- Uma prisão masculina.
- Uma prisão fechada para mulheres para 100 presidiárias distribuídas em três blocos de celas (um dos quais inclui cinco celas materno-infantis e tem um playground interno e externo).
- Uma prisão aberta para mulheres para 60 presidiárias distribuídas em seis celas (as presidiárias preparam refeições para si mesmas e vivem de forma mais independente do que na prisão fechada; há uma cela para mães e filhos).
- Uma instituição de observação.
- Uma enfermaria psiquiátrica e centro médico.
- Oficinas.
‘Escobar brasileiro’
Major Carvalho, conhecido na Europa como “Escobar brasileiro” e apontado como um dos maiores narcotraficantes do mundo, foi considerado um dos criminosos mais procurados do mundo. Ele foi preso em 21 de junho de 2022 em um hotel de luxo em Budapeste, na Hungria. Em junho deste ano, o “Escobar brasileiro” foi deportado para a Bélgica sob forte aparato policial.
O governo brasileiro chegou a pedir a extradição dele. Mas, se depender da vontade do narcotraficante, ele jamais trocará Haren, em Bruxelas, por Mato Grosso do Sul, por exemplo, onde as prisões foram chamadas de pocilga por deputados da CPI do Sistema Carcerário em 2008.
Investigações da Polícia Federal do Brasil apontaram que o narcotraficante liderava uma organização criminosa responsável pelo envio de 45 toneladas de cocaína para a Europa. Os agentes apuraram que a quadrilha comandada pelo brasileiro movimentou R$ 2,25 bilhões.
O colunista tentou contato com o escritório de advocacia que representa o Major Carvalho, em São Paulo, na quarta (27) e quinta-feira (28), mas não obteve retorno.
Antes da inauguração da penitenciária Haren, ao menos 55 juízes, de forma voluntária, ficaram dois dias encarcerados na penitenciária para saber como é a realidade do preso. Para o Ministério da Justiça belga, a experiência objetivava “ajudar os magistrados a proferir sentenças com pleno conhecimento dos fatos”.
Os juízes cumpriram ordens e instruções dos funcionários da penitenciária. A medida visava tornar o encarceramento dos magistrados o mais realista possível. Eles comeram as mesmas refeições e realizaram as mesmas atividades obrigatórias dos presos, como serviços na cozinha e lavanderia.
Conforme a administração do presídio, os magistrados foram tratados como detidos e não puderam usar telefone celular, mas tiveram a oportunidade de receber visitas e experimentaram o que é a privação da liberdade. As luzes da unidade prisional foram apagadas às 22h.
A penitenciária abriga homens e mulheres. As mães reclusas têm permissão para ficar com os filhos de até três anos. As visitas sem supervisão são diárias, entre 10h15 e 13h15 e das 16h até 19h. As visitas infantis acontecem às quartas, sábados e domingos.
Os advogados podem conversar com os clientes diariamente, entre 7h e 20h30. Os presos têm direito de receber dinheiro de uma pessoa de fora da prisão, por transferência, cheque ou ordem de pagamento. A transação é feita na conta bancária da unidade.
Segundo autoridades da Administração Penitenciária da Bélgica, o preso pode gastar quanto quiser na cantina da prisão, desde que tenha dinheiro suficiente. Há rumores de que a pensão mensal recebida pelo “Escobar brasileiro” gira em torno de 6 mil euros.
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