‘Patroa do 33’: Ex-líder do PCC em MS preso em SP foi investigado pelo Gaeco junto com a esposa
Quebra de sigilo telefônico identificou que casal atuava a mando do PCC fora dos presídios
Danielle Errobidarte –
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O líder do PCC (Primeiro Comando da Capital) Andrei Silva Prates, vulgo ‘Irmão Pedrinho’, preso na quarta-feira (14) durante operação da Polícia Civil de São Paulo, atuava como ‘Geral da Capital’, responsável pelo controle das atividades da facção em Campo Grande. Enquanto estava em Mato Grosso do Sul, ainda no ano de 2017, ele e a esposa Sthefany Stron foram alvos do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). Ela era conhecida como ‘Patroa do 33’, em referência ao relacionamento que tinha com ‘Pedrinho’.
Conforme consta na denúncia inicial do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), foi instaurada no dia 1º de dezembro de 2017 uma investigação do Gaeco para apurar lideranças do PCC que coordenavam os crimes praticados por membros da facção de dentro dos presídios. Foi deferido quebra de sigilo telefônico de Andrei e dos outros investigados.
Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão nos endereços dos investigados e em celas dos presídios que eles estavam. Ao final das investigações, foram identificados 48 integrantes da facção, incluindo Andrei.
Dentre os 48, Andrei foi denunciado junto a oito lideranças. Segundo a denúncia, eles “foram divididos em grupos a partir da sua proximidade de atuação na organização criminosa”.
Na denúncia contra Andrei, ele é apontado como ‘Geral da Capital’, cargo responsável por comandar as atividades do PCC em Campo Grande fora dos presídios, centralizando os assuntos envolvendo a facção, segundo o MPMS. A esposa de Andrei também foi denunciada junto a ele no mesmo processo.
“A identificação e a posição de Andrei Silva Prates na organização criminosa foram obtidas a partir da interceptação de conversas telefônicas mantidas por ele e sua esposa, Sthefany Stron, a qual se identifica junto a seus pares pelo codinome Lari”, diz a denúncia.
Em uma das conversas interceptadas, Andrei comenta com outro membro sobre seu ‘cargo’ de Geral da Capital e que “mantém ‘biqueiras’ – ponto de venda de drogas -, pratica roubos com armas e mata pessoas ligadas ao Comando Vermelho, facção rival”.
Já a companheira de Andrei à época, Sthefany foi identificada a partir de conversas que ela mesmo fez no número de telefone de Andrei. Em uma delas, ela é chamada de ‘madrinha’ e ‘patroa do 33’ ao afirmar que é casada com Pedrinho.
‘Caiu na estrada’
Em uma das conversas com outra integrante da facção, Sthefany afirma que “está pedida porque caiu na estrada”, ou seja, presa em flagrante em uma rodovia. Segundo a denúncia, ela foi presa por tráfico de drogas quando transportava oito tabletes de maconha em um ônibus que fazia a linha Porto Murtinho – Campo Grande.
A quebra de sigilo telefônico também identificou Sthefany como participante de uma conferência virtual com outros membros da facção, que tratavam sobre armas de fogo a serem utilizadas em roubos.
Quando interrogados em Juízo, Andrey afirmou que conhecia ‘Lari’ mas negou que tivessem um relacionamento amoroso. Já ‘Lari’ afirmou que não conhecia Andrei. Os dois também negaram terem ‘vulgos’ e serem membros da facção.
Em outubro de 2020 Andrei foi condenado a sete anos e seis meses de prisão em regime fechado, enquanto Sthefany foi condenada a cinco anos e três meses. Apesar das defesas terem recorrido, a sentença foi mantida.
‘Remanejado’ para SP
Andrei Silva Prates, vulgo “Irmão Pedrinho”, foi preso durante operação da Polícia Civil de São Paulo nessa quarta-feira (14), acusado de ser o “gerente” do PCC (Primeiro Comando da Capital) do tráfico de drogas da região de Itaquera, zona leste. Irmão Pedrinho teria sido remanejado de Mato Grosso do Sul e chegou a ser um dos líderes do PCC no Estado.
Os policiais apreenderam mais de 2,4 mil porções de maconha, cocaína e crack em três imóveis ligados a Pedrinho, conforme noticiado pelo Estadão. Também foi cumprido mandado de prisão temporária contra ele, de 30 dias, segundo o delegado Luiz Tomani, titular da 7ª Delegacia Seccional.
Ainda conforme o delegado, Pedrinho começou a atuar em São Paulo após ter sido alvo de operações em MS. Conforme a polícia civil do estado vizinho, ele foi preso ao menos três vezes nos últimos 10 anos por roubo de caminhões e conseguiu fugir em duas delas, além de ter sido condenado a sete anos de prisão por associação criminosa.
O ex-líder do PCC teria sido mandado para Itaquera no ano passado, depois de ter conseguido ir para o regime aberto. “No MS ele era do alto escalão do PCC, chamado de ‘Sintonia Final’, mas depois de ser um dos alvos de uma operação do Gaeco, acabou vindo para são Paulo”, afirma Romani.
‘Atuação modesta’
Já em São Paulo, o delegado afirma que Pedrinho passou a ter “uma atuação mais modesta” dentro da facção criminosa. “Ele ficou responsável pelo tráfico na região de Itaquera. Comandava até entregas para a região central, um dos pontos de abastecimento seria a Cracolândia”, afirma Romani.
As investigação que terminaram com a prisão de Pedrinho começaram em fevereiro, após três outros alvos da Polícia Civil terem sido presos em bocas de fumo e apontarem Pedrinho como fornecedor. Os endereços alvos dos mandados de busca e apreensão cumpridos na quarta-feira (14) ficavam em Itaquera e no Parque do Carmo.
“Um deles o Pedrinho usava de ‘casa-bomba’. Ou seja, ele recebia a droga, ali era embalada e, depois, ela era distribuída nas biqueiras”, disse o delegado.
No total foram apreendidas 2,4 mil porções de droga durante a operação, sendo 1,2 mil de maconha, 911 de cocaína e 311 de “crack”, com valor de cerca de R$ 25 mil.
Ainda conforme o Estadão, o TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo) informou que o somatório das penas de Pedrinho é de 13 anos e 20 dias em regime fechado. “Ele começou a cumprir pena, em regime fechado, em presídio de Dourados (MS). O preso fugiu em duas ocasiões. Na segunda, em 2019, foi preso em flagrante em São Paulo, julgado e condenado”, afirmou o órgão, em nota.
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