Durante todo o ano de 2022 foram apreendidas 1.368 armas em Mato Grosso do Sul, sendo este o menor número de apreensões nos últimos cinco anos, de acordo com dados da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública).

Segundo Antônio Carlos Videira, secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, a redução nos números de apreensões se deve a desburocratização na aquisição de armas legais.

Revólver e pistola são os tipos de armamentos que lideram as apreensões, conforme tabela abaixo. Na sequência estão as espingardas, carabinas, rifles e fuzil.

“Além disso, o trabalho das forças estaduais de segurança pública também auxilia, uma vez que essas armas são utilizadas em crimes como roubos a comércios e em vias urbanas, que tiveram significativa redução nos últimos anos”, explica o secretário.

Entre as apreensões de armas de uso restrito, os dados divulgados são apenas de 2021 e 2022, com redução mínima, de apenas 3 armas. Ao todo, no último foram 195 armas de uso restrito apreendidas em MS. Campo Grande lidera o número de apreensões em MS, seguida de Ponta Porã e Dourados, respectivamente.

Caso marcante

Para o responsável pela Sejusp, Antônio Carlos Videira, as apreensões de armas realizadas dentro das fases da Operação Ormetá foram as mais marcantes. A primeira fase da operação foi deflagrada em setembro de 2019, para desarticular organização criminosa ligada a execuções em Campo Grande.

A ação foi desencadeada pelo Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Bancos, Assaltos e Sequestros) e Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público Estadual.

Suspeitos de chefiarem uma milícia armada em Campo Grande e em Ponta Porã foram presos durante a operação, além da apreensão de centenas de armamentos e munições.

Centenas de armas foram apreendidas durante Operação Omertá (Foto: Divulgação)

Armas fora de circulação

Para o doutorando em Ciências Sociais, Daniel Attianesi, o ponto central na importância da retirada de armas de circulação é que estudos já comprovaram que a tese armamentista de “Mais Armas, Menos Crimes” é falsa.

“As pesquisas no Brasil têm demonstrado no geral o movimento contrário, onde temos que o aumento do número de armas na mão de civis está correlacionado com o aumento de crimes e/ou violência. Sobretudo isso se mostra em casos de violência no trânsito e feminicídios”, explica.

Entre exemplos, Daniel cita o caso do roubo da arma do ex-presidente Bolsonaro, em 1995, assim como os inúmeros casos de policiais militares, que são treinados para confronto, onde o porte da arma não impediu a atuação criminosa contra eles, “ou até mesmo chegou a potencializar o risco para os mesmos, para o perpetuador do delito e até mesmo para terceiros”, explica.

Em dezembro de 2022, 64 armas e 685 munições foram apreendidas em Bonito (Foto: Divulgação)

“Assim, a diminuição da circulação de armas e sua apreensão se mostra como uma forma eficiente da diminuição desses riscos, além de uma forma de combate ao crime e violência”, finaliza Daniel.

Para Antônio Carlos Videira, prevenir crimes contra a vida e o patrimônio também é a principal importância para a retirada das armas. “Uma vez que as armas ilegais tiradas de circulação são em sua maioria instrumentos desses crimes”, disse o secretário da Sejusp.

Denúncias

A população pode ajudar a aumentar o número de armas apreendidas efetuando denúncias. “Por telefone através de nossos canais de denúncias como o 190 e o 181 ou ainda pessoalmente em qualquer unidade policial, assim que tomar conhecimento da existência de pessoas que possuem armas ilegais ou que cometeram algum tipo de crime”, finaliza Videira.

Armas apreendidas em MS (Foto: Divulgação)