‘Nem sabia dirigir’: Amigos se despedem de Lucas e questionam versão de PF sobre roubo de SW4

Família e amigos querem imagens das câmeras de segurança da região onde o jovem foi morto, no Centro de Campo Grande

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Corpo de Lucas é velado nesta terça-feira – Foto: Nathalia Alcântara/Midiamax

Na tarde desta terça-feira (21), familiares e amigos se despedem de Lucas Arruda, de 19 anos, morto a tiro por um policial federal na noite do último sábado (18). “Nem sabia dirigir”, comentam amigos sobre a alegação de que Lucas tentaria roubar a SW4 do agente.

Durante o velório, a mãe e irmã de Lucas estavam muito abaladas e preferiram não falar com a imprensa. Já alguns amigos contaram que ainda tentam entender o que aconteceu.

Eles aguardam por imagens de câmeras de segurança da região, que possam esclarecer o ocorrido. Isso, porque não acreditam que Lucas tentaria assaltar a família.

“Ele nem sabia dirigir, como ia roubar uma caminhonete”, comentou um amigo. Além disso, também foi relatado que Lucas não portava faca ou arma de fogo naquela noite. “Como iria roubar?”, questionaram.

Adriane dos Santos, de 31 anos, é amiga de Lucas há 12 anos. Ela contou que o jovem era muito querido e que em 3 horas os amigos conseguiram juntar dinheiro em uma vaquinha para o velório.

Amiga fala sobre Lucas – Foto: Nathalia Alcântara/Midiamax

“O policial teria visto que não estava armado. Por que não imobilizou, deu tiro na perna ou voz de prisão?”, questionou a amiga. “Ele atirou para matar”, afirmou. Lucas foi atingido por um tiro no tórax, segundo informações da polícia.

Tamiris Souza, de 21 anos, é namorada do melhor amigo de Lucas. Ela contou que eles se conhecem há 10 anos e que o jovem era muito querido pelo casal.

“Como o policial fala que entendeu que era um roubo e já mata?”, questionou. Ela ainda disse que coloca a mão no fogo por Lucas, afirmando que ele não teria tentado assaltar a família do policial.

“Ele morreu como bandido, mas não é”, disse o amigo Diogo Teixeira. Ele ainda chegou a contar que até esperaria isso de outros amigos da turma, mas nunca de Lucas.

“Não tinha nem coragem de xingar alguém”, relatou Jean Carlos, de 24 anos, com quem Lucas morou por algum tempo. “Ele sempre tentava resolver os problemas”, relatou ainda o amigo.

Policial federal disse acreditar que era um roubo

O agente federal foi ouvido pela Polícia Civil após os fatos. Ele teria dito que entendeu que se tratava de um roubo e, por isso, atirou.

Ainda conforme o boletim de ocorrência, o agente estava com a esposa na SW4. Então, o casal foi até o buffet infantil para buscar as duas filhas, por volta das 22 horas do sábado.

Quando a esposa do policial federal voltava para o carro com as filhas, Lucas, que estava com uma camiseta branca enrolada no rosto, teria tentado abordar mãe e filhas.

Também segundo relato do policial, Lucas estaria em atitude agressiva. Ainda assim, a mulher conseguiu colocar as meninas dentro do carro.

Neste momento, Lucas teria dado a volta no veículo e aberto bruscamente a porta do motorista do carro. Então, o policial que estava com a arma funcional atirou no tórax do rapaz.

Após ser ferido, Lucas percorreu a Rua Maracaju indo até a Rua Arthur Jorge, onde caiu. O Corpo de Bombeiros foi acionado e foi tentada reanimação por cerca de 40 minutos, mas Lucas morreu no local.

Segundo o policial federal, ele percebeu que nas imediações havia uma motocicleta que acreditava estar no local para dar apoio a Lucas. O delegado e superintendente regional da Polícia Federal no Estado e delegado da Polícia Civil foram até o local dos fatos.

Foi recolhida a pistola 9mm com 15 munições do policial federal para perícia. Em nota enviada ao Jornal Midiamax, a Polícia Federal disse que “Foram realizados todos os procedimentos legais, no entanto, a PF não vai se manifestar sobre o caso até a sua elucidação”.

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