O MPMS (Ministério Público Estadual) denunciou a avó da menina Sophia Ocampo, que morreu em janeiro deste ano após sofrer diversas agressões e ser estuprada. A mulher será investigada por crimes de omissão e falso testemunho. A mãe e o padrasto da menina estão presos acusados pelo crime. 

A avó de Sophia foi denunciada pelo MP nos casos de omissão na comunicação de crime de violência contra criança e falso testemunho. A avó teria mentido durante o seu depoimento ao dizer que não sabia das agressões sofridas pela neta, mas a gravação de um diálogo entre a avó da criança demonstrou que ela sabia.

Ainda segundo a denúncia, foram juntados documentos de atendimento de Sophia pelo Conselho Tutelar, atendimentos médicos e um TCO registrado no dia 22 de novembro de 2022, quando foi registrado um boletim de ocorrência por maus-tratos.

Por fim, o MPMS pediu pela instauração de procedimento investigatório contra a avó de Sophia Ocampo. O documento foi assinado pelo promotor de Justiça, Wilson Canci Júnior.

No dia em que Sophia morreu, a mãe da criança havia mandado mensagens para a avó da criança dizendo que estava na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) com a filha que estava passando mal.

Quando as médicas atenderam Sophia já perceberam que ela havia sofrido violência sexual e chamaram a avó da menina para mostrar os hematomas na criança. Na época, a mulher disse que a filha não gostava que ela fizesse visitas.

Ainda foi revelado na época, que a avó em conversa com o ex-genro teria falado sobre as agressões sofridas pela neta. 

Audiência do caso Sophia

A 1ª audiência do caso aconteceu no Fórum de Campo Grande, no dia 17 deste mês. Foi a primeira audiência de instrução e julgamento do processo sobre a morte de Sophia Ocampo, ocorrida no dia 27 de janeiro. O advogado de defesa do padrasto da menina – acusado junto à mãe dela de estupro de vulnerável e homicídio – disse que aguarda a conclusão dos laudos periciais para que ele se pronuncie sobre a acusação de estupro.

Na audiência, a mãe da ré, avó de Sophia, disse que a filha teria mudado o comportamento depois que começou a se relacionar com o atual companheiro. Ela afirmou em plenário que reclamava da sujeira de onde eles viviam, e do entra e sai de pessoas estranhas no local. Por isso, ela disse que a filha começou a proibir visitas na casa.

Menina teve 30 atendimentos na UPA

A criança já tinha em seu histórico médico o registro de 30 atendimentos feitos e, em um deles, a menina havia fraturado a tíbia. 

O pai da criança relatou que já tinha registrado dois boletins de ocorrência contra a mãe da menina por maus-tratos. Os registros dos boletins de ocorrência foram no dia 31 de dezembro de 2021 e 22 de novembro de 2022, na DEPCA (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente).

Em depoimento, a mulher disse que tinha medo de denunciar o atual companheiro. Ela ainda alegou que percebia sinais de abuso na criança quando ela voltava da casa do pai, de quem está separada, mas não relatou ter feito denúncia.

Série de abusos e agressões foram reveladas na noite do dia 26 de janeiro deste ano, após a menina de dois anos dar entrada na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Coronel Antonino já sem vida. Assim, mãe e padrasto da criança foram presos.

Para a polícia, a mulher disse que a filha começou a passar mal na noite do dia 25 de janeiro, com dores no estômago e vômito. No entanto, deu remédio para a criança, que teria melhorado.

Já no dia 26, a menina acordou pedindo comida, mas acabou vomitando e relatou novas dores no estômago. Então, à tarde a menina dormiu, acordando pior já por volta das 15h30.

Ainda segundo a mãe, a barriga da criança inchou e ficou dura, quando decidiu levar a filha ao médico. Assim, a mulher alega que a menina começou a ter dificuldades para respirar.

Apesar do trajeto entre a casa e o posto de saúde durar 10 minutos, a médica que atendeu a criança confirmou que a menina já estava morta há pelo menos quatro horas.