Monitoramento, choques, queimaduras, humilhação, agressões de todas as formas possíveis e inimagináveis que alguém possa ser submetido. A adolescente de 17 anos detalha a tortura a que foi submetida pelo namorado, preso na última quinta-feira (19), em uma clínica de reabilitação, em .

Um relato chocante, mas que algumas partes não serão divulgadas pelo Jornal Midiamax em respeito a vítima, que ainda está internada na devido à gravidade dos ferimentos sofridos. Ela deverá ser ouvida novamente na delegacia após receber alta.

A adolescente contou que teve um com o autor que durou pouco mais de um ano, e que teve início em setembro de 2022, mas depois o autor foi internado em uma clínica de reabilitação, já que era usuário de drogas. Neste meio tempo de internação, ela visitava o rapaz uma vez por mês, sendo que entre junho e julho, o autor deixou a clínica por vontade própria. Em setembro deste ano, o casal passou a morar junto. 

Ela disse que o namorado sempre foi muito ciumento e que baixou um aplicativo no celular dela para monitorá-la e, assim, impedir que ela saísse de casa. Ele ainda a teria obrigado a gravar um áudio, onde a adolescente falava que havia mantido relações sexuais com o cunhado e estuprado um sobrinho de 2 anos. Segundo ela, o autor disse que seria uma garantia caso ela o denunciasse à polícia. 

A adolescente foi agredida com socos no rosto e com xingamentos. Ela ainda revelou que o rapaz a colocou debaixo do chuveiro e com fios elétricos deu choque nela. O autor ainda teria urinado dentro de um copo de açaí e feito a adolescente comer. Segundo o relato da garota, o namorado também a teria afogado dentro do vaso sanitário. 

Foram dias de tortura que acabaram em lesões sérias, como cortes com quente nas pernas e nas partes íntimas. A adolescente ainda teria sido queimada com ferro de roupas nas costas. Ela foi agredida na cabeça com um espremedor de alho. O rapaz fazia ameaças, caso ela tentasse deixar a casa.

A adolescente teve os cabelos cortados e foi levada a um cabeleireiro para tentar encobrir o crime.

Prisão do namorado

Segundo a delegada Analu Lacerda, da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), o autor ficou calado em depoimento. Segundo a delegada, no dia em que a adolescente foi resgatada, o namorado teria pedido ajuda a um pedreiro de uma obra para arrombar a porta da casa, já que no lugar havia uma pessoa trancada.

Mas, o pedreiro teria se recusado e o dono da casa, que era alugada, foi chamado ao local, mas a adolescente acabou sendo encontrada por moradores vagando com vários ferimentos pelo corpo. O namorado tentou dissimular os fatos.

Três testemunhas já foram ouvidas e, segundo Analu, os relatos são chocantes. A irmã da vítima em depoimento na delegacia relatou que o relacionamento do casal era conturbado. Segundo a irmã, a adolescente já havia sido agredida outras vezes. A casa em que a vítima foi encontrada havia sido alugada há 3 semanas.

Ainda segundo a delegada, a defesa ficou de apresentar laudos psiquiátricos, já que a linha seria de insanidade mental ou uso de drogas. 

A delegada ainda faz um alerta para que vítimas de violência doméstica façam denúncias e registrem boletins de ocorrência. A adolescente não tinha nenhuma denúncia contra o autor. 

Tortura e cárcere privado

A jovem sofreu espancamentos até ficar desmaiada, teve o corpo queimado com água fervente, ferro de passar roupa, sofreu choques elétricos, teve parte íntima e cabelos cortados com faca, foi obrigada a introduzir objeto também em parte íntima e a tomar remédios controlados até ficar dopada.

Ela relatou que namorou o autor há um ano e que há aproximadamente dois meses moravam juntos. Desde o último dia 10, segundo a jovem, era mantida em cárcere dentro da casa. Ambos não possuem filhos. O motivo de todas as agressões sofridas, segundo a vítima, era por causa de ciúmes do autor, que é dependente químico.

Ela contou à polícia que ele chegou alterado na segunda-feira (16) em casa devido ao uso de entorpecentes, a trancou na residência e começou a agredi-la. Ele esquentou água no fogão e jogou contra a jovem, causando lesão no braço esquerdo e pescoço.

Em seguida, esquentou o ferro de passar roupa e a queimou nas costas da vítima. A adolescente também relatou agressões sofridas como choque elétrico, introdução de objeto em parte íntima, além dos cabelos e da parte íntima cortados com uma faca. Além disso, as agressões físicas terminavam somente quando ela estava desfalecida.

A cada dois dias, a vítima era obrigada a tomar medicamentos que a deixavam dopada. Moradores da região conseguiram contato com um tio do autor que foi à casa, levou a menina para a UPA Moreninhas e acionou a Polícia Militar.