Mato Grosso do Sul registra o menor número de crimes de latrocínio dos últimos 5 anos

Em 2022, o Estado teve a metade dos casos registrados em 2018

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Latrocínio
Foto: Marcos Ermínio/Midiamax

Mato Grosso do Sul registrou em 2022 o menor número dos crimes de latrocínio (roubo seguido de morte) dos últimos cinco anos. Segundo a Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), se compararmos o ano passado com 2018, os dados mostram que as mortes caíram pela metade.

Conforme as estatísticas da Sejusp, em 2018, Mato Grosso do Sul registrou 23 crimes de latrocínio. Em 2019, o número caiu para 13, mas voltou a subir em 2020, quando o Estado registrou 17 roubos seguidos de morte.

Gráfico mostra estatística no número de latrocínio em Mato Grosso do Sul.

Ainda segundo a Sejusp, no ano de 2021, Mato Grosso do Sul registrou mais uma queda no crime, quando o Estado somou 13 mortes. Já 2022 teve o menor número já registrado, totalizando 11 latrocínios.

Gráfico mostra estatística no número de latrocínio em Mato Grosso do Sul.

Campo Grande teve aumento

Apesar do Estado registrar queda no crime, Campo Grande teve um pequeno aumento. Em 2018, a Capital de MS registrou 8 latrocínios, mas no ano seguinte, 2019, o número caiu para 2.

De acordo com a Sejusp, em 2020, o crime voltou a subir na Capital, quando a cidade registrou 7 latrocínios. Em 2021, o número caiu para 5 e subiu novamente no ano passado. De janeiro a dezembro de 2022, Campo Grande totalizou 6 casos registrados.

Gráfico mostra estatística no número de latrocínio em Mato Grosso do Sul.

Latrocínio de grande repercussão

Um dos casos de latrocínio aconteceu em julho do ano passado, quando a pecuarista Andreia Aquino Flores, de 38 anos, foi morta na própria casa, em um condomínio no Bairro Chácara Cachoeira, em Campo Grande.

Lucimara Rosa Nunes, 43 anos, a filha, Jéssica Neves Antunes, 24 anos, e o cunhado Pedro Benhur, 21 anos, respondem pelo crime de latrocínio.

Menos de duas semanas depois do crime, a Polícia Civil concluiu o inquérito sobre a morte da vítima, sendo que os autores já estavam presos. Lucimara, que há mais de 7 anos trabalhava com a família de Andreia, foi indiciada pelo latrocínio junto com a filha e o cunhado.

Conforme relatado pela Derf (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos e Furtos), os três autores agiram com um simulacro de arma de fogo. Eles também usaram uma faca para tentar roubar da vítima R$ 50 mil.

Andreia foi assassinada em julho do ano passado.
Andreia Aquino Flores foi assassinada em julho do ano passado.

Ainda segundo a polícia, o valor seria transferido por PIX para a filha da funcionária de Adriana. Assim, Jéssica sacaria o valor, a pretexto que teria sido obrigada pelos supostos assaltantes e depois o dinheiro seria repartido entre as partes.

Já a funcionária de Andreia, Lucimara, ficaria com R$ 30 mil, enquanto a filha e Pedro ficariam com R$ 10 mil cada. No entanto, o crime acabou saindo do controle dos acusados.

Isso porque Andreia foi morta por asfixia pelo rapaz de 21 anos e após a morte o trio decidiu roubar objetos de valor. Então, foram levados um Macbook, dois iPhones e uma caixa de som JBL, produtos avaliados em aproximadamente R$ 15,5 mil.

Assim, a Derf concluiu que o crime todo foi premeditado, planejado no dia anterior. Momentos antes do latrocínio, a funcionária ainda tirou o cachorro da vítima da casa, deixando o animalzinho em um pet shop, para não dificultar a ação criminosa.

Também durante as investigações, os policiais encontraram na casa de Jéssica, no Bairro Cristo Redentor, duas carcaças dos celulares das vítimas, além de pedaços de fita ‘silver tape’, idênticas às encontradas no local do crime e usadas para amarrar Andreia.

Já nos fundos do imóvel, em um terreno baldio, foram encontradas as carcaças dos celulares da funcionária da pecuarista e da filha. Com o rapaz de 21 anos, que acabou preso em Dourados, foi encontrada a caixa de som, além de roupas, sendo um casaco, uma calça e um boné e também a faca usada no crime.

Foi solicitado exame de DNA para confrontar o material biológico de Andreia e o material colhido do pano encontrado no local do crime. Isso porque a informação é de que o rapaz colocou o pano na boca da vítima, até que ela acabou morrendo asfixiada.

Trio se tornou réu pelo latrocínio

Para a Polícia Civil, a funcionária foi a mentora do crime e teria agenciado a filha e o cunhado. Não foi comprovada a participação da irmã de Adriana nos crimes, apesar do nome ter sido citado pelas autoras após a prisão em flagrante. Ela chegou a ser ouvida na Derf.

Em depoimento, a irmã confirmou que ofereceu dinheiro para a funcionária de Andreia para intermediar um acordo com a pecuarista. Ela pretendia se ajustar com a irmã, já que os advogados de Andreia colocavam óbices nas transações familiares.

Crime aconteceu em julho do ano passado.
Crime aconteceu em um condomínio de luxo da Capital.

Apesar disso, ela negou saber que a funcionária daria um ‘susto’ em Andreia ou mesmo algum tipo de violência. Os três envolvidos foram indiciados por latrocínio, denunciados e se tornaram réus ainda no mês de agosto.

Audiência adiada

No final do mês de novembro de 2022, foi realizada a primeira audiência de instrução de julgamento dos réus pela morte da pecuarista Andreia Aquino Flores. Testemunhas foram ouvidas, mas o interrogatório dos acusados foi adiado.

A audiência foi presidida pelo juiz Waldir Peixoto Barbosa, da 5ª Vara Criminal. No total, 6 testemunhas de acusação foram ouvidas, uma presencialmente e as outras por videoconferência.

O rapaz ouvido presencialmente foi quem vendeu a arma de brinquedo para os réus. Uma das testemunhas faltou e a defesa alegou necessidade de que esta fosse ouvida.

Assim, deve acontecer nova audiência para que a testemunha seja ouvida. Da mesma forma, o interrogatório dos réus vai acontecer em nova data, já que serão os últimos a serem ouvidos.

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