Indígenas denunciam novo ataque em área de conflitos com fazendeiros em Iguatemi

Cimi e lideranças pedem providências das autoridades federais

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Lideranças dizem não confirmar nas forças de segurança de MS (Foto: Marcos Morandi, Midiamax)

Um grupo de indígenas do tekoha Pyelito Kue/Mbaraka’y afirma ter sido atacado por seguranças armados em uma retomada realizada na fazenda Cachoeira, em Iguatemi, na tarde do sábado (16). A denúncia é do Cimi-MS (Conselho Missionário Indigenista de Mato Grosso do Sul)

Segundo informações do Cimi, o ataque teria começado por volta das 15h30. Durante a madrugada um grupo de indígenas da comunidade ocupou uma pequena área de mata no interior da fazenda.

A propriedade possui 2387 hectares e fica totalmente sobreposta à Terra Indígena (TI) Iguatemipegua I, nome oficial do território que compreende os tekoha Pyelito Kue e Mbaraka’y.

A área de mata ocupada por cerca de 30 indígenas, entre homens, mulheres e crianças, é chamada pelos Guarani e Kaiowá de “Tororõ” e corresponde a uma pequena área da fazenda. É uma das poucas áreas do território que não foi desmatada pelos fazendeiros e coberta por pastagens.

Os indígenas pedem apoio e a presença de autoridades federais na região, pois não confiam nas forças de segurança locais. Segundo eles, as forças de segurança estariam dando apoio aos fazendeiros e seguranças privados na região.

“Precisamos que alguma autoridade venha para a região, para proteger a comunidade. É urgente”, relata Kunhã’i, mulher Guarani Nhandeva, cujo nome não indígena foi ocultado por razões de segurança. Ao final da tarde, um grupo de mulheres de Pyelito Kue se preparava para ir até o local da retomada.

As Defensorias Públicas da União (DPU) e do Estado de Mato Grosso do Sul (DPE), assim como o Ministério Público Federal (MPF) e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) já foram acionados.

Jornalista canadense

A retomada e o novo ataque de seguranças armados contra os indígenas ocorrem três semanas após investida contra a comunidade – que acabou resultando em agressões, também, a um jornalista, uma antropóloga e um engenheiro. O caso ganhou repercussão nacional.

No dia 22 de novembro, cerca de quarenta indígenas foram atacados cinco dias após retomarem uma área de mata da Fazenda Maringá. A área possui 425 hectares também totalmente sobrepostos à TI Iguatemipegua I. Depois de ocuparem a sede da fazenda, os indígenas foram alvo de um violento ataque armado.

Em relato registrado em boletim de ocorrência junto à Polícia Civil de Iguatemi (MS), membros da comunidade relatam agressões e ameaças, e contam que quatro integrantes do grupo foram mantidos durante horas em cárcere privado pelos seguranças das fazendas.