A esposa de um dos advogados alvos da Operação Anarque deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado), no dia 5 deste mês, ganhou a liberdade com uso de tornozeleira eletrônica. A organização já teria movimentado cerca de R$ 190 milhões em cinco anos aplicando golpes contra idosos. 

A defesa fez o pedido de liberdade alegando que a assistente social tem dois filhos menores, de 7 e 12 anos, que dependem de seus cuidados. A juíza May Melke Amaral, nessa quinta-feira (6), deferiu o pedido com medidas cautelares, como a prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica.

A assistente social é casada com o advogado morador de Iguatemi. Ele tem atuação, segundo dados do CNA (Cadastro Nacional de Advogados), em Mato Grosso, Bahia, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Roraima, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

O advogado tem três escritórios na cidade. E, segundo informações, a esposa e sócia do advogado também eram alvos do Gaeco. Foram cumpridos mandados em Naviraí, Paranhos, Tacuru, Sete Quedas, Eldorado, Anaurilândia e Chapadão do Sul. Além dos estados da Bahia, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraíba, Paraná e Piauí, sendo todos expedidos pelo Juízo da 4ª Vara Criminal de Competência Residual da comarca de Campo Grande.

Advogados fraudavam empréstimos

Foram identificadas pelo Gaeco duas organizações criminosas lideradas por advogados responsáveis por mais de 70 mil ações judiciais em todas as regiões do país, muitas delas consideradas temerárias pelo Poder Judiciário.

As organizações criminosas agiam obtendo procurações de idosos, deficientes e indígenas para, ao final, ajuizarem múltiplas demandas em nome deles contra instituições financeiras, terminando cerca de 10% dos casos com procedência; quando não são feitos acordos em massa com instituições financeiras.

As investigações revelaram que os crimes, apesar de explorarem pessoas em grave situação de pobreza e vulnerabilidade social, permitiram que líderes das organizações criminosas movimentassem cerca de R$ 190 milhões em menos de cinco anos de atividade.

O cumprimento da ordem judicial, no caso da Paraíba, foi acompanhado por representantes da Comissão de Prerrogativas da OAB.