Delegado detalha investigação e diz que sentença de morte a ex-policial seria por ‘traição’

Matheus teria sido executado ao ser confundido com o pai, que teria uma ‘desarmonia’ com Jamil Name Filho, disse delegado

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Delegado Thiago Macedo durante júri. (Foto: Kísie Ainoã / Midiamax)

O delegado Thiago Macedo, que na época estava lotado no Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros) e atualmente está na superintendência de segurança pública da Sejusp, foi a segunda testemunha a depor, na tarde desta segunda-feira (17), no Tribunal do Júri. Ele relembrou detalhes da investigação do assassinato do Matheus Coutinho, em abril de 2019, por engano.

O alvo dos pistoleiros era o pai de Matheus, Paulo Xavier, o “PX”. O crime teria sido encomendado por Jamil Name e Jamil Name Filho. Macedo também disse que a motivação para o crime seria “traição” de PX e negociações pertinentes à Fazenda Figueira.

Segundo depoimento do delegado, após os crimes, as investigações foram levantadas e confrontadas com PX, que seria a vítima, depois foi feito um apanhado geral e levantamento de outros inquéritos policiais. “Com tudo isso, concluímos que havia desarmonia de Jamil Name, Jamil Name Filho com o sr Antônio Augusto e o sr ‘PX’ envolvendo questões pertinentes da fazenda Figueira, que houve imbróglios jurídicos no passado e o comportamento de PX, por ter passado a trabalhar com o sr Augusto. Então, a motivação seria uma espécie de traição”, disse, informando ainda que em relação à fazenda, são vários imbróglios, situações de arrendamentos e contestação da procuração que poderia resultar em um avalanche jurídico.

O delegado explicou que a relação de PX com os Name iniciou em meados de 2008, quando após sair do Presídio Federal foi procurado por Vlad e apresentado a Jamil Name Filho. PX trabalhava como segurança particular na época. O delegado ainda lembrou de um episódio em 2013 em que PX fazia a segurança de Jamilzinho em um bar que estaria presente e houve desentendimento com Marcelo Colombo.

A relação com a família Name perdurou até meados de 2013, quando passou a prestar trabalhos para Augusto, inclusive era responsável por escalar seguranças para a fazenda.

“Toda a operação Omertà revelou que a família Name, pai e filho, tinham modo peculiar de resolver os problemas, tanto no campo negocial quanto nas relações. Podemos citar a Casa das Armas que foi tomada mediante extorsão. Sempre os devedores eram pressionados com bastante ameaça e bastante temor, muitas vezes as reuniões eram realizadas na própria residência do Jamil Name, na presença de capangas e seguranças. Então, acreditamos que essa rivalidade por conta da mudança de lado e problemas envolvendo a fazenda Figueira se harmonizam muito nos padrões verificado nos acertos de contas que a gente se deparou durante a investigação”, detalhou o delegado.

Execução de Matheus

O crime aconteceu na Rua Antônio Vendas, no Jardim Bela Vista, no dia 9 de abril de 2019. O relato é de que o crime teria ocorrido mediante orientações repassadas por Vlade e Marcelo Rios, a mando de Jamil Name e Jamil Name Filho.

Naquela noite, vários tiros de fuzil AK-47 foram feitos contra Matheus. No entanto, os criminosos acreditavam que dentro da caminhonete estava o pai do jovem, que seria o verdadeiro alvo dos acusados.

Também segundo as investigações, o grupo integrava organização criminosa, com tarefas divididas em núcleos. Então, para o MPMS, Jamil e Jamil Filho constituíam o núcleo de liderança, enquanto Vlade e Marcelo Rios eram homens de confiança, ‘gerentes’ do grupo.

Já Zezinho e Juanil seriam executores, responsáveis pela execução de pessoas a mando das lideranças. Assim, meses depois, os acusados acabaram detidos na Operação Omertà, realizada pelo Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Bancos, Assaltos e Sequestros) e pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial Especial e Combate do Crime Organizado).

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