O ginecologista acusado de assediar pacientes em Campo Grande durante as consultas teve a audiência de instrução e julgamento marcada para março deste ano. O médico teve a primeira denúncia registrada contra ele em 2015.

A audiência foi publicada no Diário da Justiça do dia 18 deste mês, onde está marcada para o dia 31 a audiência por videoconferência. Foi pedido ao MPMS (Ministério Público Estadual) parecer sobre pedido de suspensão do processo, mas como o ginecologista responde a vários outros processos, não faz jus ao benefício. 

Várias denúncias de assédio 

Uma das pacientes assediadas pelo ginecologista contou na época ao Jornal Midiamax, quando foi fazer o registro do boletim de ocorrência, ter ficado traumatizada, precisando tomar medicamentos para ansiedade por causa de uma consulta.

Ela contou que procurou um plano de saúde de uma associação e encontrou na lista um médico para lhe ajudar com as crises de cólicas que vinha sentindo, além do peso excessivo que havia ganhado. Ela disse que quando chegou ao consultório começou a falar dos problemas que vinha sentindo para que o médico pudesse ajudá-la.

O médico, sem nem ao menos examinar a moça, começou a falar para ela que via nela uma pessoa triste porque era gorda, que ninguém iria querer manter relações sexuais com ela, por causa da sua aparência. Ele ainda chegou a dizer para a jovem que ela tinha cara de quem gostava de sexo e ainda a questionou se ela usava camisinha, já que ele não gostava de usar camisinha.

“Eu fiquei em choque, não sabia o que falar para ele”, disse a jovem. Ela ainda tentou puxar a conversa para o lado profissional de seus problemas, mas não teve sucesso. A estudante ainda perguntou se ele não ia pedir exames e que ela queria fazer um ultrassom, mas ele argumentou que ela iria gastar dinheiro à toa, e que o que ela tinha era endometriose, receitando, assim, um anticoncepcional.

Antes da paciente deixar o consultório, o médico teria beijado a sua mão e dito a ela que quando voltasse lá, era para ela estar 10 quilos mais magra e que para isso era só fechar a boca.

Caso veio à tona

O caso veio à tona em agosto de 2020 quando uma paciente denunciou o ginecologista pelo crime de importunação sexual. O caso, teria acontecido no dia 13, mas chegou ao conhecimento da polícia na terça-feira, 18 de agosto de 2020.

O delegado que atendeu ao caso na época, João Reis Belo, da 4ª Delegacia de Polícia Civil, falou sobre a instauração do inquérito. Na época também foi apurado, junto ao CRM-MS (Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul), que o médico não teria punições públicas contra ele. No entanto, não é possível dizer se há algum procedimento ou denúncia instaurados formalmente, já que tais processos correm em sigilo.