Defesa pede liberdade de idosa que esquartejou marido para ‘reservar prisão para os casos graves’

No pedido, defesa alega que mulher é primária e que não há motivos para prisão preventiva. Pede ainda que a liberdade seja sem pagamento de fiança e se necessário, que seja aplicado medida cautelar

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Parte do corpo foi encontrada em mala e plásticos à beira de rodovia | Foto: (Divulgação/PCMS)

Atendida pela defensoria, a idosa de 61 anos que esquartejou o marido Antônio Ricardo Cantarin, de 64 anos, em Selvíria, cidade a 399 km de Campo Grande, fez um pedido de liberdade provisória com aplicação de medidas cautelares, enquanto o Ministério Público pede pela conversão da prisão em preventiva. A decisão do juiz deve sair ainda neste domingo (28) durante audiência de custódia.

A defensoria cita que não há requisitos ensejados da prisão preventiva, diz ainda que a mulher é primária e que não há nenhum motivo que justifique a segregação cautelar.

Cumprido o mandamento da proporcionalidade, que pressupõe a adequação da medida, a medida cautelar deve ser apta aos motivos e fins. Assim, se quaisquer das medidas previstas no artigo 319 do CPP se apresentarem igualmente apta e menos onerosa ao imputado, ela deve ser adotada, reservando a prisão para os casos graves, como ultima ratio do sistema”, diz no pedido.

Deste modo a defesa pede a liberdade sem pagamento de fiança e caso necessário aplicação de medidas cautelares.

Já o MP pediu que a idosa tenha a prisão convertida em preventiva, citando a gravidade do delito, premeditação e malevolência na conduta, que além de matar, esquartejar ocultou o cadáver ‘adotando diversas providências para atingir os fins por ela almejados, seja contando com o auxílio de terceiros para carregar a mala, seja mantendo membros congelados em seu freezer para depois ocultá-los’, diz no processo.

O relato minucioso da ação criminosa evidencia a elevada periculosidade da autuada, cuja brutalidade, dissiumulação e frieza desde os atos preparatórios do crime de homicídio até sua prisão em flagrante justificam a decretação da medida extrema para garantia da ordem pública, oque do contrário exporia a sociedade ao risco do convívio com pessoas que representam risco à comunidade”.

Maltratada e ameaçada

À polícia, a mulher contou que era casada com a vítima há dois anos e que era maltratada por ele, e por isso, teria planejado a sua morte.

Antônio sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral) e tinha dificuldades de locomoção, e segundo a mulher, apesar dos cuidados, o marido, antes de sofrer o AVC não a valorizava e ameaçando e dizendo que ela o roubava. Ela falou que era maltratada por ele.

Ela então se lembrou de quando a irmã quase morreu ao ingerir veneno de rato, e por isso, resolveu dar ao marido, dizendo que era remédio. Ao anoitecer, constatou que o marido já havia morrido e ela cobriu o corpo com um lençol.

Na segunda-feira (22), a mulher disse para os vizinhos que parentes do marido haviam levado ele para tratamento em São José do Rio Preto, em São Paulo.

Preocupada com o corpo que estava em sua residência e já estava cheirando mal, na terça-feira (23) pela manhã, a idosa esquartejou o marido separando o tronco, a cabeça e braços e pernas. Disse ainda que sempre matou porcos e sabia como fazer esse procedimento.

Ela então colocou plástico na cama e usou panos para conter o sangramento.

Ocultação

No dia seguinte, quarta-feira (24), como o cadáver começou a cheirar mal, a mulher colocou o tronco em uma mala preta e o restante em sacos plásticos e armazenou em um freezer.

Como não conseguia carregar a mala com o corpo, a mulher pediu ajuda de dois rapazes, dizendo que na mala havia retalhos de tecidos. Após colocar a mala dentro do carro, a mulher seguiu em direção à rodovia, na saída para Três Lagoas, depois entrou em uma estrada que já conhecia e empurrou a mala da porta do carro e voltou para a cidade.

No outro dia, quinta-feira (25) a mulher não conseguiu se desfazer do restante do corpo, pois o carro havia apresentado problema. Então, na sexta (26), conseguiu deixar as outras partes também na saída para Três Lagoas.

No mesmo dia, a polícia apareceu em sua casa. A princípio ela negou, mas depois de entrar em contradição confessou que matou o marido com veneno de rato e o esquartejou. Indicou e mostrou aos policiais onde estava o restante do corpo.