Defesa de Marcelo Rios desiste de ouvir ex-PM e chefe de milícia no RJ como testemunha
Orlando Curicica está detido no Presídio Federal de Mossoró, onde o réu também cumpre pena
Anna Gomes, Renata Portela –
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Durante o segundo dia de julgamento sobre a morte do estudante Matheus Coutinho Xavier, 20 anos, nesta terça-feira (18), a defesa de Marcelo Rios desistiu de ouvir como testemunha o ex-policial militar Orlando de Oliveira de Araújo.
Conhecido como Orlando Curicica, o ex-policial é apontado como chefe da milícia no Rio de Janeiro. Atualmente, está preso no Presídio Federal de Mossoró (RN). Ele foi condenado a 25 anos de prisão por homicídio triplamente qualificado.
Não foi relatado o motivo pelo qual ele seria ouvido como testemunha, nem o motivo da desistência da defesa. Orlando está detido no mesmo presídio em que Jamil Name Filho, Marcelo Rios e Vladenilson Olmedo estão presos.
Ele foi intimado na última semana e participaria por videoconferência.
Segundo dia de júri
O segundo dia do julgamento de Jamil Name Filho, Vladenilson Olmedo e Marcelo Rios, pela morte de Matheus Coutinho, em abril de 2019, terá peça-chave da Omertà depondo tanto para Name como para Marcelo Rios. O primeiro dia de julgamento teve duração de mais de 9 horas.
Neste segundo dia do júri, considerado histórico, deve depor Eliane Benitez Batalha, a peça-chave da operação desencadeada após o assassinato de Matheus, em 2019, filho do ex-militar Paulo Xavier, conhecido como ‘PX’.
Na época em que Marcelo Rios foi preso com a descoberta da casa das armas, Eliane prestou depoimento no Garras, onde chegou a ficar com os filhos. Ela relatou que o marido na época trabalhava para a família Name, e que estava preocupado com o assassinato por engano de Matheus, já que o alvo era o ‘PX’.
Eliane ainda detalhou que pegou conversas do marido que tinha como missão entregar dinheiro a um delegado para atrasar as investigações de Ilson Figueiredo, morto na Avenida Guaicurus, com vários tiros de fuzil.
O delegado Márcio Shiro Obara era quem estava à frente do caso, já que na época era titular da DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa), que depois passou a ter como titular, o delegado Carlos Delano, que integrou a Força-Tarefa da Omertà.
Para Jamil Name Filho, irão prestar depoimento um advogado, um psiquiatra e Eliane Benitez Batalha. Para Marcelo Rios será Eliane Batalha e para Valdenilson Olmedo, duas testemunhas, entre elas um policial civil.
Como foi o primeiro dia do julgamento
No encerramento do júri desta segunda-feira (17), a rua do lado de fora do Tribunal foi fechada até que a movimentação acabasse. Policiais armados dentro e fora do plenário faziam a segurança de todos.
Entre as testemunhas estão a delegada Daniela Kades, ouvida pela manhã. Já à tarde prestaram depoimentos os delegados Tiago Macedo e Carlos Delano. Depois foi ouvido Paulo Xavier, pai de Matheus e o investigador da Polícia Civil, Giancarlos de Araújo e Silva, que também participou da Operação Omertà.
Em vários momentos durante os depoimentos, os réus ouviram de cabeça baixa. Eles deverão ser interrogados por último, ao final da última testemunha, que somam 16.
Devido à complexidade do caso, que conta com 15 mil páginas de processo e por conta da quantidade de testemunhas, o julgamento deve ser encerrado com resultado apenas na quinta-feira (20).
Durante esse primeiro dia, houve desentendimentos entre defesa dos réus com pelo menos dois delegados que participaram da investigação do caso.
Os depoimentos relembraram a motivação para o crime, que seria uma suposta traição do pai da vítima em relação aos réus.
Bate-boca entre defesa e delegada
A defesa questionou a delegada se Zezinho havia se aproximado de Marcelo Rios antes do assassinato de Matheus, sendo que a delegada disse que havia transferências de Zezinho para Rios, momento em que a defesa questionou em que parte do processo estava, já que não encontravam.
Neste momento, Kades responde: “Senhor tem que ler o processo”. Aí começa um bate-boca, em que a delegada afirma que não tem que passar número de páginas para a defesa, e que precisam ver o processo.
A delegada fala que houve provas por obstrução de Justiça e que os casos estão interligados, o que é contestado pela defesa. Assim, a delegada fala sobre a casa das armas, quando Marcelo Rio foi preso antes da deflagração da Operação da Omertà. Kades ainda fala que a motivação para que o grupo arme a morte de Paulo Xavier seria a mudança de lado do ex-militar.
O juiz Aluízio Pereira também chegou a dar bronca na defesa sobre questionamentos de páginas indagadas para a delegada durante o seu depoimento.
Atrito entre defesa e delegado
Os ânimos voltaram a ficar alterados na tarde. O clima ficou tenso durante o depoimento da segunda testemunha de acusação, delegado da Polícia Civil, Thiago Macedo. As defesas questionam sobre Thiago ter entrado no caso depois que as diligências tiveram início.
O delegado se irritou ao ser questionado pelo advogado de defesa de Marcelo Rios sobre a investigação inicial dos fatos, isso porque o crime aconteceu em abril de 2019, mas Thiago entrou no caso em outubro daquele ano. Ainda em depoimento disse que estudou muito sobre o que se tinha de investigação até o momento.
O delegado foi questionado se no mesmo dia da prisão de Marcelo Rios compareceu um advogado e se outros advogados o entrevistaram também, mas o delegado disse que não se recorda, por já ter anos e cerca de 15 mil páginas de processo.
“Não sei ser tão preciso como o senhor afirma. É o que aconteceu, é o que está relato em documento público. é o relatório de investigação. é o que foi passado nas reuniões da força tarefa pelos colegas que já estavam na época. Eu confio muito nas informações que eles prestaram”, disse.
Depois foi questionado pelo advogado se foi pelo que ele ouviu e então Thiago se irritou com a pergunta e retrucou. Pelo que nós apuramos doutor. Não preciso dizer que o senhor também não presenciou nada. No entanto faz perguntas com base nos autos, com base no que os clientes afirmam, então nesse ponto nos estamos em pé de igualdade”.
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